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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

DINASTIAS CHINESAS: UMA LONGA HISTÓRIA


A civilização chinesa começou a tomar forma como um amontoado de cidades-estado no Vale do Rio Amarelo. A primeira unificação da China ocorreu por volta de 221 a.C., período em que surgiu o Império. O modelo de governança adotado era semelhante àquele do Egito, o que permitiu a administração de um grande território.

A fundação da civilização chinesa se deu com a invenção e posterior imposição de um sistema de escrita, na Dinastia Qin (pronuncia-se Tchin) e pelo desenvolvimento do confucionismo. Esta Dinastia foi marcada pela posse do Primeiro Imperador. Após sua morte, foi extinta e sucedida pela Dinastia Han. Ondas sucessivas de invasores estrangeiros e sua absorção cultural deu origem à amalgama de onde surgiu a civilização chinesa.

Como se deu essa história que, segundo alguns historiadores, antecede os egípcios?

Pode-se retornar até os tempos pré-históricos da cultura chinesa. Naquela época, a China era habitada por uma espécie de homo erectus conhecida como homo erectus pekinensis – ou Homem de Pequim -, que viveu no Pleistoceno (entre 1.806.000 e 11.500 anos atrás). Foi descoberto em 1923.

Quanto à agricultura, esta nasceu na China por volta de 6 mil a.C. Quando do seu surgimento, a região era habitada por um povo de cultura nomeada Peiligang: grupo de comunidades do Neolítico, na região da Província de Henan, entre 7 mil e 5 mil a.C.

A agricultura na região foi bem sucedida, levando ao aumento populacional e à especialização de trabalhos por artesãos. No fim do Neolítico, a região do Vale do Rio Amarelo se tornou um centro cultural e deu nascimento aos primeiros vilarejos.

O período seguinte ficou conhecido como a Era dos Cinco Imperadores: foram grandes administradores e considerados sábios. Um deles entrou para a história com o apelido de Imperador Amarelo e ancestral do povo chinês.

Até esse ponto a história da China mistura fatos históricos e um pouco de mitologia. Daqui em diante os fatos são bem embasados em documentos históricos.

A Dinastia seguinte foi a Xia: funcionou entre os séculos XXI e XVI a.C. Foi fundada pelo Rei Dayi, herói do seu povo em razão de sua habilidade para conter as cheias do rio Amarelo. Nessa Dinastia surgiu a propriedade privada – e a escravidão, na China.

Terminou quando, após uma série de péssimos administradores, o Reino Shang rebelou-se e venceu. A Dinastia Shang se Iniciou nmo século XVI a.C. e terminou no século XII a.C. Durante esse período a forma de Estado se consolida e o instituto da propriedade privada se fortalece. A idéia de civilização chinesa toma sua forma mais acabada.

A terceira Dinastia chinesa é a Zhou foi fundada em 1027 a.C. e terminou em 256 a.C., quando foi derrubada pela Dinastia Qin. Esta última é considerada a primeira Dinastia feudal da China. Os Zhou estabeleceram a ideia de Mandato do Céu: o líder, conhecido como o filho do céu governava por direito divino. Se o governante perdesse o trono, perdia o Mandato divino, subsequentemente. Esse foi o argumento que usaram para destituir os Shang.

Em decorrência do Mandato do Céu, os Zhou tomavam status divino, acima dos anteriores. Essa mesma ideia deu legitimidade aos futuros governantes, também. Os Zhou espalharam a cultura chinesa pela região do rio Yangtze.

Entre os anos de 770 e 476 a.C. foi conhecido como período das Primaveras e Outonos: Confúcio escrevera suas crônicas “Anais das Primaveras e Outonos”. Confúcio teria nascido no final dessa era. Também nesse período o poder se tornou mais centralizado. Em termos de desenvolvimento econômico, surgiram ferramentas agrícolas, infraestrutura hídrica etc.

O período seguinte foi marcado por disputas incessantes entre diversos reinos: o período dos Estados Combatentes, que se estendeu de 403 a 221 a.C. A unificação da China ocorreu no final desse período, pelo citado Primeiro Imperador.

