A civilização chinesa começou a
tomar forma como um amontoado de cidades-estado no Vale do Rio Amarelo. A
primeira unificação da China ocorreu por volta de 221 a.C., período em que
surgiu o Império. O modelo de governança adotado era semelhante àquele do Egito,
o que permitiu a administração de um grande território.
A fundação da civilização chinesa
se deu com a invenção e posterior imposição de um sistema de escrita, na
Dinastia Qin (pronuncia-se Tchin) e pelo desenvolvimento do confucionismo. Esta
Dinastia foi marcada pela posse do Primeiro Imperador. Após sua morte, foi
extinta e sucedida pela Dinastia Han. Ondas sucessivas de invasores
estrangeiros e sua absorção cultural deu origem à amalgama de onde surgiu a
civilização chinesa.
Como se deu essa história que,
segundo alguns historiadores, antecede os egípcios?
Pode-se retornar até os tempos
pré-históricos da cultura chinesa. Naquela época, a China era habitada por uma
espécie de homo erectus conhecida como homo erectus pekinensis – ou Homem de
Pequim -, que viveu no Pleistoceno (entre 1.806.000 e 11.500 anos atrás). Foi
descoberto em 1923.
Quanto à agricultura, esta nasceu
na China por volta de 6 mil a.C. Quando do seu surgimento, a região era
habitada por um povo de cultura nomeada Peiligang: grupo de comunidades do
Neolítico, na região da Província de Henan, entre 7 mil e 5 mil a.C.
A agricultura na região foi bem
sucedida, levando ao aumento populacional e à especialização de trabalhos por
artesãos. No fim do Neolítico, a região do Vale do Rio Amarelo se tornou um
centro cultural e deu nascimento aos primeiros vilarejos.
O período seguinte ficou
conhecido como a Era dos Cinco Imperadores: foram grandes administradores e
considerados sábios. Um deles entrou para a história com o apelido de Imperador
Amarelo e ancestral do povo chinês.
Até esse ponto a história da
China mistura fatos históricos e um pouco de mitologia. Daqui em diante os
fatos são bem embasados em documentos históricos.
A Dinastia seguinte foi a Xia:
funcionou entre os séculos XXI e XVI a.C. Foi fundada pelo Rei Dayi, herói do
seu povo em razão de sua habilidade para conter as cheias do rio Amarelo. Nessa
Dinastia surgiu a propriedade privada – e a escravidão, na China.
Terminou quando, após uma série
de péssimos administradores, o Reino Shang rebelou-se e venceu. A Dinastia
Shang se Iniciou nmo século XVI a.C. e terminou no século XII a.C. Durante esse
período a forma de Estado se consolida e o instituto da propriedade privada se
fortalece. A idéia de civilização chinesa toma sua forma mais acabada.
A terceira Dinastia chinesa é a
Zhou foi fundada em 1027 a.C. e terminou em 256 a.C., quando foi derrubada pela
Dinastia Qin. Esta última é considerada a primeira Dinastia feudal da China. Os
Zhou estabeleceram a ideia de Mandato do Céu: o líder, conhecido como o filho do
céu governava por direito divino. Se o governante perdesse o trono, perdia o
Mandato divino, subsequentemente. Esse foi o argumento que usaram para
destituir os Shang.
Em decorrência do Mandato do Céu,
os Zhou tomavam status divino, acima dos anteriores. Essa mesma ideia deu
legitimidade aos futuros governantes, também. Os Zhou espalharam a cultura
chinesa pela região do rio Yangtze.
Entre os anos de 770 e 476 a.C.
foi conhecido como período das Primaveras e Outonos: Confúcio escrevera suas
crônicas “Anais das Primaveras e Outonos”. Confúcio teria nascido no final
dessa era. Também nesse período o poder se tornou mais centralizado. Em termos
de desenvolvimento econômico, surgiram ferramentas agrícolas, infraestrutura
hídrica etc.
O período seguinte foi marcado
por disputas incessantes entre diversos reinos: o período dos Estados
Combatentes, que se estendeu de 403 a 221 a.C. A unificação da China ocorreu no
final desse período, pelo citado Primeiro Imperador.
