Na Índia, as armas de ferro substituíram as de bronze no
século V a.C. A cavalaria surgiu no século IV a.C. No século III a.C os
exércitos já contavam com milhares de soldados.
Mas algumas tradições são mais difíceis de se aposentarem. A
infantaria indiana era especialmente deficiente, bastante aquém dos soldados
assírios, gregos, romanos ou chineses, bem treinados, armados e carregando
pesadas armaduras.
Isso ocorria porque no topo da hierarquia das infantarias se
encontrava um personagem inusitado: os elefantes.
O livro indiano Arthashastra, que analisava as melhores
maneiras de se administrar o Estado, sentenciava: “Um rei depende principalmente
de elefantes para a vitória”.
Embora poderosos, aqueles animais eram muito pouco confiáveis.
Eram necessários anos de intenso treinamento para que se tornassem mais
disciplinados. Ainda assim muitos fugiam se tornavam muito assustados durante
as batalhas.
Caso o animal debandasse em direção a seu próprio exército,
deveria ser abatido o quanto antes, para que não pisoteasse seus soldados.
Fazia-se isso martelando um pedaço de madeira na nuca do animal. Era comum o
abate da maioria dos elefantes, mesmo entre os vencedores – animais cujo
treinamento havia sido caro e demorado.
Mas quando se comportavam conforme o esperado, eram quase
imbatíveis. Cada animal pesava de 3 a 5 toneladas, além de 1 tonelada extra em
armaduras. O papel que executavam era o de pisotear tudo à sua frente, além de
causarem grande temor nos inimigos quando pisavam violentamente no chão ou
emitiam seus ruídos ensurdecedores.
Os cavalos costumavam, compreensivelmente, permanecer
distantes dos elefantes. Mesmo Alexandre temia uma tropa de elefantes com
armaduras. Após imprimir perdas significativas contra o rei Puru, governante da
região onde hoje se localiza o Paquistão, Alexandre desistiu de seguir adiante logo
que foi informado da quantidade de elefantes que o aguardavam mais à frente.
Quando os reinos da bacia do Mediterrâneo souberam daquelas
armas de guerra fantásticas, cada qual passou a montar sua própria tropa de
elefantes. Foi o caso de Aníbel, general de Cartago, que os usou contra os
romanos, fazendo-os atravessarem os Alpes, em 218 a.C.
Certamente não são as armas mais eficientes do mundo, mas
parece ser menos dramático assistir a um ataque de elefantes do que uma bomba
atômica incinerando a vida de 100 mil pessoas.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Guerra: o horror da guerra e seu legado para a
humanidade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário