O Manifesto Comunista se inicia
com a famosa frase: “Um fantasma percorre a Europa: o fantasma do comunismo”.
Foi escrito por Karl Marx em Bruxelas, entre 1847 e 1848 e baseava-se em alguns
apontamentos feitos por seu amigo Friedrich Engels. Apesar do tema, nenhum dos
dois era proletário.
Os pais de Marx procediam de
famílias judias ricas e com tradição rabínica. O pai, jurista, foi obrigado a
se converter ao protestantismo. Karl iniciou seus estudos de direito em Bonn.
Depois, estudou filosofia em Berlin. Após se filiar aos hegelianos, elaborou
trabalhos sobre questões sociais e políticas. Doutorou-se com a tese: A
diferença entre a filosofia naturalista de Demócrito e a de Epicuro. Por suas
atividades políticas, negaram-lhe a cátedra.
Engels pertencia a uma família
burguesa, conservadora e protestante de Barmen. Eram proprietários de fábricas
têxteis e vinícolas. Em sua passagem pela Universidade de Berlin, filiou-se aos
hegelianos e ao movimento Jovem Alemanha. Foi para a Inglaterra, encarregado
dos negócios familiares, chocou-se com as condições miseráveis dos
trabalhadores. Tornou-se socialista. Em Paris, conheceu Marx, que lá vivia
exilado. Também lá Marx se casou com Jenny von Westphalen e tiveram uma filha.
Em Londres, ingressaram na Liga
dos Justos, círculo de socialistas. Após, foi rebatizado para Liga dos
Comunistas. Marx e Engels foram encarregados de escreverem um manifesto em nome
do grupo. Escreveram O manifesto do partido comunista, em 1848. Foi a primeira
exposição de ideias marxistas.
Iniciava reconhecendo o papel da
burguesia, ou bourgeoise, como escreveu, com a sua dinâmica e com os meios de
produção que criara (capital, fábricas, máquinas) provocara uma revolução sem
precedentes em termos de produção.
Contudo, a nova classe daí
surgida, os operários, ou proletários, era explorada e posta em condições tão
miseráveis que tendia a haver um embate futuro entre ambas. As crises que o
capitalismo invariavelmente viveria acabaria por pôr em risco a própria
burguesia. Dali surgiria uma nova sociedade, fundada pelo proletariado.
Marx assim finalizava: “Que as
classes dirigentes tremam com a revolução comunista. Os proletários não têm
nada a perder, senão as suas correntes. Têm um mundo a ganhar: Proletários de
todos os países, uni-vos! ”
Marx é lembrado como fundador do
socialismo científico, feito que alcançou ao longo de suas obras seguintes,
especialmente O Capital, de 1867.
O que Marx não previu foi a
versatilidade do sistema capitalista, sua capacidade de se adaptar e realizar
reformas. Ainda no século XIX, muitas das iniquidades que Marx e Engels testemunharam
foram amenizadas com as leis trabalhistas, assistências e mesmo com reformas
democráticas, na Inglaterra e na Alemanha.
Por outro lado, ao contrário das
previsões de Marx, Rússia e China, desprovidas de uma classe operária relevante,
realizaram revoluções de cunho marxista. No entanto, foram adotadas correntes
marxista-leninista ou maoísta.
Na Alemanha, escreveram Questões
sobre o partido comunista na Alemanha, texto mais voltado para a realidade
local e por meio do qual alcançaram maior notoriedade no país. Neste, imprimiram
“Proletarier aller Lander vereinigt Euch!” no início. Defendiam ideias amenas
como: eleições livres, salário para parlamentares, melhoria da educação.
Defendiam também ideias mais radicais: nacionalização dos bancos, da
propriedade, das minas, dos meios de transporte, das vias de comunicação e do
correio, além da limitação dos direitos de herança. Ah! Também defendiam o
armamento do povo.
Com o fracasso da Revolução de
1848, ambos, que tinham empenhado bastante dinheiro na fundação do Nova Gazeta
Renana, em Colônia, tiveram de fugir para Londres de novo. Marx perdeu todo seu
patrimônio. Quem o ofereceu algum suporte foi Engels, que trabalhou por mais de
vinte anos em uma das fábricas de seu pai. Enviava todo pagamento para Marx e
sua família.
Com esse suporte, Marx escreveu
sua vasta obra, nos bancos da British Library. Infelizmente essa foi associada
ao “socialismo real” da URSS e do bloco do Leste. Provavelmente Marx e Engels teriam
resistido a essa comparação.
No túmulo de Marx, em Highgate,
Londres, está insculpida a frase: Workers os all land, unite! “
Rubem L. de F. Auto
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