Platão, há séculos, concebia a Terra
como um organismo vivo. Essa idéia se encontra bastante em voga atualmente.
O filósofo e paleontólogo Jean
Pierre Teilhard de Cardin, na sua famosa obra “O fenômeno humano”, considerava
a Terra como um conjunto de esferas concêntricas. A geosfera era a terra sólida
e, ao redor desta, encontrava-se a biosfera. Envolvendo essas duas
encontrava-se a “noosfera” – derivada da palavra grega “nous”, ou “mente”.
Essa imagem criava a imagem de
que todas as mentes de todos os seres humanos na Terra podiam ser reunidas numa
única grande inteligência. De acordo com Teilhard, a hominização da Terra
acontecia nos nossos tempos e consistia na criação de uma consciência única
necessária à unificação crescente do mundo.
A hipótese Gaia foi desenvolvida
pelo biólogo e inventor britânico James Lovelock e trouxe a atenção que a hipótese
de Teilhard não obteve na época de sua formulação. Aquela difere desta em
alguns aspectos, mas com resultados bem semelhantes. Gaia era o nome da deusa
Terra grega. A Terra é influenciada pela vida para manter a vida, e o planeta é
o núcleo de um sistema vivo único e unificado.
Lovelock chama atenção para as
proporções mais ou menos constantes dos gases na atmosfera e do sal nos
oceanos. Ele diz que as condições climáticas e químicas da Terra são perfeitas
para a vida há centenas de milhões de anos. Ele defende a improbabilidade do
acaso ter regido o desenvolvimento da vida.
Os evolucionistas contestam suas
teorias. Dizem que Lovelock acredita naquilo que mais lhe apraz. Defendem que
um sistema puramente mecânico seria capaz de reger as constâncias observadas
por Lovelock. Chamam atenção também para as mudanças catastróficas para a vida
ocorridas nos bilhões de anos do planeta.
O fato é que, atualmente, muitos
cientistas buscam provar ou refutar a hipótese Gaia. O conceito de uma mente
universal traz consigo a necessidade de um conhecimento universal atrelado a
tal mente – do contrário não seria uma mente. Por outro lado, nossa mente e
nosso conhecimento individuais devem ter consciência de uma mente (e de um
conhecimento) que faça parte da noosfera. A esperança dos apoiadores é que esse
conhecimento, essa consciência universal, possa nos salvar de eventuais
mudanças climáticas que ponham em risco a existência da vida na Terra.
Talvez se aceitarmos nossa
estupidez, arrogância e ganância eternas seja o preço a pagar para que haja a
manutenção da vida. Afinal, na enorme noosfera que nos circunda reside uma mente que possui o conhecimento que rege a existência da vida no nosso Planeta há alguns bilhões de anos.
Oxalá tenhamos, um dia,
consciência de que criamos uma enorme mente que poderá nos salvar de nossas
próprias ações inconsequentes.
Rubem L. de F. Auto
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