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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O PROBLEMA DE MATEMÁTICA MAIS DIFÍCIL DA HISTÓRIA: TEOREMA DE FERMAT – 2ª PARTE


Na parte anterior, foi abordado o problema do Teorema de Pitágoras com potências acima de 2.
                X3 + Y3 = Z3

A abordagem agora exigia achar trios pitagóricos, porém em um nível mais difícil.

Nesse caso, os catetos e a hipotenusa não seriam lados de quadrados, mas de cubos que, se somados os volumes daqueles formados pelos lados dos catetos, acha-se o volume do cubo formado pela hipotenusa. Parecia impossível achar algum trio de números que satisfizesse essa equação.

E de fato é: para quaisquer números usados, sempre vai faltar uma unidade. E se utilizarmos expoentes ainda maiores, como 4, não existiriam soluções. Essa afirmação foi feita pelo matemático francês Pierre de Fermat, no século XVII. Fermat não apenas fez a afirmação citada, como acrescentou que ninguém no mundo, jamais, conseguiria achar a solução do teorema.

No começo do século XVII, a matemática ainda se recuperava da Idade das Trevas – ou Idade Média, ou Era da Escuridão ... ou qualquer outro adjetivo que mostre que a ignorância grassava na Europa. Matemática e matemáticos não mereciam respeito daquela sociedade pia e cega. Se alguém quisesse estudar matemática, deveria fazê-lo com recursos  próprios e socinho. Galileu não conseguiu estudar matemática na Universidade de Pisa e teve de achar professores particulares. A Universidade de Oxford era uma exceção: criou uma cadeira de matemática em 1619.

No século XVI, os profissionais dos números chamavam-se “cosistas”. Eram círculos fechados, sigilosos. Os cosistas eram contratados por homens de negócios e comerciantes, geralmente para resolver problemas relacionados a contabilidade. O nome da atividade deriva de “cosa”, ou “coisa” em latim. Coisa é como eles chamavam a incógnita das equações (o “x” deles). Como o conhecimento de matemática era informal e não padronizado, cada cosista fazia seus cálculos usando suas fórmulas, as quais não revelava a ninguém. Nascia assim o tradição de matemáticos secretos, cálculos secretos, fórmulas secretas, gênios matemáticos secretos etc.

Pierre Fermat, nascido em 1601, não era matemático profissional. Na verdade, era juiz da região de Toulouse. Sua fama de excelente matemático o fez ser reconhecido como o “primeiro dos amadores”. Matemática era sua diversão das horas vagas. Mas isso não o impediu de elevá-la a um novo patamar. Sua personalidade retraída, o caráter amador da matemática e sua profissão – os juízes não eram bem vistos se tivessem uma vida social ativa, pois supunha-se que poderiam favorecer seus amigos, quando em julgamento -, fê-lo um gênio retraído. Correspondia-se basicamente com o padre Mersenne, seu amigo e igualmente apaixonado pelos números. Além deste, apenas Blaise Pascal teve a honra de ser correspondente de Fermat. Os dois criaram a teoria da probabilidade, ao tentarem ajudar um jogador profissional chamado Antoine Gombaud. Este ganhou dinheiro, e os dois matemáticos, fama.

Aliás, pensar em termos de probabilidade é o mesmo que subverter completamente nossa intuição – certamente não está nos nossos genes. Pense: em meio a 23 pessoas, qual a probabilidade de que duas façam aniversário no mesmo dia? Se pensarmos que cada uma nasceu em um dia e que o ano tem 365 dias, a probabilidade tenderia a zero. Porém Fermat e Pascal pensavam em termos de pares de pessoas.

Com 23 pessoas, formam-se 253 duplas diferentes – lembre, a pergunta fala de “duas pessoas nascerem no mesmo dia”. A primeira forma dupla com 22 pessoas, a segunda pode formar dupla com 21 pessoas, a terceira tem 20 possibilidades, e assim sucessivamente. Resultado: 253 duplas para 365 dias no ano... Fazendo a divisão chega-se a 50,7%! Isso só pode estar errado, pensa o primata de cérebro grande...

Fermat também passou a se reconhecido em tempos mais recentes como o verdadeiro criador do cálculo. Cálculo envolve calcular uma taxa pela qual dada quantidade muda (a derivada) em relação à variação de uma outra quantidade. Por exemplo, a taxa de mudança da distância em relação ao tempo: a velocidade. O mesmo vale para velocidade em relação à aceleração.

Embora Newton e Leibniz tenham dividido por séculos a honra da criação do cálculo. Porém, em 1934, descobriu-se uma nota escrita por Isaac Newton em que ele escreveu que tinha desenvolvido seus cálculos baseado no “método de Monsieur Fermat para estabelecer tangentes.”

Apesar dessas conquistas, a grande e irrefreável paixão d sua vida era a Teoria dos Números. E por meio desta ele conseguiu dar um nó na mente de muitos matemáticos e por séculos ... como veremos na terceira parte.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “O último teorema de Fermat: a história do enigma ...”

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