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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

CARINHA DO PAPAI E JEITINHO DA MAMÃE: COMO OS PAIS INFLUENCIAM NAS ESCOLHAS SEXUAIS DOS FILHOS


Se uma mulher tiver uma boa relação com seu pai, ela tenderá a buscar homens parecidos fisicamente com seu pai? Segundo pesquisas mais recentes, sim.

Foram recrutadas 49 polonesas, todas filhas mais velhas em suas respectivas famílias. Distribuíram-se formulários que procuravam qualificar o relacionamento delas com seus pais, como bom ou ruim. Depois, distribuíram fotos de 15 rapazes, porém com os traços não relacionados ao rosto, especificamente, obscurecidos. Os rostos foram previamente medidos e analisados para estabelecer matematicamente a semelhança deles com os rostos dos pais das garotas.

Resultado: as garotas cujo relacionamento com seus pais foram qualificados como bons, achavam mais atraentes os jovens cujos rostos eram parecidos com os dos pais dessas garotas. As garotas com relacionamento rum com o pai não apresentaram a mesma preferência.

Note-se: os garotos mostraram comportamento semelhante em pesquisa que relacionava a mãe. Isto é, procuramos pessoas parecidas conosco; e é evidente que aquela pessoa que possui pelo menos 50% dos genes iguais aos nossos tende a ser mais parecida conosco que todas as demais.

A explicação biológica e evolucionária é a seguinte: mamíferos não nascem sabendo de tudo e precisam aprender uma quantidade enorme de coisas antes de sair por aí caçando e se reproduzindo. O caminho, portanto, passa pela relação entre os filhotes e seus pais. Nesse momento estabelece-se o padrão do que é desejável. Esse sistema foi batizado de “imprinting” – é o mecanismo por meio do qual o cérebro identifica o genitor, cria a identificação entre os seres, mas estabelece limites que impõem a semelhança como atraente, mas não a identidade total, evitando o incesto.

A pesquisa científica que identificou esse sistema foi a seguinte: alguns ratinhos foram criados por mães cujas vaginas e mamas foram borrifadas com cheiro de limão. Depois de adultos, foram postos em jaulas com fêmeas com fêmeas com e sem cheiro de limão. A preferência pelas fêmeas com cheiro de limão foi radicalmente maior.

Os testes em humanos foram realizados em todo o mundo e comprovaram a mesma coisa. Ressalte-se que a semelhança entre rostos não se resume aos traços mais perceptíveis. São também importantes: distância entre os olhos, tamanho dos dedos, espessura dos pulsos etc. O padrão de beleza que herdamos de nossos pais é um conjunto de características físicas, e assim nós o percebemos.

Ao realizar um experimento envolvendo o acompanhamento de crianças israelenses criadas em kibuttzim (fazendas coletivas onde todos os adultos são considerados responsáveis por todas as crianças, como famílias estendidas), contaram-se apenas 13 casamentos, entre 2.769 observados, ocorreram entre pessoas criadas nos mesmos kibuttzim. Isso comprova que a atração sexual ocorre apenas entre semelhantes. Raramente sentimos atração por pessoas de fato por parentes muito próximos e familiares.

O mecanismo acima descrito é importante, pois casamentos consangüíneos tendem a elevar muito o risco de nascerem crianças com problemas genéticos.

Por fim, por sermos seres complexos e culturalmente avançados, é impossível deixar diversos outros fatores de fora da equação que levará à definição do parceiro mais atraente: religião, posição política, nível educacional e renda contam bastante, claro.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Além de Darwin: o que sabemos sobre a história da vida ...”

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