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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

ROLETA RUSSA: O DOMÍNIO DAS ESTEPES E DO GELO PELA ESPARTA ESLAVA


Por volta de 1500, na época do descobrimento da América – e do Brasil, claro -, tem início um processo acelerado se transformação do continente europeu. Normalmente lemos sobre a vertente ocidental desse processo, que envolve a América e o noroeste da Europa. Contudo, houve também a vertente oriental, envolvendo a Eurásia e os seus reflexos sobre a história da Europa.

Em pouco mais d um século, o principado de Moscou se transformou num imenso império. Até 1480, esse principado era um estado tributário da Horda de Ouro mongol. Esta Horda reunia diversos Estados fundados por conquistadores mongóis, que se organizavam em torno de códigos morais e de conduta próprios. No seu avanço em direção ao mar Cáspio, criou um império, financiado por comerciantes de peles do norte, das florestas da Sibéria. Chegou ao Pacífico em 1639.

A Horda do Ouro mongol foi destruída por Tamerlão, no séc. XIV, e se dividiu em: Criméia, Astracã, Kazan e Sibir.

As origens da Rus’ encontram-se nas migrações para leste de povos eslavos em direção às florestas. Na sua expansão, enfrentaram povos nômades, a quem chamavam Tártaros. O primeiro estado Russo tinha sede em Kiev. Esta cidade foi fundada por Vikings, como um entreposto para explorar as rotas comerciais fluviais, que se estendiam de Bizâncio (atual Istambul) aos estados europeus do mar Báltico, passando pelo Oriente Médio.

Com o tempo, Kiev foi contagiada pelo cristianismo ortodoxo dos bizantinos, em oposição aos poloneses e lituanos, que praticavam o catolicismo romano. Grande parte da história russa gira em torno do equilíbrio entre o legado cultural bizantino e a necessidade de absorver os progressos políticos e econômicos da Europa Ocidental.

O primeiro rei totalmente independente da Rússia dói Basílio II de Moscou. Foi sucedido por Ivan III, de 1462 a 1505, que manteve a independência do Estado russo e suas fronteiras resguardadas.

Um dos grandes adversários da expansão dos estados russos era a associação de monarquias entre Polônia e Lituânia, cujos domínios de estendiam entre o Mar Negro e o Mar Báltico. Esses estados passavam por um rápido progresso no século XV. O primeiro livro foi impresso em Cracóvia, em 1423.

A maneira pela qual os russos se consolidaram foi criando um Estado Dinástico, à maneira européia da época. Em 1492, Ivan III proclamou-se Grão-Duque de Moscou e de todas as Rússias. Modificou totalmente a cidade de Moscou, convidando à mesma artesãos, construtores e arquitetos italianos. Reorganizou toda a administração e burocracia estatais. O sucessor Ivan IV, o Terrível, abriu a Rússia a alemães, ingleses e holandeses, que vinham como soldados, comerciantes, colonos e engenheiros. Contudo, as animosidades com o Latinstvo, ou Mundo Latino, permaneciam em relação à Polônia e Lituânia. O século XVI testemunhou uma série de conflitos entre esses atores.

A partir de 1550, a família Stroganoves já tinha construído um império comercial de peles na Sibéria, onde povos indígenas das florestas lhes forneciam o produto. A necessidade de controlar esse comércio levou o estado russo a conquistar toda a Sibéria ocidental, em 1585. A organização monárquica do estado russo o pôs à frente de todos os povos os cercavam, levando à rápida conquista de territórios. Os antigos membros da Horda de Ouro, como Kazan ou Astrakan , tornaram-se protetorados russos, incapazes de reagir diante do poder muito superior da monarquia russa.

Porém, os problemas como seus vizinhos não pararam. Os tártaros invadiram Moscou, em 1592, e incendiaram toda a cidade.

A defesa do Estado exigiu muito esforço. Foram construídas linhas de defesa – uma delas se estendia por mais de 800 km bem guarnecidos – e realizadas alianças – como a que realizaram com a Suécia para vencer a Polônia. Transformaram o exército de camponeses mal armados num exército armado com pólvora, mosquetes e artilharia. No fim do século XVI, a Rússia contava com mais de 100 mil soldados.

A manutenção de um Estado tão extenso foi conseguida apenas pelo instituto da servidão, que usavam para conquistar a lealdade da nobreza. A base da servidão era: autoridade estatal, domínio dos nobres e influência da Igreja Ortodoxa.

A consolidação do Império Russo teve que esperar mais algum tempo. Houve o período de terrorismo interno (a cargo de Ivan, o Terrível) e pelo período de instabilidade política que levou os Romanov ao poder, em 1613. Moscou ainda foi invadida pelos polacos em 1605 e em 1610.
Portanto, ao se analisar o desenvolvimento da Europa, não se pode olvidar a metade oriental de sua expansão.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Ascensão e queda dos impérios globais” 

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