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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O FANTASMA DE MARX


O Manifesto Comunista se inicia com a famosa frase: “Um fantasma percorre a Europa: o fantasma do comunismo”. Foi escrito por Karl Marx em Bruxelas, entre 1847 e 1848 e baseava-se em alguns apontamentos feitos por seu amigo Friedrich Engels. Apesar do tema, nenhum dos dois era proletário.

Os pais de Marx procediam de famílias judias ricas e com tradição rabínica. O pai, jurista, foi obrigado a se converter ao protestantismo. Karl iniciou seus estudos de direito em Bonn. Depois, estudou filosofia em Berlin. Após se filiar aos hegelianos, elaborou trabalhos sobre questões sociais e políticas. Doutorou-se com a tese: A diferença entre a filosofia naturalista de Demócrito e a de Epicuro. Por suas atividades políticas, negaram-lhe a cátedra.

Engels pertencia a uma família burguesa, conservadora e protestante de Barmen. Eram proprietários de fábricas têxteis e vinícolas. Em sua passagem pela Universidade de Berlin, filiou-se aos hegelianos e ao movimento Jovem Alemanha. Foi para a Inglaterra, encarregado dos negócios familiares, chocou-se com as condições miseráveis dos trabalhadores. Tornou-se socialista. Em Paris, conheceu Marx, que lá vivia exilado. Também lá Marx se casou com Jenny von Westphalen e tiveram uma filha.

Em Londres, ingressaram na Liga dos Justos, círculo de socialistas. Após, foi rebatizado para Liga dos Comunistas. Marx e Engels foram encarregados de escreverem um manifesto em nome do grupo. Escreveram O manifesto do partido comunista, em 1848. Foi a primeira exposição de ideias marxistas.

Iniciava reconhecendo o papel da burguesia, ou bourgeoise, como escreveu, com a sua dinâmica e com os meios de produção que criara (capital, fábricas, máquinas) provocara uma revolução sem precedentes em termos de produção.

Contudo, a nova classe daí surgida, os operários, ou proletários, era explorada e posta em condições tão miseráveis que tendia a haver um embate futuro entre ambas. As crises que o capitalismo invariavelmente viveria acabaria por pôr em risco a própria burguesia. Dali surgiria uma nova sociedade, fundada pelo proletariado.

Marx assim finalizava: “Que as classes dirigentes tremam com a revolução comunista. Os proletários não têm nada a perder, senão as suas correntes. Têm um mundo a ganhar: Proletários de todos os países, uni-vos! ”

Marx é lembrado como fundador do socialismo científico, feito que alcançou ao longo de suas obras seguintes, especialmente O Capital, de 1867.

O que Marx não previu foi a versatilidade do sistema capitalista, sua capacidade de se adaptar e realizar reformas. Ainda no século XIX, muitas das iniquidades que Marx e Engels testemunharam foram amenizadas com as leis trabalhistas, assistências e mesmo com reformas democráticas, na Inglaterra e na Alemanha.

Por outro lado, ao contrário das previsões de Marx, Rússia e China, desprovidas de uma classe operária relevante, realizaram revoluções de cunho marxista. No entanto, foram adotadas correntes marxista-leninista ou maoísta.

Na Alemanha, escreveram Questões sobre o partido comunista na Alemanha, texto mais voltado para a realidade local e por meio do qual alcançaram maior notoriedade no país. Neste, imprimiram “Proletarier aller Lander vereinigt Euch!” no início. Defendiam ideias amenas como: eleições livres, salário para parlamentares, melhoria da educação. Defendiam também ideias mais radicais: nacionalização dos bancos, da propriedade, das minas, dos meios de transporte, das vias de comunicação e do correio, além da limitação dos direitos de herança. Ah! Também defendiam o armamento do povo.

Com o fracasso da Revolução de 1848, ambos, que tinham empenhado bastante dinheiro na fundação do Nova Gazeta Renana, em Colônia, tiveram de fugir para Londres de novo. Marx perdeu todo seu patrimônio. Quem o ofereceu algum suporte foi Engels, que trabalhou por mais de vinte anos em uma das fábricas de seu pai. Enviava todo pagamento para Marx e sua família.

Com esse suporte, Marx escreveu sua vasta obra, nos bancos da British Library. Infelizmente essa foi associada ao “socialismo real” da URSS e do bloco do Leste. Provavelmente Marx e Engels teriam resistido a essa comparação.

No túmulo de Marx, em Highgate, Londres, está insculpida a frase: Workers os all land, unite! “


Rubem L. de F. Auto          


   

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