Pesquisar as postagens

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O PROBLEMA DE MATEMÁTICA MAIS DIFÍCIL DA HISTÓRIA: TEOREMA DE FERMAT – 7ª PARTE

Depois dos avanços realizados por Euler, ainda restava provar a ausência de soluções para o Último Teorema de Fermat para n = 5, 6, 7...

Uma observação importante é que a solução para n=4 serviria para os casos de n=8, 12, 16, 20... Pelo mesmo princípio, a solução para n=3 serve para n=6, 9, 12, 15...
São todos múltiplos dos números menores.

Outra observação interessante é que n=3 trata de um caso de número primo.

Apenas par relembrar: os números primos são, para a matemática, equivalentes ao átomo para a química. Todos os números podem ser decompostos em fatores primos. Ou seja, um número primo somente é divisível apenas por 1 e por ele mesmo; todos os outros números são múltiplos de números primos e chamam-se números compostos.

O entendimento acima é importante para a resolução do Teorema de Fermat. Caso seja demonstrada a solução para n igual a valores primos, automaticamente estará dada a solução para todos os não primos, haja vista os não primos serem simples múltiplos de números primos. Para demonstrar a solução para o nº 20 (não primo), basta demonstrar para 5, 7, 11, 13, 17 e 19.

Uma área da matemática que encontrou aplicações concretas muito interessantes no mundo real é o estudo dos números primos. Provavelmente a mais famosa é a criptografia, a codificação de mensagens secretas. No mundo da informática, desejasse enviar uma mensagem embaralhada, de forma a ninguém conseguir lê-la, exceto o destinatário desejado, que poderá decodificá-la e lê-la. A intenção é não peitir a interceptação e leitura da mensagem secreta.

Esse processo de codificação (o embaralhamento da mensagem) envolve o uso de duas chaves: uma secreta que, se aplicada ao contrário, também decodifica a mensagem. Dito isso, fica claro que a chave é o elo mais fraco. Inclusive um primeiro passo da segurança da informação é a troca regular da chave.

Mantendo-se nesse estágio, a codificação seria um processo tão difícil quanto a decodificação. O desafio dos matemáticos foi modelar um processo que fosse fácil de codificar, mas difícil de decodificar. Esse processo foi delineado na década de 1970. Esse modelo dividia a chave em duas metades: a metade codificadora, disponível ao público; a parte decodificadora seria mantida em segredo. A codificadora serve para enviar as mensagens criptografadas.

Em 1977, matemáticos do MIT perceberam, que os números primos seriam a base ideal para o processo: ficaria fácil de codificar e difícil de decodificar. Cada chave pessoal é formada por 2 enormes números primos (cada um com cerca de 80 dígitos). A multiplicação dos dois cria um número não primo inacreditavelmente longo. Codifica-se a mensagem com o número não primo; a decodificação ocorre pelo uso dos dois números originais – os fatores primos do número não primo.

O número não primo fica disponível ao público (chave pública). Os fatores ficam restritos ao proprietário. O desafio para quem quiser decodificar a mensagem sem que tenha as chaves privadas (os fatores) é criar um algoritmo que calcule os fatores que formam a chave pública. Contudo, fazer esse caçulo para um número de mais de 100 dígitos torna a tarefa impraticável, mesmo com computadores ultrarrápidos.

No mundo natural, um caso interessante foi a descoberta de cigarras “Magicicada septendecim”. Elas ficam debaixo do solo quase que sua vida inteira: 17 anos. Então ficam adultas e emergem em grande número, acasalam, põem seus ovos... E morrem.

A razão do ciclo de 17 anos é o fato de que seus parasitas possuem ciclo de vida de 2 ou 3 anos. Tendo evoluído para um ciclo de número primo, a probabilidade de elas emergirem em um ano coincidente com o de seus parasitas cai drasticamente. O sucesso foi tanto que não é mais possível encontrar esses parasitas, só fósseis deles... Como curiosidade, as cigarras com ciclo de 17 anos só encontrariam parasitas com ciclo de 2 anos a cada 272 anos. Compreensível que haja apenas fósseis ou parasitas que evoluíram para atacar outros insetos também.

E a jornada continuará em outro post.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “O último teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu as mais brilhantes mentes...”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário