Aproveitando-se do conhecimento
dos ventos e das correntes, adquirido durante a colonização das ilhas do
Atlântico, Colombo partiu, no final de 1492, do posto avançado mais ocidental
do mundo europeu: San Sebastián de la Gomera, nas Canárias. Desembarcou nas
Bahamas, em 12 de outubro.
Fez o reconhecimento de Cuba e
Hispaniola, e regressou à Europa, passando pelos Açores. A rota entre Espanha e
Caribe foi traçada nessa viagem.
A segunda viagem de Colombo foi
um empreendimento colonizador: 1.500 europeus chegaram a Hispaniola.
Entre 1498 e 1499 e entre 1502 e
1504, Colombo explorou a costa de Tierra Firme (Colômbia e Venezuela) e da
América Central.
A posse do Caribe foi importante,
por ser a primeira parada da viagem desde a Europa. Era relativamente acolhedor,
colonizável sua população indígena não dispunha de forças militares e era
vulnerável a doenças europeias.
O Caribe forneceu a base
necessária para a partir dela empreender entradas exploratórias no continente.
Cuba já era o principal centro de atividades espanholas no Novo Mundo em 1510.
Também foi encontrado ouro em
Hispaniola. Em 1502, cerca de 1500 espanhóis já estavam na ilha em busca da
nova riqueza. Esse ouro ajudou a financiar as entradas, que futuramente trariam
bem mais ouro, e prata. O rápido esgotamento do ouro das ilhas levou às
expedições no continente. Pioneiros sedentos por ouro empreenderiam um dos mais
sangrentos episódios de conquista da história.
Hernando Cortés foi um dos mais
memoráveis. Entre 1519 e 1521 pôs 11 milhões de astecas sob sua batuta.
Providencialmente, em razão da recente hegemonia conquistada pelos astecas, os
povos vassalos do planalto mexicano forneceram os recursos humanos e o auxílio
necessários para o massacre que Cortés empreendeu.
No entanto, pela escala que
adquiriu, pode-se chamar a conquista de Cortés de primeira Guerra Biológica da
história. A falta de imunidade às doenças do Velho Mundo, no primeiro século
após a conquista, levou 90% da população mexicana: de 11 milhões para pouco
mais de 1 milhão. Difícil de calcular o impacto psicológico que esse episódio
causou.
A busca por ouro também levou à
região de Tierra Firme e ao istomo de Castilla del Oro, atual Panamá.
O passo seguinte foi a investida
em direção aos andes. O Império Inca se estendia do Equador ao norte da
Bolívia. Um sistema tributário baseado em alimentos e metais preciosos sustentava
um exército permanente. Construíram redes de estradas, fortalezas, armazéns,
pontes, sistemas de irrigação, e cidades como Cusco, com população variando
entre 100 mil e 300 mil pessoas.
Pizarro entrou nesse império ao
lado dos seus Homens de Cajamarca (167 homens), em 1532. Essa expedição foi
paga por Gaspar Espinosa, o homem mais rico do Panamá e um dos flibusteiros do
ouro dos ameríndios.
Pizarro e o imperador Inca
Atahualpa, com seu largo séquito, se encontraram em Cajamarca, norte do Peru.
Horas depois Atahualpa estava sequestrado por Pizarro e seu séquito morto. A
cavalaria espanhola ceifou-os absolutamente.
A partir daí, em pouco tempo o
Peru estava sob a coroa espanhola. Os conquistadores ficaram ricos além da
imaginação. Quando o ouro do México parecia estar se esgotando, acharam-se
veios colossais de prata, em Zacatecas e em Potosí, na Bolívia. Ambos os
vice-reinos preenchiam a famosa Carrera das Indias.
A consequência de toda essa
riqueza se refletiu em too o sistema administrativo colonial, nos escravos
importados e na presença da Igreja Católica no continente – catedrais, igrejas,
cemitérios, imagens religiosas e rituais. No final do século XVI, só no México,
a Igreja colocara 3.000 padres entre 1 milhão de ameríndios, e em declínio. Em
1622 havia 34 dioceses na América Espanhola.
No início do século XVII, as
remessas de prata para a Europa começaram a diminuir, pela própria redução da
demanda europeia, haja vista uma pequena recessão econômica que assolou o
continente a partir de 1620, como consequência do abrandamento do crescimento
populacional. A ligação comercial do México com a Ásia Oriental se tornou mais
importante.
Quanto à riqueza ameríndia, em
1531 os conquistadores espanhóis já tinham demolido 600 templos e destruído 20
mil ídolos.
Em meados do século XVII, a
população da Nova Espanha era composta por cerca de: 150 mil espanhóis, 150 mil
mestiços, 130 mil mulatos e 870 mil escravos africanos. Mais um milhão de
ameríndios, mais ou menos. Em toda a América espanhola, os escravos chegavam a
330 mil.
Contudo, o poder político e
econômico se concentrava exclusivamente nas mãos de brancos, nascidos na
Espanha ou “criollos” (nascidos na colônia).
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Ascensão e queda
dos impérios globais”.
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