Se uma mulher tiver uma boa relação com seu pai, ela tenderá
a buscar homens parecidos fisicamente com seu pai? Segundo pesquisas mais
recentes, sim.
Foram recrutadas 49 polonesas, todas filhas mais velhas em
suas respectivas famílias. Distribuíram-se formulários que procuravam
qualificar o relacionamento delas com seus pais, como bom ou ruim. Depois,
distribuíram fotos de 15 rapazes, porém com os traços não relacionados ao
rosto, especificamente, obscurecidos. Os rostos foram previamente medidos e analisados
para estabelecer matematicamente a semelhança deles com os rostos dos pais das
garotas.
Resultado: as garotas cujo relacionamento com seus pais foram
qualificados como bons, achavam mais atraentes os jovens cujos rostos eram
parecidos com os dos pais dessas garotas. As garotas com relacionamento rum com
o pai não apresentaram a mesma preferência.
Note-se: os garotos mostraram comportamento semelhante em
pesquisa que relacionava a mãe. Isto é, procuramos pessoas parecidas conosco; e
é evidente que aquela pessoa que possui pelo menos 50% dos genes iguais aos
nossos tende a ser mais parecida conosco que todas as demais.
A explicação biológica e evolucionária é a seguinte:
mamíferos não nascem sabendo de tudo e precisam aprender uma quantidade enorme
de coisas antes de sair por aí caçando e se reproduzindo. O caminho, portanto,
passa pela relação entre os filhotes e seus pais. Nesse momento estabelece-se o
padrão do que é desejável. Esse sistema foi batizado de “imprinting” – é o
mecanismo por meio do qual o cérebro identifica o genitor, cria a identificação
entre os seres, mas estabelece limites que impõem a semelhança como atraente,
mas não a identidade total, evitando o incesto.
A pesquisa científica que identificou esse sistema foi a
seguinte: alguns ratinhos foram criados por mães cujas vaginas e mamas foram
borrifadas com cheiro de limão. Depois de adultos, foram postos em jaulas com
fêmeas com fêmeas com e sem cheiro de limão. A preferência pelas fêmeas com
cheiro de limão foi radicalmente maior.
Os testes em humanos foram realizados em todo o mundo e
comprovaram a mesma coisa. Ressalte-se que a semelhança entre rostos não se
resume aos traços mais perceptíveis. São também importantes: distância entre os
olhos, tamanho dos dedos, espessura dos pulsos etc. O padrão de beleza que
herdamos de nossos pais é um conjunto de características físicas, e assim nós o
percebemos.
Ao realizar um experimento envolvendo o acompanhamento de
crianças israelenses criadas em kibuttzim (fazendas coletivas onde todos os
adultos são considerados responsáveis por todas as crianças, como famílias
estendidas), contaram-se apenas 13 casamentos, entre 2.769 observados,
ocorreram entre pessoas criadas nos mesmos kibuttzim. Isso comprova que a
atração sexual ocorre apenas entre semelhantes. Raramente sentimos atração por
pessoas de fato por parentes muito próximos e familiares.
O mecanismo acima
descrito é importante, pois casamentos consangüíneos tendem a elevar muito o
risco de nascerem crianças com problemas genéticos.
Por fim, por sermos seres complexos e culturalmente
avançados, é impossível deixar diversos outros fatores de fora da equação que
levará à definição do parceiro mais atraente: religião, posição política, nível
educacional e renda contam bastante, claro.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Além de Darwin: o que sabemos sobre a história
da vida ...”
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