Ao analisar a inteligência de
moluscos de muitas pernas – como polvos, lulas, sibas etc. – os pesquisadores
ficaram atônitos. Características que
pareciam completamente dissociadas desses animais, como curiosidade,
maquiavelismo, sinais decorrentes de mudanças na cor da pele, senso de humor
estão não apenas presentes, como podem contar a história da evolução da
inteligência.
Estima-se que humanos e moluscos
se separaram em linhagens distintas entre 1 bilhão e 600 milhões de anos atrás.
Os moluscos possuem pupilas em forma de W, entretanto o funcionamento não é
muito diferente das nossas. Não distinguem cores, mas detectam luz polarizada,
o que os faz mais sensíveis a contraste.
Quanto ao cérebro, a razão ente massa
cerebral e massa corporal é a maior dentre os invertebrados – são órgãos
complexos e possuem rugosidades e dobras, como as nossas. A localização é exótica:
em volta do esôfago, logo abaixo da garganta.
Outra curiosidade. Os moluscos em
geral pertencem à classe dos cefalópodes, pelo fato de possuírem processamento
de informações, normalmente realizada no cérebro, nas pernas (ou tentáculos),
também. Esse mecanismo ajuda na coordenação de tantas pernas. O órgão central
dá indicações gerais do que quer que o membro faça. O membro decide o resto
sozinho.
Sua pele é igualmente fascinante:
a maior parte dos cefalópodes possui órgãos chamados cromatóforos. São milhões
de sacos de pigmento vermelho, amarelo e marrom além de fibras musculares. Ao
se retraírem ou se estenderem, mudam totalmente a cor do molusco. Assim, ele se
passa por uma pedra no fundo mar, por exemplo. Ajuda tanto a se defender como a
atacar.
Dentre os cefalópodes, existem as
sibas, de quem se retira uma tinta usada para produzir corantes de cor sépia.
Ela consegue assumir características totalmente distintas em diferentes partes
do corpo, copiando o fundo sobre o qual se põe.
Entre si, essas cores são usadas
para comunicar o sexo a que pertencem e seu estado emocional momentâneo. Podem
até anunciar informações diversas em lados opostos do corpo: comunica algo aos
machos de um lado e outra coisa às fêmeas, do lado oposto. Alguns têm a capacidade de passar informações
falsas, para enganar outro membro da espécie.
Certamente não é algo óbvio
entender o comportamento de seres cujo comportamento não é exatamente o de um
cachorro ou de um gato. Mas há algo a ser aprendido aí ...
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Além de Darwin: o
que sabemos sobre a vida ...”
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