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terça-feira, 29 de novembro de 2016

PIRATAS – COMO SE DEVE ENFRENTAR O ESTABLISHMENT


A história da pirataria começa há muito tempo. No século VIII a.C. os gregos eram conhecidos piratas do Mar Egeu. A obra histórica Odisseia é repleta de histórias de piratas, que pilhavam navios de mercadorias com que cruzavam.

Os romanos foram conhecidas vítimas de muitos desses ladrões dos mares. Visando a pôr um fim nesse problema, empreenderam grandes esforços para controlar o Mediterrâneo, a ponto de transformá-lo no Mare Nostrum (nosso mar). Livrou-o dos piratas. Entretanto, sempre que sofriam percalços internos e se descuidavam da segurança marítima, os tais piratas grassavam novamente.

As vítimas dos ataques eram, além de navios mercantes, cidades costeiras e sua população.

O fim do império romano inaugurou a pior época em termos de segurança da região do mediterrâneo. A instalação de muçulmanos na Península Ibérica aumentou ainda mais os ataques.

No norte da Europa o problema não era muito diferente. A região do Báltico e do Canal da Mancha era pululada por piratas escandinavos e normandos, que levavam o terror para cidades litorâneas da Escandinávia, Germânia, ilhas britânicas e da França.

Os séculos XVI, XVII e XVIII viram o surgimento do que ficou conhecido como pirataria moderna. Embora tenha aspectos em comum com a pirataria clássica, alguns pontos a diferenciam. Ela nasceu com a descoberta da América. Ao lado das aventuras portuguesas, a descoberta de Colombo lançou uma corrida pela controle do Atlântico entre Espanha e Portugal. Essa corrida foi coroada com a divisão do mundo entre as duas Nações, sob o manto de legitimidade do Papa espanhol Alexandre VI, por meio do Tratado de Tordesilhas, em 1494.

O Tratado observava o princípio denominado Mare Clausum (mar fechado). Os mares ficavam abertos apenas às duas nações signatárias, mas fechados a todas as demais, garantindo-se também o direito às nações ibéricas de tomar posse de quaisquer territórios fora da Europa, estivessem no Atlântico, no Índico ou no Pacífico. Ignoravam-se solenemente todos os demais reinos europeus.

Á medida que o mundo português e espanhol crescia e enriquecia, os demais eram contagiados pela ambição por obter novas riquezas. Ingleses, franceses e holandeses passaram a combater a condição de que eram vítimas.

Academicamente, o princípio aplicado ao Tratado de Tordesilhas foi combatido especialmente por Hugo Grotius, contratado pela Companhia das Índias Orientais para atuar num processo envolvendo a captura por esta do navio português Santa Catarina, em 1603. A boa relação entre Holanda e Portugal e a possibilidade de que esta se azedasse, em face da enorme quantidade de riquezas a bordo, levou à publicação da tese de Grotius: “Dissertação sobre a Liberdade dos Mares”, de 1608.

Nessa obra e em “O direito de saquear”, que possuíam uma parte intitulada Mare Liberum (ou mar aberto), Grotius defende a ampla liberdade de navegação em alto mar e a plena liberdade de qualquer nação aproximar-se e fazer comércio com quem quer desejar.

No entanto, a plena liberdade de navegar os mares de todo o mundo não foi produto de acordos internacionais nem da criação de boas teses jurídicas. Ela foi alcançada de modo mais pragmático: ao longo de dois séculos, ingleses, franceses e holandeses contaram com piratas, que trataram de deixar claro às nações ibéricas que o Tratado que assinaram não passava de “letra morta”, a seus olhos. Atraídos pelas descobertas colossais de ouro e prata no Novo Mundo, e conhecedores da débil marinha desses países, incapaz de manter a segurança dos litorais que dominavam, tais piratas pulularam as águas do Atlântico, norte e sul, Caribe, portos chilenos e do Equador, por séculos.

Quem eram esses piratas? Em geral, eram homens marginalizados na Europa, contratados por seus governos ou por particulares. Eram chamados de piratas (palavra de origem grega), corsários (se contassem com uma carta de corso, emitida por um rei), flibusteiros (só atacavam embarcações espanholas, ou bucaneiros (atuavam nas Antilhas). Embora haja essas diferenciações, normalmente não há uma fronteira muito clara entre esses tipos, havendo vários exemplos de quem passou a pirata “oficial”.


Cidades da costa brasilerira como Santos, Recife e Rio de Janeiro fora atacadas por piratas do tipo corsários, isto é, autorizados por seus respectivos reis, embora constassem mormente com financiamento de companhias privadas de comércio. Foram exemplos: Thomas Cavendish e James Lancaster, ingleses; Jean-Françoise Du Clerc e René Duguay-Trouin, franceses. 

Desde tempos imemoriais, vale a regra: países ricos exigem assinatura de Acordos e Tratados; países pobres, os quebram.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Piratas no Brasil: a incrível história dos ladrões dos mares ...”  


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