No final das guerras, estabilizaram-se sete Estados: Qin, Chu, Yan, Han, Zhao, Wei e Qi. O passo seguinte foram reformas intensas, maior delas foi realizada pelo Estado Qin, chamada de reforma Shangyang. O imperador mais marcante da Dinastia Qin, que governou o período seguinte foi Qin Shi Huang Di – no ocidente, seu nome é abreviado para HungDi. Para alguns, seu nome é a origem da palavra China. Consolidou o império, mas a um custo humano tão alto que custou-lhe o fim da Dinastia após sua morte.

O período seguinte foi o da Dinastia Han: essa foi a Época de Ouro chinesa. Estendeu-se de 206 a.C. a 220 d.C. Foi fundada pelo imperador Gao – ou Liu Bang, e sua capital era em Chang`na. Pertence a essa Dinastia um dos maiores governantes da história da China Jing Di.

No ano 8 d.C., o governante Wang Mang iniciou novo período da Dinastia Han, sendo marcado por florescimento: da indústria de ateliê, do comércio, da cultura, da arte, das ciências naturais. Criaram-se fundições, metalurgia, tecelagem. Abriu-se o contato diplomático com a Ásia ocidental e abriu-se a Rota da Seda.

A Dinastia seguinte foi a dos Han do Leste: de 25 a 220 d.C. houve a expansão para o Oeste e os contatos comerciais por meio da Rota da Seda alcançaram o Império Romano.

Essa Dinastia teve um fim com a invasão do país pelos “homens das estepes”: os mongóis. As lutas e conflitos se estenderam por 75 anos. Terminou com a extinção da Dinastia dos Han e sua divisão em três reinos: Wei, Shu e Wu.

O período seguinte foi muito confuso, chegando a China a ser estraçalhada em centenas de reinos. Contudo, o sul do país se encontrava bastante desenvolvido. Com isso, grupos do oeste e do norte migraram em direção ao sul. Nesse período surgiram famosas escolas de pensamento filosófico: Xuan, budismo e taoísmo. O matemático Zu Chongzi calculou o “pi” (razão entre circunferência e raio do círculo) até a sétima casa decimal.

A Dinastia seguinte, Sui, foi curta e terminou com o enforcamento do imperador.     

A Dinastia seguinte, os Tang, durou 289 anos, iniciada por um período de florescimento e terminando em decadência. A decadência levou a guerra ... que terminou com o vitorioso fundando uma nova Dinastia.

Chamava-se Song, essa nova Dinastia. Foi sucedida pela Dinastia Yuan, fundada por Kublay Khan em 1271, neto de Gengis Khan, que mudou a Capital para Pequim em 1279. Foi dividida em: Song do norte e Song do sul. Os Song do Norte fortaleceram o comércio exterior e as ciências, o que levou à invenção da pólvora, da bússola, a tipografia (imprensão de livros) e dos primeiros equipamentos de astronomia. Também se difundiram o budismo, o confucionismo e o taoísmo.

Durante as Dinastias Tang, Song e Yuan a China era a nação mais próspera da Terra. Nessa era, comerciantes de todo o mundo procuravam portos chineses para comercializar, diplomatas visitavam-na frequentemente, o islamismo se popularizou e Marco Polo visitou também o país, por volta de 1275.  

Em 1368 começa a Dinastia Ming, notabilizada pelos vasos de porcelana. Foi marcada pelo poder feudal e despótico. Mas também realizaram algumas mudanças. Zhang Juzheng atualizou os padrões de funcionamento da Administração pública, trouxe progressos para agricultura e construiu canais, drenou rios e reformou o sistema tributário. Houve avanços na área têxtil, de porcelana, mineração de ferro, fundição de cobre, fabricação de papel e na indústria naval. Surgiram sinais de capitalismo.

A decadência seguinte foi marcada por diversos confrontos co camponeses, por volta de 1627. Chegou ao fim em 1644, com o suicídio do imperador Chongzhen.

A última das Dinastias foram os Qing. Iniciou-se com os manchus (originários da Manchúria), quando derrotaram os Ming. Interessante notar que os manchus se espalharam por toda a Ásia a partir da tomada da China.

Essa Dinastia durou de 1644 a 1911. Seu fim foi belamente retratado no filme “O último imperador”, de Bernardo Bertolucci. O período seguinte inaugurou o nascimento da República da China, quando o último imperador chinês, Pu Yi, abdicou do trono.

Aqui termina a história da China antiga e começa uma nova, que não se sabe bem onde terminará ...


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “A extraordinária história da China”

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