A posição pioneira de Portugal nas grandes navegações foi
facilitada pela posição do porto de Lisboa. Sua localização era triunfante por
ser ponto de parada entre o Mediterrâneo e o Noroeste da Europa. Era um
entreposto de comércio e informações comerciais e para troca de ideias sobre
navegação e marinhagem.
Aquele canto sudoeste da Península Ibérica reunia
profissionais da banca, do comércio e da navegação genoveses, além dos locais,
portugueses e espanhóis. O próprio Colombo aprendera seu ofício em Lisboa.
O elemento cruzado surgiu com a crença de que existia, ao
sul do Egito, um reino, ou império cristão do Preste João. Navegadores e
comerciantes foram impregnados por esse mito, levando a crer que a leste seria
o caminho para espalhar a virtude cristã, ao estilo cruzado.
A navegação portuguesa ao longo da costa africana foi
financiada pelo ouro que seguia o Caminho do Ouro, desde sua origem na região
das florestas ao sul do Saara, até o Marrocos. Entre 1482 e 1484, os
portugueses levantaram a fortaleza de São Jorge da Mina (atual Elmina, no
Gana). Foi uma feitoria para o comércio do ouro. Dentro de suas muradas,
comerciantes exerciam seu ofício, protegidos por armadas.
Entre 1480 e 1500, as receitas advindas do ouro eram quase o
dobro das demais receias da monarquia lusitana.
Quando Vasco da Gama chegou a Calecute, após descer a costa
ocidental da África, contornar o Cabo (África do Sul) e subir para norte,
atravessando o Zambeze, em Malabar, na Índia, voltou a estabelecer contanto com
seu mundo: chegou a uma das extremidades da Rota do Médio Oriente, usada por
viajantes e comerciantes.
Conheceu Brâmanes locais, supôs que estes eram cristão, de
acordo com o que conhecia do império de Prestes João, confundiu a estátua da
deusa Parvati com a Virgem Maria, em um templo hindu, e prostrou-se de maneira
cristão diante dela.
Comerciantes muçulmanos que testemunharam a cena
mostraran-se hostis à possibilidade de ganharem concorrente e se mostraram
ameaçadores. Vasco conhecia as limitações de sua frota e zarpou de volta.
Quaro anos após aquele episódio os portugueses retornaram,
agora bem amis armados. O comandando era de Afonso Albuquerque. Foi estabelecida
uma rede de bases fortificadas para controlar o rico comércio asiático. Criaram
fortes em Cochim (1503), Cananor (1505), Goa (1510), Malaca (1511), a maior cidade
do Sudeste Asiático. Por volta de 1550 tinham 50 fortalezas, entre Moçambique e
Macau. A capital do Estado do Índia era Goa: a Goa de Ouro.
O objetivo do empreendimento era obter o monopólio do
comércio da pimenta. Na prática, o Estado da Índia foi um sistema para
extorquir dinheiro em troca de proteção ao comércio marítimo no Sudeste
Asiático e arredores. Eram vendidos “cartazes” ou “salvo-condutos” em feitorias
portuguesas, que deveriam ser transportados na embarcação, sob pena de maus
bocados.
Na região do Mar da china, os portugueses encontraram um
nicho, como intermediários do instável comércio entre a China e o Japão. Os
colonos portugueses, em geral , casavam-se com mulheres asiáticas. Receberam o
nome de “casados”. Por volta de 1540 havia entre seis e sete mil portugueses
nessas regiões.
Entretanto, sem as Américas, não teria havido a aventura
asiática, ao menos não nas proporções em que ocorreu. A visão de negócios e as
informações comerciais, mais completas, pois sabiam qual era a origem e conheciam
também os principais mercados mundiais de diversas mercadorias, levaram os
comerciantes portugueses a se aproveitarem muito melhor das oportunidades
comerciais dos que suas contrapartes asiáticas.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Uma breve história do conhecimento”
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