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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

TEDDY ROOSEVELT E AS DESVENTURAS DO URSO REPUBLICANO


Ele reunia, em si, muitas características do seu país: vitalidade, arrogância, descortesia, desejo de aventuras. Theodore Roosevelt era descendente de holandeses e ingleses. Tinha uma saúde frágil desde a infância, mas foi também herói de guerra e escritor.

Estudou em Harvard, casou-se com a filha de um banqueiro. Foi membro do Partido Republicano eleito para a Assembléia de NY em 1882. Sua esposa morreu ao dar à luz uma filha. Deprimido, retirou-se para sua fazenda, adotando hábitos típicos de cowboys: “Não se pode sonhar com uma vida mais fascinante para um jovem de boa saúde do que a que se consegue levar nesta idade numa fazenda. Além de ser verdadeiramente agradável e saudável, esta vida me ensinou a ser independente, tenaz e a tomar decisões rapidamente”.

Depois disso, voltou a NY, casou-se novamente e escreveu mais três livros.

Em 1898, iniciou-se a Guerra contra a Espanha pelo controle de Cuba. Essa guerra foi praticamente declarada pela imprensa americana, apelando fortemente para o sentimento nacionalista. Roosevelt era nessa época subsecretário da Marinha, pediu baixa para participar do conflito. Alistou-se como voluntário no regimento dos Cavaleiros Impetuosos. Regendo esse grupamento, na Batalha de Santiago, recebeu a fama de herói.

A guerra toda durou menos de três semanas – recebeu o nome de Splendid Little War. Cuba tornou-se um estado independente, porém no âmbito de influência de Washington. A vitória americana também rendeu a assinatura do Tratado de Paris, firmado com a Espanha e permitiu aos EUA anexarem Filipinas, Porto Rico e Guam. O Havaí foi anexado logo após.

Até 1899, os EUA ainda encarnavam o papel de uma potência anticolonialista, que se opunha às políticas típicas das potências européias. Nesse ano, o secretário de Relações Externas americano, John Hay, exigiu que tais potências estrangeiras respeitassem a política de “portas abertas” na China, pela qual era devido aos EUA o mesmo tratamento comercial dado aos demais.

Após a ratificação do Tratado de Paris, no governo William McKinley, os EUA iniciam sua política externa expansionista. O vice de McKinley era Theodore Roosevelt. A encarnação simbólica dessa política externa era a ideia de um destino manifesto. Esta ideia foi criada pelo Partido Democrata, e falava da predestinação dos país a levar sua cultura democrática a todo o continente. Sua inspiração é mais antiga: Doutrina Monroe, de 1823, pela qual o presidente James Monroe exigia que as potências europeias se afastassem do continente. Em contrapartida, os EUA se manteriam distantes da Europa.

É interessante traçar o cenário da época. Em 1890 houve uma enorme crise econômica mundial, que levou países europeus e os EUA a dotarem políticas protecionistas. O acirramento em torno de mercados levou ao aumento do tom belicista. Para completar, os EUA ainda eram uma nação comercialmente fechada, o que os levou ao discurso nacionalista – o que também acontecia em todo o continente europeu. O discurso agressivo exigia uma retaguarda bem armada: a construção de couraçados batizou o complexo militar que só ganharia espaço nas décadas seguintes.

Nos anos após o fim da guerra contra a Espanha, Roosevelt foi chefe de polícia em NY e governador do estado. Chegou a enfrentar esquemas de corrupção que envolviam seu partido. Foi depois dessa experiência que ganhou a nomeação ao cargo de vice-presidente.

Um ano após serem eleitos, McKinley sofreu um atentado e morreu. Aos 42 anos, Teddy Roosevelt tornou-se o presidente mais jovem da história dos EUA.

Na política interna foi defensor da classe média e procurou combater fortemente os monopólios – especialmente Standard Petroleum de Rockfeller, que foi obrigado a cindir sua megacorporação. Na política externa, basicamente lutou por um país militarmente forte.

Sua frase mais conhecida: “Falem baixo e andem com um grande bastão”. A palavra bastão é muito traduzida como porrete em referência ao nome famoso de tal política: Big Stick. Roosevelt dizia que essa frase era, na verdade, um provérbio africano de que gostava.

Olhando-se em retrospectiva, a frase de Roosevelt pode ter dado origem ao país de “duas caras”. Se em dadas ocasiões ele se apresenta como defensor da democracia e da liberdade; por outro agia agressivamente para defender seus interesses.

Roosevelt não poupava palavras para defender o direito de seu país a intervir militarmente quando empresas ou cidadãos americanos tinham seus bens ameaçados por políticas internas de países do continente. O exemplo mais citado é, provavelmente, durante a construção do Canal do Panamá. Em 1903, seu governo fomentou, financiou e apoiou a rebelião do Panamá contra a Colômbia. Os EUA reconheceram a independência do Panamá e pagaram uma compensação bastante modesta em troca do controle de uma zona de 32 km de largura em ambas as margens. O Canal foi inaugurado em 1913. Ao mesmo tempo, transformavam o Caribe e a América Latina em seu quintal.

Acredite! Roosevelt também foi agraciado com um Prêmio Nobel da Paz, em 1906, por sua negociação de pacificação entre Rússia e Japão, após a guerra que terminou com vitória japonesa.

A associação com o urso foi resultado dos ursinhos de pelúcia fabricados em sua homenagem. Dizia-se que, durante uma caçada, recusara-se a matar um pequeno urso ...



Rubem L. de F. Auto  

Fonte: "A história do mundo em 50 frases".

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