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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

NÃO HÁ NADA COMO UM BOM CAFÉ DA MANHÃ PARA GARANTIR UM BOM DIA – PARTE 1


Inicialmente cabe cumprir que fazer três refeições diárias não um hábito que temos desde sempre. Surgiu na Grã Bretanha no século XVIII, após a invenção da luz elétrica, que deu maior duração ao dia útil.

Na Roma antiga, fazia-se apenas uma refeição, que chamavam de cena. Após, faziam pequenos lanches, que chamavam de prandium. Na IdadeMédia, comia-se duas vezes ao dia: breakfast pela manhã (o quebra jejum), e o dinner, que era servido ao meio dia.

A geladeira como a conhecemos foi inventada em 1870. Na verdade era um pouquinho diferente. Era movida a manivela. Mas sua popularização somente ocorreu após a II Guerra Mundial. Sem geladeira, a alimentação dependia de alimentos frescos ou preservados em sal, vinagre e manteiga.

A ausência de métodos de preservação dos alimentos por longos períodos deixava a população sempre à beira de uma onde de fome. E a história está repleta desses tempos de desespero. Na Idade Média, fazendeiros vendiam seus filhos e troca de alimentos. Outros se submetiam à escravidão.

Algumas pessoas viam no suicídio a solução para o problema da fome que lhes afligia. Um monge inglês contou sobre um episódio arrepiante: “40 ou 50 homens, completamente famintos, foram juntos a algum precipício ou costa, onde, juntos no sofrimento, deram as mãos e saltaram para o mar...”. Ocorreu em Sussex, durante uma onda de fome.

A Grande Fome da Bata Irlandesa foi um dos mais dramáticos. Ocorrida entre 1844 e 1849, matou um milhão de pessoas na Irlanda e forçou outro milhão a migrar para os EUA – hoje há sete vezes mais americanos descendentes de irlandeses do que irlandeses na Irlanda.

No México, no século XVI pessoas comiam, em períodos de fome, alimentos como: aranha, ovos de formiga, esterco de cervo e terra. Na China medieval, havia pelo menos quatrocentos “alimentos para ondas de fome”: cascas de árvores e gramíneas estavam entre eles.

Nos EUA, em Michigan, no final do século XIX, existia um médico chamado John Harvey Kellogg. Ele defendia algumas teorias bastante polêmicas acerca dos alimentos e de sua influência sobre a saúde. Ele tinha um irmão, Will Keith Kellogg, que era contador no mesmo hospital em que o irmão era chefe-geral. Em um dia do ano de 1894, Will começou a fazer alguns experimentos alimentares, com trigo, usando ideias defendidas pelo irmão médico.

Will fervia trigo, tentando descobrir um substituto para o pão. Por distração, o trigo ficou fervendo tempo demais, transformando-se em um grude horrível. Tentando evitar jogar tudo fora, espremeu o grude com um rolo... E obteve flocos de trigo.

Serviram aos pacientes e obtiveram aprovação. Tentaram outros cereais e descobriram que o milho era mais adequado. Nasceu assim o “corn flakes”. Com o acréscimo do açúcar, os negócios viraram um sucesso.

Os habitantes das Américas somente passaram a beber leite após a chegada dos Europeus e Africanos. No entanto, em pouco tempo Wisconsin e Minnesota se grandes produtores de leite. A expansão de Nova York levou a um aumento exponencial da demanda por leite.

Mas não havia ainda uma maneira de preservar o produto quando transportado a longas distâncias.  Bactérias, fungos e outros perigos à saúde eram parte integrante do leite. Só mudou com a reforma sanitária dos EUA, no século XIX.

A humanidade consome carne há milhões de anos. Quando descobrimos o fogo – a data exata é muito divergente, entre 1,9 e 0,4 milhão de anos atrás -, passamos a cozinhar alimentos. Os benefícios são vários: mais saudável, consome menos energia na digestão, libera mais energia, gera cérebros maiores.

Comíamos todas as partes dos animais: miúdos, estômago, cérebro. Esses animais eram caçados por nômades, até que a Revolução Neolítica substituiu o arco e flecha pelo cercadinho.

No que se refere à agricultura, cabe alertar sobre os tais alimentos manipulados. A agricultura é uma invenção dos homens; os alimentos que cultivamos são todos manipulados, em certa medida. O milho que comemos foi manipulado por mexicanos há 3.500 anos.

Também nessa época surgiram os animais de granjas. Os porcos foram domesticados por chineses há 6 mil anos. Fora ótimos em função de engordarem 900 gramas por dia. Outros animais eram importantes por também fornecerem leite, lã etc.

Com a proximidade com esses animais surgiram doenças. Apesar de todas as utilidades descobertas, eles são conhecidos vetores de doenças como sarampo, caxumba, gripe, varíola, malária, resfriado.

Apesar de os egípcios não terem sido fanáticos por carne de porco, descobriram que defumá-la a preservava por mais tempo. Os romanos consumiam bacon que chamavam de petaso servido com figos, vinho e pimenta. Como opção para os mais carnívoros, havia as linguiças de porco lucanianas, apimentadas, do sul da Itália.

Durou até que a Igreja Católica considerasse esse alimento impróprio para um cristão, era um alimento bárbaro e blá blá blá. E assim as linguiças “do pecado” foram banidas de Roma.

A moralidade religiosa fez com que a carne vermelha fosse proibida em grande parte da Europa por cerca de metade do ano, em razão dos dias santos.

Como uma última lembrança antes de longos 40 dias sem carne, na véspera da Quaresma os cristãos ingleses se deleitavam com o collops: à base de bacon e ovos fritos. Ao fim da Quaresma, nova sessão de carne de porco naveia. Exceto muçulmanos e judeus que nunca poderiam consumi-la. No islamismo, presunto é pecado, que chamam de Haram. Essa tradição foi herdada dos judaísmo: não se comem animais terrestres de casco fendido (formando um tipo de dedo) ou não ruminantes.

Continua...


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “Um milhão de anos em um dia...”

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