Um fato interessante, presente em
toda a história mundial, é que países Europeus construíram impérios, muitos
deles globais. Entretanto não tinham recursos humanos suficientes para exercer
pleno domínio dos territórios que conquistava. Para isso, cooptavam pessoas
desses territórios para trabalharem segundo os interesses do império a que se
submetiam.
Soldados, impostos, comerciantes
e mão de obra (entenda-se, escravos) indianos ajudaram a abrir a África
Oriental e grande parte da Ásia para os interesses britânicos. Comerciantes,
mineiros e artesãos chineses abriram a região da Malásia britânica e as Índias
Orientais Holandesas (atual Indonésia).
Uma dificuldade que existe nessas
análises é definir o que é Europa. Seja qual for o critério, o conceito
normalmente se refere ao noroeste do continente. Grã Bretanha, Países Baixos,
norte da França e Alemanha Ocidental estão abarcados no conceito e
estabeleceram o padrão europeu de modernidade econômica e cultural.
A força do noroeste europeu era
contrabalançada pelo peso militar e demográfico do leste. A Europa das nações
(ocidental) olhava com ar de superioridade para a Europa do leste. A
coexistência era problemática e descambava em conflitos, eventualmente. Eram
esses conflitos que limitavam o pleno domínio europeu sobre os restante do
mundo.
Quando a Europa ocidental
tornou-se liberal, a Rússia czarista passou a ser encarada como um “despotismo
asiático”, mais do que uma nação européia liberal – era “demasiado rude e pobre”
para ser um país europeu. De qualquer maneira, tanto a Rússia quanto a Espanha
e o Império Habsburgo eram Estados fronteiriços que desempenharam papel d
vanguarda na expansão européia.
A grande massa de terras que
conforma a Rússia, no interior do continente asiático, estendendo-se até a
Europa, foi objeto do chamado Grande Jogo no século XIX: estratégia das
potências européias de cercarem a Rússia, desde o leste europeu, passando pelo
Cáucaso, até partes da Ásia.
Até o século XIX, o continente
americano era um anexo da Europa, na sua acepção a noroeste. No entanto, já em
meados daquele século, o nordeste dos EUA já era considerado em pé de igualdade
e até uma extensão transatlântica do nordeste europeu. Alguns até chamavam de
Nova Europa. Havia um intenso e inédito fluxo de mercadorias, tecnologias, idéias
e pessoas ente ambos. Entenda-se que era um fluxo de mão única, com cada parte
auxiliando no crescimento do todo. A Velha e a Nova Europa inauguraram o
conceito de Ocidente.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro "Uma breve história do conhecimento"
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