Mark Twain, o mais norte-americano dos escritores
norte-americanos, escreveu algumas linhas sobre Thomas Edison. Para ele, o
inventor – considerado o mais prolífico dos inventores de todos os tempos, com
1.093 patentes em seu nome – era pouco mais que o homem certo, no lugar certo,
na hora certa.
Sobre Edison, Twain disse:
“São necessárias milhares de pessoas para se inventar um
telégrafo, ou uma máquina a vapor, ou um fonógrafo, ou um telefone ou qualquer
outra coisa importante – mas o último deles toma o credito e nos esquecemos dos
demais. Ele acrescentou um pequeno detalhe – foi tudo o que fez. Essas lições
objetivas deveriam nos ensinar que 99 peças de todas as coisas que proveem do
intelecto são plágios, pura e simplesmente; e essa lição deveria nos tornar
mais modestos. Mas nada tem esse poder.”
Edison teria concordado que muitas das suas invenções eram
melhorias sobre aquilo que veio antes. Mas se tomarmos as palavras de Twain,
então teríamos que acreditar que Edison teve a sorte de estar no lugar certo na
hora certa, centenas e centenas de vezes ao longo de toda a sua vida.
O laboratório de Edison em Menlo Park, New Jersey,
despachava novas invenções tão rapidamente que mais parecia uma linha de
montagem industrial. Era tão produtiva que em certo ponto Edison prometeu anunciar
uma pequena invenção a cada 10 dias, além de uma grande invenção a cada seis
meses, aproximadamente.
Edison foi o responsável por inventar o bulbo de lâmpada incandescente
prático, o fonógrafo, a câmera de cinema, tecnologia de produção de cimento,
baterias, e o sistema de geração de força elétrica. Embora Edison tenha comprado,
ou mesmo roubado algumas de suas patentes, quase 100% delas se tornaram sucesso
comercial e rapidamente influenciaram a vida tecnológica americana.
Escritores mais recentes têm vilipendiado Edison, como se
fosse o diabo encarnado, um cara que processava pessoas até expulsá-las do
mercado, atropelava seus concorrentes, e que destruiu grandes inventores tais
como Nikola Tesla. Por exemplo, Edison é geralmente reconhecido como o inventor
do bulbo de lâmpada, o que não é verdade. Vinte e dois outros inventores o
precederam. Mas Edison tem o crédito porque ele criou um bulbo de lâmpadas
incandescentes mais barato e que não queimava tão rapidamente.
Edison foi um inventor bastante prolífico. Produziu
invenções numa escala 10 ou até 100 vezes superior à de seus concorrentes mais
próximos. Tesla foi um futurista brilhante e inventou o motor a indução, mas
ele não conseguiu se igualar a Edison em termos de produção. Edison tinha mais
de mil patentes em seu nome. Graças a um laboratório de pesquisas cheio de
assistentes que se encarregavam dos detalhes mundanos de seus projetos.
É um claro contraste com Tesla, que preferia trabalhar
sozinho, fazer tudo sozinho, tendo registrado “apenas” 112 patentes ao longo da
vida. Ele não tinha medo de trabalho pesado, tanto como um adolescente curioso quanto
como inventor. “Gênio é bobagem”, disse ao The New York Times em 1878. “O trabalho
duro é claramente o que faz o negócio”.
O talento de empreendedor sempre esteve presente no jovem
Edison. Aos 12 anos, ele conseguiu um trabalho vendendo jornais em um trem que
passava por Port Huron. Logo obteve os direitos exclusivos de vender os jornais
entre Port Huron e Detroit – foi seu primeiro sucesso empresarial.
A sorte também sempre esteve a seu lado. Aos 16 anos, salvou
a vida de Jimmie MacKenzie de um atropelamento por trem. O jovem era filho de
um operador de telégrafos, quem recompensou Edison ao treiná-lo para aquele
trabalho, bastante prestigioso naquele tempo. Foi essa habilidade que Edison
usou ao inventar o fonógrafo e o telefone. Também foi ali que adquiriu os
conhecimentos acerca de eletricidade, base de grande parte de suas invenções.
Ele arquivou sua primeira patente em Boston, em 1869, aos 22
anos. Sua primeira invenção foi o gravador elétrico. A invenção pretendia
acelerar o processo de gravação de votos para a o legislativo estadual de Massachusetts.
Ele inventou o fonógrafo em 1877. O dispositivo parecia
mágico ao público e por isso recebeu o apelido de “O mago de Menlo Park”. Ele
usou os recursos que ganhou vendendo seu telégrafo pra construir um laboratório
de pesquisas industriais. Seu laboratório de Menlo Park foi o precursor de
assemelhados, como o da Intel, AT&T e muitos outros.
Algumas frases por ele proferidas são icônicas: “Eu não
falhei 10 mil vezes – fui bem sucedido achando 10 mil maneiras de como não
fazer.”
Edison costumava dizer que dormia apenas 3 ou 4 horas por
noite. De fato, ele tirava muitas sonecas, curtas, ao longo do dia: duas ou três
sonecas que somavam até 3 horas por dia.
Sua rotina de trabalhos intensos o legaram uma relação muito
pobre com seu filho, Thomas Jr., que chegou a trocar seu sobrenome. Edison
também cortou relações com sua filha, após se casar com um militar alemão –
Edison considerou um ato antipatriótico, em razão da I Guerra Mundial.
Após sua morte, Tesla escreveu:
“Ele não tinha diversão, não se distraia e viveu afastado
das regras mais elementares de higiene... seus métodos eram ineficientes ao
extremo, ele tinha que fazer grandes esforços, até que o acaso interviesse e,
de fato, fui uma triste testemunha de seus feitos, ciente de que apenas um
pouco de teoria e cálculos teriam evitado 90% dos seus esforços. Mas ele tinha
grande sede pelos conhecimentos em livros e por conhecimentos matemáticos,
dando azo a seus instintos de inventor e ao sentido prático dos americanos.”
Difícil discordar de Tesla...
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “As maiores civilizações da história”
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