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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

“EURÁSIA + EUA – RÚSSIA = OCIDENTE”


Um fato interessante, presente em toda a história mundial, é que países Europeus construíram impérios, muitos deles globais. Entretanto não tinham recursos humanos suficientes para exercer pleno domínio dos territórios que conquistava. Para isso, cooptavam pessoas desses territórios para trabalharem segundo os interesses do império a que se submetiam.

Soldados, impostos, comerciantes e mão de obra (entenda-se, escravos) indianos ajudaram a abrir a África Oriental e grande parte da Ásia para os interesses britânicos. Comerciantes, mineiros e artesãos chineses abriram a região da Malásia britânica e as Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia).

Uma dificuldade que existe nessas análises é definir o que é Europa. Seja qual for o critério, o conceito normalmente se refere ao noroeste do continente. Grã Bretanha, Países Baixos, norte da França e Alemanha Ocidental estão abarcados no conceito e estabeleceram o padrão europeu de modernidade econômica e cultural.

A força do noroeste europeu era contrabalançada pelo peso militar e demográfico do leste. A Europa das nações (ocidental) olhava com ar de superioridade para a Europa do leste. A coexistência era problemática e descambava em conflitos, eventualmente. Eram esses conflitos que limitavam o pleno domínio europeu sobre os restante do mundo.

Quando a Europa ocidental tornou-se liberal, a Rússia czarista passou a ser encarada como um “despotismo asiático”, mais do que uma nação européia liberal – era “demasiado rude e pobre” para ser um país europeu. De qualquer maneira, tanto a Rússia quanto a Espanha e o Império Habsburgo eram Estados fronteiriços que desempenharam papel d vanguarda na expansão européia.

A grande massa de terras que conforma a Rússia, no interior do continente asiático, estendendo-se até a Europa, foi objeto do chamado Grande Jogo no século XIX: estratégia das potências européias de cercarem a Rússia, desde o leste europeu, passando pelo Cáucaso, até partes da Ásia.


Até o século XIX, o continente americano era um anexo da Europa, na sua acepção a noroeste. No entanto, já em meados daquele século, o nordeste dos EUA já era considerado em pé de igualdade e até uma extensão transatlântica do nordeste europeu. Alguns até chamavam de Nova Europa. Havia um intenso e inédito fluxo de mercadorias, tecnologias, idéias e pessoas ente ambos. Entenda-se que era um fluxo de mão única, com cada parte auxiliando no crescimento do todo. A Velha e a Nova Europa inauguraram o conceito de Ocidente.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro "Uma breve história do conhecimento"

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