Pesquisar as postagens

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

GUERRA TOTAL É GUERRA POPULAR?


No final de 1942, as notícias sobre o 6º Exército, que se maninha cercado em Stalingrado, era as piores possíveis. Joseph Goebbels estava decepcionado. O Ministro da Propaganda do Reich temia finalmente perder a guerra. Caíra a crença na infalibilidade do Fuhrer.

Desde que a tentativa de invadir as ilhas britânicas batera de frente com uma resistência ferrenha da Royal Air Force, a invasão da Rússia era perseguida a todo custo. O pacto germano-soviético servira-lhe de salvo-conduto enquanto concentrava-se na Europa ocidental. Mas não pretendera, em momento algum, deixar de pensar na invasão do lado oriental de suas fronteiras, aumentando assim o espaço vital alemão.

Em 22 de junho de 1941, o exército alemão pôs em marcha a Operação Barba Ruiva: 3 milhões de soldados e mais de 3.500 carros de combate, divididos em 3 grupos. Não era apenas uma guerra, mas um embate de duas cosmovisões. Nesta, o “cavalheirismo e o tradicional código de honra soldadesco eram improcedentes. Os capturados eram executados imediatamente e o terror era arma de guerra alemã. Judeus eram reunidos e fuzilados aos milhares. A ideia da superioridade ariana adquiriu contornos dramáticos no Leste.

O exército avançou rapidamente até as portas de Moscou. No inverno, a contraofensiva soviética recuperou terreno. O verão de 1942 aliviou a Wehrmacht, mas mostrou que o objetivo parecia ambicioso demais. O exército vermelho contava com recursos em abundância, devido à ajuda dos aliados.

Hitler, então, ordenou a invasão de Stalingrado. Os alemães chegaram muito próximo da conquista, mas envolveram-se em guerrilhas urbanas e os russos aproveitaram a situação geográfica para cercar os soldados alemães, em novembro de 1942. Hitler proibiu a retirada.

Goebbels estudou Filosofia e Literatura. Doutorou-se em ambas. Era aleijado de um pé, portanto foi barrado no exército. Tentou ser escritor, mas fracassou. Sentiu-se atraído pelo comunismo, mas terminou optando pelo ideário fascista e conservador. Culpava o sistema financeiro e os judeus pelas misérias que via em seu país. Foi nomeado ministro em 1933. Era especialmente talentoso com as novas tecnologias da época: rádio e cinema.

Com as dificuldades que a guerra apresentava, pensou que apernas a mobilização nacional, de uma forma total, seria capaz de superar os inimigos no conflito. Anotou em seu diário: “A guerra mais radical e mais total é a mais curta, e traz a vitória decisiva”.

Conseguiu convencer Hitler de que deveriam converter todos os setores da sociedade numa guerra total. Englobava todos os recursos humanos e materiais disponíveis. Todos os homens entre 16 e 65 anos; todas as mulheres entre 17 e 45 anos.

Em 31 de janeiro, o 6º Exército capitulou em Stalingrado. Cerca de 150.000 alemães morreram, 91 mil foram feitos prisioneiros. O órgão oficial publicou: “Morreram para que a Alemanha viva”. Era a propaganda a todo o gás.

Em discurso no Sportpalast, Goebbels falou para 3 mil pessoas. Dizia que falava ao “povo alemã educado, instruído e disciplinado no nacional-socialismo”. Disse: “Vós que aqui vos haveis reunido, representais neste momento a nação alemã. E a vós quero dirigir dez perguntas a que deveis responder em representação do povo alemão, perante todo o mundo, em especial perante os nossos inimigos que estão nos escutando nas suas emissoras de rádio.”

Prosseguiu: “Os ingleses afirmam que o povo alemão se opõe às medidas de guerra total adotadas pelo governo e que não quer a guerra total, mas a capitulação”. “Eu vos pergunto: quereis a guerra total ?”. A resposta clamorosa foi: “Sim !”. Terminou gritando: “Povo, levanta-te e faz com que a tormenta se desencadeie! ”.

A guerra duraria mais dois anos, quando tornou-se total. No outono de 1944, os bombardeios norte-americanos e britânicos destruíram grandes cidades alemães: Berlin, Hamburgo, Colônia e Dresden. Milhares morreram.

Goebbels e sua mulher puseram fim às suas vidas, numa casa contígua àquela em que Hitler e Eva Braun se suicidaram, após envenenarem seus seis filhos.


Rubem L. de F. Auto  


Nenhum comentário:

Postar um comentário