Ele reunia, em si, muitas características
do seu país: vitalidade, arrogância, descortesia, desejo de aventuras. Theodore
Roosevelt era descendente de holandeses e ingleses. Tinha uma saúde frágil
desde a infância, mas foi também herói de guerra e escritor.
Estudou em Harvard, casou-se com
a filha de um banqueiro. Foi membro do Partido Republicano eleito para a
Assembléia de NY em 1882. Sua esposa morreu ao dar à luz uma filha. Deprimido,
retirou-se para sua fazenda, adotando hábitos típicos de cowboys: “Não se pode
sonhar com uma vida mais fascinante para um jovem de boa saúde do que a que se
consegue levar nesta idade numa fazenda. Além de ser verdadeiramente agradável
e saudável, esta vida me ensinou a ser independente, tenaz e a tomar decisões
rapidamente”.
Depois disso, voltou a NY,
casou-se novamente e escreveu mais três livros.
Em 1898, iniciou-se a Guerra
contra a Espanha pelo controle de Cuba. Essa guerra foi praticamente declarada
pela imprensa americana, apelando fortemente para o sentimento nacionalista. Roosevelt
era nessa época subsecretário da Marinha, pediu baixa para participar do
conflito. Alistou-se como voluntário no regimento dos Cavaleiros Impetuosos. Regendo
esse grupamento, na Batalha de Santiago, recebeu a fama de herói.
A guerra toda durou menos de três
semanas – recebeu o nome de Splendid Little War. Cuba tornou-se um estado
independente, porém no âmbito de influência de Washington. A vitória americana
também rendeu a assinatura do Tratado de Paris, firmado com a Espanha e permitiu
aos EUA anexarem Filipinas, Porto Rico e Guam. O Havaí foi anexado logo após.
Até 1899, os EUA ainda encarnavam
o papel de uma potência anticolonialista, que se opunha às políticas típicas
das potências européias. Nesse ano, o secretário de Relações Externas
americano, John Hay, exigiu que tais potências estrangeiras respeitassem a
política de “portas abertas” na China, pela qual era devido aos EUA o mesmo
tratamento comercial dado aos demais.
Após a ratificação do Tratado de
Paris, no governo William McKinley, os EUA iniciam sua política externa
expansionista. O vice de McKinley era Theodore Roosevelt. A encarnação
simbólica dessa política externa era a ideia de um destino manifesto. Esta ideia
foi criada pelo Partido Democrata, e falava da predestinação dos país a levar
sua cultura democrática a todo o continente. Sua inspiração é mais antiga:
Doutrina Monroe, de 1823, pela qual o presidente James Monroe exigia que as
potências europeias se afastassem do continente. Em contrapartida, os EUA se
manteriam distantes da Europa.
É interessante traçar o cenário
da época. Em 1890 houve uma enorme crise econômica mundial, que levou países
europeus e os EUA a dotarem políticas protecionistas. O acirramento em torno de
mercados levou ao aumento do tom belicista. Para completar, os EUA ainda eram
uma nação comercialmente fechada, o que os levou ao discurso nacionalista – o que
também acontecia em todo o continente europeu. O discurso agressivo exigia uma
retaguarda bem armada: a construção de couraçados batizou o complexo militar
que só ganharia espaço nas décadas seguintes.
Nos anos após o fim da guerra
contra a Espanha, Roosevelt foi chefe de polícia em NY e governador do estado.
Chegou a enfrentar esquemas de corrupção que envolviam seu partido. Foi depois
dessa experiência que ganhou a nomeação ao cargo de vice-presidente.
Um ano após serem eleitos,
McKinley sofreu um atentado e morreu. Aos 42 anos, Teddy Roosevelt tornou-se o
presidente mais jovem da história dos EUA.
Na política interna foi defensor
da classe média e procurou combater fortemente os monopólios – especialmente
Standard Petroleum de Rockfeller, que foi obrigado a cindir sua megacorporação.
Na política externa, basicamente lutou por um país militarmente forte.
Sua frase mais conhecida: “Falem
baixo e andem com um grande bastão”. A palavra bastão é muito traduzida como
porrete em referência ao nome famoso de tal política: Big Stick. Roosevelt
dizia que essa frase era, na verdade, um provérbio africano de que gostava.
Olhando-se em retrospectiva, a
frase de Roosevelt pode ter dado origem ao país de “duas caras”. Se em dadas
ocasiões ele se apresenta como defensor da democracia e da liberdade; por outro
agia agressivamente para defender seus interesses.
Roosevelt não poupava palavras
para defender o direito de seu país a intervir militarmente quando empresas ou
cidadãos americanos tinham seus bens ameaçados por políticas internas de países
do continente. O exemplo mais citado é, provavelmente, durante a construção do
Canal do Panamá. Em 1903, seu governo fomentou, financiou e apoiou a rebelião
do Panamá contra a Colômbia. Os EUA reconheceram a independência do Panamá e
pagaram uma compensação bastante modesta em troca do controle de uma zona de 32
km de largura em ambas as margens. O Canal foi inaugurado em 1913. Ao mesmo
tempo, transformavam o Caribe e a América Latina em seu quintal.
Acredite! Roosevelt também foi
agraciado com um Prêmio Nobel da Paz, em 1906, por sua negociação de
pacificação entre Rússia e Japão, após a guerra que terminou com vitória
japonesa.
A associação com o urso foi
resultado dos ursinhos de pelúcia fabricados em sua homenagem. Dizia-se que,
durante uma caçada, recusara-se a matar um pequeno urso ...
Rubem L. de F. Auto
Fonte: "A história do mundo em 50 frases".
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