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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

LULAS E POLVOS: OS EINSTEIN DOS MOLUSCOS


Ao analisar a inteligência de moluscos de muitas pernas – como polvos, lulas, sibas etc. – os pesquisadores ficaram atônitos.  Características que pareciam completamente dissociadas desses animais, como curiosidade, maquiavelismo, sinais decorrentes de mudanças na cor da pele, senso de humor estão não apenas presentes, como podem contar a história da evolução da inteligência.

Estima-se que humanos e moluscos se separaram em linhagens distintas entre 1 bilhão e 600 milhões de anos atrás. Os moluscos possuem pupilas em forma de W, entretanto o funcionamento não é muito diferente das nossas. Não distinguem cores, mas detectam luz polarizada, o que os faz mais sensíveis a contraste.

Quanto ao cérebro, a razão ente massa cerebral e massa corporal é a maior dentre os invertebrados – são órgãos complexos e possuem rugosidades e dobras, como as nossas. A localização é exótica: em volta do esôfago, logo abaixo da garganta.

Outra curiosidade. Os moluscos em geral pertencem à classe dos cefalópodes, pelo fato de possuírem processamento de informações, normalmente realizada no cérebro, nas pernas (ou tentáculos), também. Esse mecanismo ajuda na coordenação de tantas pernas. O órgão central dá indicações gerais do que quer que o membro faça. O membro decide o resto sozinho.

Sua pele é igualmente fascinante: a maior parte dos cefalópodes possui órgãos chamados cromatóforos. São milhões de sacos de pigmento vermelho, amarelo e marrom além de fibras musculares. Ao se retraírem ou se estenderem, mudam totalmente a cor do molusco. Assim, ele se passa por uma pedra no fundo mar, por exemplo. Ajuda tanto a se defender como a atacar.

Dentre os cefalópodes, existem as sibas, de quem se retira uma tinta usada para produzir corantes de cor sépia. Ela consegue assumir características totalmente distintas em diferentes partes do corpo, copiando o fundo sobre o qual se põe.

Entre si, essas cores são usadas para comunicar o sexo a que pertencem e seu estado emocional momentâneo. Podem até anunciar informações diversas em lados opostos do corpo: comunica algo aos machos de um lado e outra coisa às fêmeas, do lado oposto.  Alguns têm a capacidade de passar informações falsas, para enganar outro membro da espécie.

Certamente não é algo óbvio entender o comportamento de seres cujo comportamento não é exatamente o de um cachorro ou de um gato. Mas há algo a ser aprendido aí ...


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Além de Darwin: o que sabemos sobre a vida ...”  

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