O vírus HIV, causador da síndrome
da AIDS, já vem há muitas décadas preocupando e fazendo vítimas em todo o
mundo. Como uma doença grave e incurável até o momento, já foi apontada até
como provável futura causa de extermínio da humanidade ou outros argumentos com
o mesmo nível d dramaticidade.
Mas o fato é: até o momento, o
HIV não atingiu níveis epidêmicos. Mas não custa fazer um pequeno exercício de
imaginação: e se isso tivesse acontecido?
Sabe-se que uma pequena porcentagem
de pessoas no mundo é imune à doença. Bom, se o cenário catastrófico imaginado
ocorresse, essas pessoas poderiam evoluir numa nova espécie humana. E para
tanto existe apenas uma barreira: a sexual.
Caso uma pessoa imune ao HIV,
porém infectada, tenha um filho com um não portador, haveria uma enorme
probabilidade de que o eventual filho nascesse com a doença. Certamente
morreria logo. Para as pessoas imunes, fazer sexo com pessoas não imunes
poderia levar a humanidade ao extermínio. Lembrando: pessoas imunes que
contraíram a doença num cenário de epidemia planetária de AIDS.
Com o tempo, surgiria um tipo de
especificação que criaria barreiras sexuais intransponíveis entre pessoas
imunes e não imunes. Para completar o cenário: o HIV é um retrovírus. Portanto
ele seria capaz de inserir seu próprio DNA nos seres humanos imunes ao HIV,
unindo os dois genomas – outros vírus fazem e já fizeram isso em nós.
Na geração seguinte, os
descendentes contariam com esse genoma “atualizado”, nascendo imunes a uma
doença que teria causado uma tragédia épica alguns anos antes ...
Uma breve observação: alguns
pesquisadores creditam aos vírus a criação do nosso DNA, a partir do RNA, há
alguns bilhões de anos. Também creem que esses vírus criam novos DNA, até hoje.
No século XIX, cientistas
descobriram que cavalos da cavalaria do Exército alemão, na cidade de Borna,
haviam sido infectados. Após a infecção, agiam de maneira suicida, até se
matarem. Esse vírus foram batizados de “bornavírus” e hoje se sabe que podem
infectar seres humanos, atingindo os neurônios, e podem ser repassadas
geneticamente aos descendentes. Esse
processo só exige que o bornavírus insira seu DNA em nosso genoma. E nossos DNA
móvel faz isso com muita facilidade.
Provavelmente, avanços evolutivos
humanos contaram com processos semelhantes a esse para que ocorressem: a
placenta pode ter sido produto de aquisição de DNA de bornavírus. Acredita-se
que o fato de viver em células do ouvido possa estar ligado a habilidades
auditivas que tenhamos desenvolvido.
O processo teria sido o mesmo que
levou os Toxo, vírus evoluídos para infectar gatos, infectasse também seres
humanos e fosse capaz de influenciar nosso comportamento, produzindo dopamina e
nos levando a situações arriscadas.
Sendo passado de um ser humano
para outro via sexual, os bornavírus pode trazer DNA de alguma maneira benéfico
a seres humanos. Conclusão necessária: as DST (doenças sexualmente
transmissíveis) de alguma maneira estão ligadas à nossa evolução. Qualidades
geniais podem ter sido transmitidas ao longo das gerações por via sexual. Se
filho em filho evoluímos a partir dos macacos ...
De acordo com o virologista Luis
Vallareal: “É nossa incapacidade de entender os vírus, em especial os vírus
silenciosos, que limita a compreensão do papel que eles desempenham em toda a
vida. Só agora, na era dos genomas, podemos ver com clareza suas marcas
onipresentes nos genomas de toda vida.”
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro "O polegar do violinista"
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