No final das guerras, estabilizaram-se
sete Estados: Qin, Chu, Yan, Han, Zhao, Wei e Qi. O passo seguinte foram
reformas intensas, maior delas foi realizada pelo Estado Qin, chamada de
reforma Shangyang. O imperador mais marcante da Dinastia Qin, que governou o
período seguinte foi Qin Shi Huang Di – no ocidente, seu nome é abreviado para
HungDi. Para alguns, seu nome é a origem da palavra China. Consolidou o
império, mas a um custo humano tão alto que custou-lhe o fim da Dinastia após
sua morte.
O período seguinte foi o da
Dinastia Han: essa foi a Época de Ouro chinesa. Estendeu-se de 206 a.C. a 220
d.C. Foi fundada pelo imperador Gao – ou Liu Bang, e sua capital era em Chang`na.
Pertence a essa Dinastia um dos maiores governantes da história da China Jing
Di.
No ano 8 d.C., o governante Wang
Mang iniciou novo período da Dinastia Han, sendo marcado por florescimento: da
indústria de ateliê, do comércio, da cultura, da arte, das ciências naturais.
Criaram-se fundições, metalurgia, tecelagem. Abriu-se o contato diplomático com
a Ásia ocidental e abriu-se a Rota da Seda.
A Dinastia seguinte foi a dos Han
do Leste: de 25 a 220 d.C. houve a expansão para o Oeste e os contatos
comerciais por meio da Rota da Seda alcançaram o Império Romano.
Essa Dinastia teve um fim com a
invasão do país pelos “homens das estepes”: os mongóis. As lutas e conflitos se
estenderam por 75 anos. Terminou com a extinção da Dinastia dos Han e sua
divisão em três reinos: Wei, Shu e Wu.
O período seguinte foi muito confuso,
chegando a China a ser estraçalhada em centenas de reinos. Contudo, o sul do
país se encontrava bastante desenvolvido. Com isso, grupos do oeste e do norte
migraram em direção ao sul. Nesse período surgiram famosas escolas de
pensamento filosófico: Xuan, budismo e taoísmo. O matemático Zu Chongzi
calculou o “pi” (razão entre circunferência e raio do círculo) até a sétima
casa decimal.
A Dinastia seguinte, Sui, foi
curta e terminou com o enforcamento do imperador.
A
Dinastia seguinte, os Tang, durou 289 anos, iniciada por um período de
florescimento e terminando em decadência. A decadência levou a guerra ... que
terminou com o vitorioso fundando uma nova Dinastia.
Chamava-se Song, essa nova
Dinastia. Foi sucedida pela Dinastia Yuan, fundada por Kublay Khan em 1271,
neto de Gengis Khan, que mudou a Capital para Pequim em 1279. Foi dividida em:
Song do norte e Song do sul. Os Song do Norte fortaleceram o comércio exterior
e as ciências, o que levou à invenção da pólvora, da bússola, a tipografia
(imprensão de livros) e dos primeiros equipamentos de astronomia. Também se
difundiram o budismo, o confucionismo e o taoísmo.
Durante as Dinastias Tang, Song e
Yuan a China era a nação mais próspera da Terra. Nessa era, comerciantes de
todo o mundo procuravam portos chineses para comercializar, diplomatas
visitavam-na frequentemente, o islamismo se popularizou e Marco Polo visitou
também o país, por volta de 1275.
Em 1368 começa a Dinastia Ming,
notabilizada pelos vasos de porcelana. Foi marcada pelo poder feudal e
despótico. Mas também realizaram algumas mudanças. Zhang Juzheng atualizou os
padrões de funcionamento da Administração pública, trouxe progressos para agricultura
e construiu canais, drenou rios e reformou o sistema tributário. Houve avanços
na área têxtil, de porcelana, mineração de ferro, fundição de cobre, fabricação
de papel e na indústria naval. Surgiram sinais de capitalismo.
A decadência seguinte foi marcada
por diversos confrontos co camponeses, por volta de 1627. Chegou ao fim em
1644, com o suicídio do imperador Chongzhen.
A última das Dinastias foram os
Qing. Iniciou-se com os manchus (originários da Manchúria), quando derrotaram
os Ming. Interessante notar que os manchus se espalharam por toda a Ásia a
partir da tomada da China.
Essa Dinastia durou de 1644 a
1911. Seu fim foi belamente retratado no filme “O último imperador”, de
Bernardo Bertolucci. O período seguinte inaugurou o nascimento da República da
China, quando o último imperador chinês, Pu Yi, abdicou do trono.
Aqui termina a história da China
antiga e começa uma nova, que não se sabe bem onde terminará ...
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A extraordinária
história da China”
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