O homem que obrigou toda física a
adotar uma nova visão de mundo, um dia, teve de rever a sua própria. O problema
de Einstein era que a mecânica quântica abalava sua fé.
Com a teoria da relatividade, de
1905, e com a teoria da relatividade geral, de 1915, Einstein fizera defesa de
teses monstruosas. Apenas com cálculos e reflexões chegara à conclusão de que
inexiste sistema de referência absoluto no universo. Caíra a base da ciência
que se fizera desde Aristóteles. Hipótese
newtoniana de espaço e tempo absolutos fora desafiada.
A existência ou não de movimento
passava a depender da perspectiva do observador, não era um dado absoluto. As
conhecidas leis de Newton dependiam, na visão de Einstein, de existência de vários
campos gravitacionais influindo reciprocamente entre si, ou de velocidades
próximas à da luz. Nesses caso, espaço, tempo e luz se transformavam. O raio de
luz contrai-se quando o campo gravitacional aumenta. O espaço se contrai. O
tempo se dilata.
Se um corpo estiver no fundo mar,
o tempo passará mais lentamente para ele do que para um corpo no topo do
Everest. No ambiente terrestre essas diferenças são muito pequenas, embora
calculáveis. Essa variação é levada em conta nos sistemas de navegação por GPS,
por exemplo.
Einstein teorizou sobre a relação
existente entre espaço, tempo, velocidade e massa. Não são medidas absolutas,
mas relativas.
Sua teoria foi confirmada por
meio dos cálculos do desvio da luz, feitos por uma expedição britânica, durante
um eclipse, em 1919.
Einstein nunca deixou de
acreditar em Deus. Ele acreditava num Deus que se “manifesta na harmonia ordenada
de tudo o que existe, não num Deus que se preocupa com o destino e as ações dos
seres humanos.”
No entanto, essa visão de Deus
foi abalada pela mecânica quântica. Em 1900, o físico alemão Max Planck
descobrira que a luz não se propaga continuamente, mas por meio de quantas.
Isto é, pequenos pacotes de energia. Da exploração desses quantas surgiu a
física, ou mecânica quântica. Seus fundadores, Werner Heisenberg, Niels Bohr,
Max Born concluíram que no interior dos átomos acontecem processos não
previsíveis, caóticos. A chamada interpretação de Copenhague, de 1926-27, diz
que tais fenômenos somente podem ser calculados por meio de probabilidade. Nada
mais fácil para abalar a fé de uma pessoa do que a incerteza.
Para Einstein, o princípio do
acaso não se coadunava com sua imagem de um Deus transmutado na harmonia da
regularidade da natureza.
Também se desafiava a ideia de
Spinoza da previsibilidade dos acontecimentos naturais.
Essa imagem, de Deus equiparado a
um jogador de azar, deu azo à sua frase: Deus não joga dados.”
No entanto, o futuro da física
parece ser a conciliação entre a macrovisão de Einstein do Universo e a física
quântica, com sua visão do microcosmo. Muitos depositam sua esperança na teoria
das Cordas.
Esta sustenta que os verdadeiros blocos de construção da matéria
são segmentos enrolados (cordas) oscilando nas mais diferentes direções. Talvez
resida aí a união das bases teóricas da teoria da relatividade e da teoria
quântica.
Rubem L. de F. Auto
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