A
excitação criada na França em torno do prêmio e da eventual resolução do
Teorema de Fermat somente resistiu até 24 de maio de 1847.
Nesse
dia, Joseph Liouville subiu ao palco da Academia e leu uma carta que significou
um banho de água fria em quem tinha esperanças de resolver o Teorema de Fermat.
A carta foi remetida pelo matemático alemão Ernst Kummer.
Kummer
era professor de balística no colégio militar de Berlim. Após analisar os
cálculos preliminares de dois disputantes ao prêmio – Cauchy e Lamé – ele previu
que ambos se encaminhavam para um beco sem saída.
Em
resumo: Cauchy e Lamé faziam uso da fatoração única. Esta dispõe que só há uma
série de multiplicações de números primos que resulta em cada número conhecido.
Por exemplo: 18 = 2X 3 X 39. E só há essa combinação de números primos. Foi
mais uma descoberta de Euclides, no século IV a.C. Atualmente essa lei é conhecida como Teorema
Fundamental da Aritmética.
O
problema visualizado por Kummer é que esse Teorema é verdadeiro para todos os
números reais. Mas os matemáticos franceses usavam números imaginários em sua
resolução. Kummer viu que aquele esforço todo resultaria em nada.Por exemplo:
12 = 22 X 3. Mas, se permitirmos números imaginários, (1 + √-11) (1
- √-11) também é solução. Enfim, números complexos levam modos adicionais de
resolução à fatoração.
Outro
obstáculo observado por Kummer eram os chamados “primos irregulares”. Esses são
casos especiais de números primos cuja fatoração conjunta é impossível. Até
100, há dois primos irregulares: 59 e 67. Resolver esses casos só é possível
individualmente.
O
“tour de force” lógico de Kummer foi um golpe de grande monta em toda a sua
geração de pretendentes a resolvedores do enigma de Fermat.
Após
analisar friamente o cenário, pode-se dizer que seriam necessárias novas
ferramentas matemáticas para fazer frente ao desafio. Kummer demonstrara que
apenas com as ferramentas disponíveis no século XIX, seria impossível dar o
passo final.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “O último
teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu as mais brilhantes mentes...”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário