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sexta-feira, 10 de março de 2017

TREINAMENTO PARA MEFISTÓFELES – RECRUTAS DO DIABO – PARTE 2




Trechos do livro “Como nascem os monstros”:

“Com o ranço do militarismo, os policiais militares do Rio foram sendo ignorados por grande parte das autoridades e de estudiosos fluminenses. Não houve, na época, quem vislumbrasse que a debilidade do sistema policial iria se acentuar com a crescente onde democrática que se instalara, e que agora não precisava somente do cassetete, mas da carne também.

Enquanto a população ia crescendo, estudando, tomando consciência de seu papel, os policias militares continuavam nos quartéis, sob o comando dos coronéis, que agora não lutavam mais contra subversivos, e sim contra bandidos comuns. O policial soldado não entendia isso muito bem. Fica claro que até hoje, para muitos deles, a sociedade em si é o inimigo a ser combatido. Afinal, está sempre com o dedo em riste para lhe apontar os erros, e deve ser reprimida a todo e qualquer deslize! Esse é o sentimento do PM para com os moradores da favela quando está subindo um morro, pois, na sua concepção, se levar um tiro, terão eles também ajudado a apertar o gatilho da arma do bandido, que vive alcovitado graças à conivência dos vizinhos.

Enquanto havia muita gente dando festa, enriquecendo, fumando maconha nas altas-rodas do poder carioca, o futuro tenebroso de uma considerável parcela da população ia ganhando seus contornos mais sombrios. Os policiais militares, completamente alucinados pelo poder, sem qualquer supervisão, protagonizaram massacres infelizmente inesquecíveis, principalmente para quem mora no estado.”

(...)

“As políticas de segurança, ao contrário do que vendem, não estão preocupadas com uma polícia eficiente, que trabalhe para o bem comum; estão apenas mais refinadas em seu modo de mascarar a real intenção de seus gabinetes: cercar os dominantes de proteção e relegar aos menos abastados aquilo que der”.
 

Rubem L. de F. Auto

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