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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

EINSTEIN JOGANDO DADOS COM DEUS


O homem que obrigou toda física a adotar uma nova visão de mundo, um dia, teve de rever a sua própria. O problema de Einstein era que a mecânica quântica abalava sua fé.

Com a teoria da relatividade, de 1905, e com a teoria da relatividade geral, de 1915, Einstein fizera defesa de teses monstruosas. Apenas com cálculos e reflexões chegara à conclusão de que inexiste sistema de referência absoluto no universo. Caíra a base da ciência que se fizera desde Aristóteles.  Hipótese newtoniana de espaço e tempo absolutos fora desafiada.

A existência ou não de movimento passava a depender da perspectiva do observador, não era um dado absoluto. As conhecidas leis de Newton dependiam, na visão de Einstein, de existência de vários campos gravitacionais influindo reciprocamente entre si, ou de velocidades próximas à da luz. Nesses caso, espaço, tempo e luz se transformavam. O raio de luz contrai-se quando o campo gravitacional aumenta. O espaço se contrai. O tempo se dilata.

Se um corpo estiver no fundo mar, o tempo passará mais lentamente para ele do que para um corpo no topo do Everest. No ambiente terrestre essas diferenças são muito pequenas, embora calculáveis. Essa variação é levada em conta nos sistemas de navegação por GPS, por exemplo.
Einstein teorizou sobre a relação existente entre espaço, tempo, velocidade e massa. Não são medidas absolutas, mas relativas.

Sua teoria foi confirmada por meio dos cálculos do desvio da luz, feitos por uma expedição britânica, durante um eclipse, em 1919.

Einstein nunca deixou de acreditar em Deus. Ele acreditava num Deus que se “manifesta na harmonia ordenada de tudo o que existe, não num Deus que se preocupa com o destino e as ações dos seres humanos.”

No entanto, essa visão de Deus foi abalada pela mecânica quântica. Em 1900, o físico alemão Max Planck descobrira que a luz não se propaga continuamente, mas por meio de quantas. Isto é, pequenos pacotes de energia. Da exploração desses quantas surgiu a física, ou mecânica quântica. Seus fundadores, Werner Heisenberg, Niels Bohr, Max Born concluíram que no interior dos átomos acontecem processos não previsíveis, caóticos. A chamada interpretação de Copenhague, de 1926-27, diz que tais fenômenos somente podem ser calculados por meio de probabilidade. Nada mais fácil para abalar a fé de uma pessoa do que a incerteza.

Para Einstein, o princípio do acaso não se coadunava com sua imagem de um Deus transmutado na harmonia da regularidade da natureza.

Também se desafiava a ideia de Spinoza da previsibilidade dos acontecimentos naturais.

Essa imagem, de Deus equiparado a um jogador de azar, deu azo à sua frase: Deus não joga dados.”

No entanto, o futuro da física parece ser a conciliação entre a macrovisão de Einstein do Universo e a física quântica, com sua visão do microcosmo. Muitos depositam sua esperança na teoria das Cordas. 

Esta sustenta que os verdadeiros blocos de construção da matéria são segmentos enrolados (cordas) oscilando nas mais diferentes direções. Talvez resida aí a união das bases teóricas da teoria da relatividade e da teoria quântica.


Rubem L. de F. Auto
     

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