No final de 1942, as notícias
sobre o 6º Exército, que se maninha cercado em Stalingrado, era as piores
possíveis. Joseph Goebbels estava decepcionado. O Ministro da Propaganda do
Reich temia finalmente perder a guerra. Caíra a crença na infalibilidade do Fuhrer.
Desde que a tentativa de invadir
as ilhas britânicas batera de frente com uma resistência ferrenha da Royal Air
Force, a invasão da Rússia era perseguida a todo custo. O pacto germano-soviético
servira-lhe de salvo-conduto enquanto concentrava-se na Europa ocidental. Mas
não pretendera, em momento algum, deixar de pensar na invasão do lado oriental
de suas fronteiras, aumentando assim o espaço vital alemão.
Em 22 de junho de 1941, o
exército alemão pôs em marcha a Operação Barba Ruiva: 3 milhões de soldados e
mais de 3.500 carros de combate, divididos em 3 grupos. Não era apenas uma
guerra, mas um embate de duas cosmovisões. Nesta, o “cavalheirismo e o
tradicional código de honra soldadesco eram improcedentes. Os capturados eram
executados imediatamente e o terror era arma de guerra alemã. Judeus eram reunidos
e fuzilados aos milhares. A ideia da superioridade ariana adquiriu contornos
dramáticos no Leste.
O exército avançou rapidamente
até as portas de Moscou. No inverno, a contraofensiva soviética recuperou
terreno. O verão de 1942 aliviou a Wehrmacht, mas mostrou que o objetivo parecia
ambicioso demais. O exército vermelho contava com recursos em abundância,
devido à ajuda dos aliados.
Hitler, então, ordenou a invasão
de Stalingrado. Os alemães chegaram muito próximo da conquista, mas
envolveram-se em guerrilhas urbanas e os russos aproveitaram a situação
geográfica para cercar os soldados alemães, em novembro de 1942. Hitler proibiu
a retirada.
Goebbels estudou Filosofia e
Literatura. Doutorou-se em ambas. Era aleijado de um pé, portanto foi barrado
no exército. Tentou ser escritor, mas fracassou. Sentiu-se atraído pelo
comunismo, mas terminou optando pelo ideário fascista e conservador. Culpava o
sistema financeiro e os judeus pelas misérias que via em seu país. Foi nomeado
ministro em 1933. Era especialmente talentoso com as novas tecnologias da
época: rádio e cinema.
Com as dificuldades que a guerra
apresentava, pensou que apernas a mobilização nacional, de uma forma total,
seria capaz de superar os inimigos no conflito. Anotou em seu diário: “A guerra
mais radical e mais total é a mais curta, e traz a vitória decisiva”.
Conseguiu convencer Hitler de que
deveriam converter todos os setores da sociedade numa guerra total. Englobava
todos os recursos humanos e materiais disponíveis. Todos os homens entre 16 e
65 anos; todas as mulheres entre 17 e 45 anos.
Em 31 de janeiro, o 6º Exército
capitulou em Stalingrado. Cerca de 150.000 alemães morreram, 91 mil foram
feitos prisioneiros. O órgão oficial publicou: “Morreram para que a Alemanha
viva”. Era a propaganda a todo o gás.
Em discurso no Sportpalast, Goebbels
falou para 3 mil pessoas. Dizia que falava ao “povo alemã educado, instruído e
disciplinado no nacional-socialismo”. Disse: “Vós que aqui vos haveis reunido,
representais neste momento a nação alemã. E a vós quero dirigir dez perguntas a
que deveis responder em representação do povo alemão, perante todo o mundo, em
especial perante os nossos inimigos que estão nos escutando nas suas emissoras
de rádio.”
Prosseguiu: “Os ingleses afirmam
que o povo alemão se opõe às medidas de guerra total adotadas pelo governo e
que não quer a guerra total, mas a capitulação”. “Eu vos pergunto: quereis a guerra
total ?”. A resposta clamorosa foi: “Sim !”. Terminou gritando: “Povo,
levanta-te e faz com que a tormenta se desencadeie! ”.
A guerra duraria mais dois anos,
quando tornou-se total. No outono de 1944, os bombardeios norte-americanos e
britânicos destruíram grandes cidades alemães: Berlin, Hamburgo, Colônia e
Dresden. Milhares morreram.
Goebbels e sua mulher puseram fim
às suas vidas, numa casa contígua àquela em que Hitler e Eva Braun se
suicidaram, após envenenarem seus seis filhos.
Rubem L. de F. Auto
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