Pesquisar as postagens

sábado, 19 de novembro de 2016

O QUE É QUE PORTUGAL TEM?


A posição pioneira de Portugal nas grandes navegações foi facilitada pela posição do porto de Lisboa. Sua localização era triunfante por ser ponto de parada entre o Mediterrâneo e o Noroeste da Europa. Era um entreposto de comércio e informações comerciais e para troca de ideias sobre navegação e marinhagem.

Aquele canto sudoeste da Península Ibérica reunia profissionais da banca, do comércio e da navegação genoveses, além dos locais, portugueses e espanhóis. O próprio Colombo aprendera seu ofício em Lisboa.

O elemento cruzado surgiu com a crença de que existia, ao sul do Egito, um reino, ou império cristão do Preste João. Navegadores e comerciantes foram impregnados por esse mito, levando a crer que a leste seria o caminho para espalhar a virtude cristã, ao estilo cruzado.

A navegação portuguesa ao longo da costa africana foi financiada pelo ouro que seguia o Caminho do Ouro, desde sua origem na região das florestas ao sul do Saara, até o Marrocos. Entre 1482 e 1484, os portugueses levantaram a fortaleza de São Jorge da Mina (atual Elmina, no Gana). Foi uma feitoria para o comércio do ouro. Dentro de suas muradas, comerciantes exerciam seu ofício, protegidos por armadas.

Entre 1480 e 1500, as receitas advindas do ouro eram quase o dobro das demais receias da monarquia lusitana.

Quando Vasco da Gama chegou a Calecute, após descer a costa ocidental da África, contornar o Cabo (África do Sul) e subir para norte, atravessando o Zambeze, em Malabar, na Índia, voltou a estabelecer contanto com seu mundo: chegou a uma das extremidades da Rota do Médio Oriente, usada por viajantes e comerciantes.

Conheceu Brâmanes locais, supôs que estes eram cristão, de acordo com o que conhecia do império de Prestes João, confundiu a estátua da deusa Parvati com a Virgem Maria, em um templo hindu, e prostrou-se de maneira cristão diante dela.

Comerciantes muçulmanos que testemunharam a cena mostraran-se hostis à possibilidade de ganharem concorrente e se mostraram ameaçadores. Vasco conhecia as limitações de sua frota e zarpou de volta.

Quaro anos após aquele episódio os portugueses retornaram, agora bem amis armados. O comandando era de Afonso Albuquerque. Foi estabelecida uma rede de bases fortificadas para controlar o rico comércio asiático. Criaram fortes em Cochim (1503), Cananor (1505), Goa (1510), Malaca (1511), a maior cidade do Sudeste Asiático. Por volta de 1550 tinham 50 fortalezas, entre Moçambique e Macau. A capital do Estado do Índia era Goa: a Goa de Ouro.

O objetivo do empreendimento era obter o monopólio do comércio da pimenta. Na prática, o Estado da Índia foi um sistema para extorquir dinheiro em troca de proteção ao comércio marítimo no Sudeste Asiático e arredores. Eram vendidos “cartazes” ou “salvo-condutos” em feitorias portuguesas, que deveriam ser transportados na embarcação, sob pena de maus bocados.
Na região do Mar da china, os portugueses encontraram um nicho, como intermediários do instável comércio entre a China e o Japão. Os colonos portugueses, em geral , casavam-se com mulheres asiáticas. Receberam o nome de “casados”. Por volta de 1540 havia entre seis e sete mil portugueses nessas regiões.

Entretanto, sem as Américas, não teria havido a aventura asiática, ao menos não nas proporções em que ocorreu. A visão de negócios e as informações comerciais, mais completas, pois sabiam qual era a origem e conheciam também os principais mercados mundiais de diversas mercadorias, levaram os comerciantes portugueses a se aproveitarem muito melhor das oportunidades comerciais dos que suas contrapartes asiáticas.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Uma breve história do conhecimento” 

Nenhum comentário:

Postar um comentário