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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O PROBLEMA DE MATEMÁTICA MAIS DIFÍCIL DA HISTÓRIA: TEOREMA DE FERMAT – 6ª PARTE


Como tudo nesse mundo, os números também têm sua história. Começamos com os números naturais, usados basicamente para contagem: 1, 2, 3... A operação mais lógica, já que se está contando, é a adição. A multiplicação também é uma operação simples, incidindo sobre os números de maneira semelhante à adição. Contudo, a divisão apresentou desafios, haja vista poder não resultar em resto = 0.

Em razão desta última constatação, temos o surgimento das frações – adotava-se só o formato de fração, pois o decimal ainda era um desafio a ser compreendido.

Os hindus deram um passo adiante com os números negativos. Subtrair 5 de 3 resultava em 2, para os matemáticos até então... Mas a compreensão do que seja tirar 5 de 3 exigia mais abstração – o que seriam “-2” bois?

Em busca de serem capazes de responder a mais perguntas, os gregos criaram os números irracionais. Até então, a raiz quadrada de 2 era 7/5, aproximadamente. A fração exata não era calculável – afinal, não sabemos exatamente o que é um número não exato...  Então criaram os números irracionais.

Na Renascença europeia considerava-se que todos os números já haviam sido descobertos. A representação lógica era a famosa “linha de números” – ou reta numérica. Uma linha infinita nas duas direções (positiva e negativa), com um 0 no meio e infinitos pontos representando infinitos números. As frações ficavam entre os números inteiros e os números irracionais ficavam entre as frações.

Então, como não poderia deixar de ser, alguém viu o que ninguém havia visto até então. No século XVI, o matemático italiano Rafaello Bombelli, interessado em extrair raízes quadradas, quando viu algo que lhe despertou a curiosidade.
1       1)      Qual é a raiz quadrada de “1”? Resposta: “1” e “-1”. Afinal: 1*1=1 e “-1”x”-1” = 1.
2       2)      Qual é a raiz quadrada de “-1”? Parecia que não havia resposta. Nenhum número multiplicado     por sigo mesmo resultará em “-1”.

Claro que os matemáticos não sabem responder simplesmente “não há resposta”. Criaram a resposta: números imaginários, ou “i”. Estes números foram criados apenas para responder a pergunta nº 2.

O problema dessa solução é que não há nada no mundo real que corresponda a um número imaginário. Despertou até análises de fundo filosófico, como a feita por Leibniz: “O número imaginário é um recurso ótimo e maravilhoso do espírito divino, quase um anfíbio entre o ser e o não ser.”

A partir do i, pode-se chegar às operações (2i, i/2...). Cria-se um universo de números imaginários equivalente aos números reais. A representação gráfica é uma linha numérica perpendicular à linha dos números reais, cruzando esta última na origem (o zero).

Os números agora não estariam restritos a um ponto numa linha orizontal, mas a todo um plano numérico, podendo ser complexos – parte real, parte imaginária, como “2 + 4i”, por exemplo.

Foi essa invenção que trouxe uma nova esperança a Euler, de poder usá-la para resolver o temível Último Teorema de Fermat. Ele percebeu que se incorporasse o número imaginário à sua prova, poderia viabilizar a descida ao infinito para n = 3. Infelizmente não funcionou para os demais n...

E assim o monumento humano à matemática foi, ao cabo, humilhado pelo desafio do “primeiro entre os amadores”.

Quando do falecimento de Leonhard Euler, o cenário era o seguinte: Fermat dera pistas aventando que não há solução para n=4, Euler provou a ausência de provas para n=3.

Bom, e quanto a todos os demais n, até o infinito? Veremos no próximo post.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “O último teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu as mais brilhantes mentes...”.


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