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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A HIPÓSTESE GAIA E A SAÚDE DEUSA TERRA


Platão, há séculos, concebia a Terra como um organismo vivo. Essa idéia se encontra bastante em voga atualmente.

O filósofo e paleontólogo Jean Pierre Teilhard de Cardin, na sua famosa obra “O fenômeno humano”, considerava a Terra como um conjunto de esferas concêntricas. A geosfera era a terra sólida e, ao redor desta, encontrava-se a biosfera. Envolvendo essas duas encontrava-se a “noosfera” – derivada da palavra grega “nous”, ou “mente”.

Essa imagem criava a imagem de que todas as mentes de todos os seres humanos na Terra podiam ser reunidas numa única grande inteligência. De acordo com Teilhard, a hominização da Terra acontecia nos nossos tempos e consistia na criação de uma consciência única necessária à unificação crescente do mundo.
A hipótese Gaia foi desenvolvida pelo biólogo e inventor britânico James Lovelock e trouxe a atenção que a hipótese de Teilhard não obteve na época de sua formulação. Aquela difere desta em alguns aspectos, mas com resultados bem semelhantes. Gaia era o nome da deusa Terra grega. A Terra é influenciada pela vida para manter a vida, e o planeta é o núcleo de um sistema vivo único e unificado.

Lovelock chama atenção para as proporções mais ou menos constantes dos gases na atmosfera e do sal nos oceanos. Ele diz que as condições climáticas e químicas da Terra são perfeitas para a vida há centenas de milhões de anos. Ele defende a improbabilidade do acaso ter regido o desenvolvimento da vida.
Os evolucionistas contestam suas teorias. Dizem que Lovelock acredita naquilo que mais lhe apraz. Defendem que um sistema puramente mecânico seria capaz de reger as constâncias observadas por Lovelock. Chamam atenção também para as mudanças catastróficas para a vida ocorridas nos bilhões de anos do planeta.

O fato é que, atualmente, muitos cientistas buscam provar ou refutar a hipótese Gaia. O conceito de uma mente universal traz consigo a necessidade de um conhecimento universal atrelado a tal mente – do contrário não seria uma mente. Por outro lado, nossa mente e nosso conhecimento individuais devem ter consciência de uma mente (e de um conhecimento) que faça parte da noosfera. A esperança dos apoiadores é que esse conhecimento, essa consciência universal, possa nos salvar de eventuais mudanças climáticas que ponham em risco a existência da vida na Terra.

Talvez se aceitarmos nossa estupidez, arrogância e ganância eternas seja o preço a pagar para que haja a manutenção da vida. Afinal, na enorme noosfera que nos circunda reside uma mente que possui o conhecimento que rege a existência da vida no nosso Planeta há alguns bilhões de anos.

Oxalá tenhamos, um dia, consciência de que criamos uma enorme mente que poderá nos salvar de nossas próprias ações inconsequentes.



Rubem L. de F. Auto

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