Tempo é movimento. O
tempo que pode ser medido por meio de padrões cíclicos é o tempo que usamos
para reger nossa vida. Aqui entra a astronomia.
O Sol, por exemplo: é um imenso ponteiro, cujo relógio é o
céu. Possui um ciclo diário: nascer, ocaso. Esse é o ciclo solar curto. Se dividido,
teremos as horas.
O Sol constitui um calendário bastante eficiente.
E quanto aos movimentos do nosso Planeta? Sendo bem concisos,
poderíamos dizer que a Terra tem um movimento, assim como um carro tem um
movimento apenas quando o observamos em movimento. Porém esse movimento tem
componentes, que podem ser estudados separadamente.
Observando a Terra a partir do Polo Norte, veremos o Planeta
girando em sentido antihorário. A rotação, nome desse movimento componente do
movimento da Terra, completa dura 23h 56 min. Esse movimento é responsável pelo
surgimento dos astros no horizonte leste e seu ocaso no oeste. A duração da
rotação, se tivermos o Sol como astro em foco, teremos um “dia solar” – aquele com
duração de pouco menos de 24h. Se usarmos outro astro, “dia sideral” – “sidus” significa
astro em latim.
O segundo movimento era antigamente chamado de translação.
Porém o nome mais correto é revolução. O tempo que a Terra leva para completar
uma órbita em torno do Sol é chamado “ano solar”, e é igual a 365,256363 dias
solares – ou 365 dias, 6h, 9min e 9,8 s. Se for usado outro astro, “ano sideral”.
Porém essa foi a duração medida sem levar em conta
características e sutilezas locais. Em nosso calendário usamos o “ano solar”,
ou “ano trópico” com a duração de 365,24219 dias solares – ou 365 dias, 5h, 48min,
45,2s.
O movimento de revolução é um dos responsáveis pelas
passagens das estações do ano.
O eixo do planeta Terra possui uma leve inclinação em
relação ao plano da órbita: 23°27`. Esse efeito completa as condições para a
transição entre as estações do ano.
Resumindo: “Dia sideral” é tempo que a Terra leva para dar
uma volta completa em torno de si; “Dia solar” é tempo que o Sol leva para
passar duas vezes pelo ponto do “sol de meio-dia”, ou zênite. A diferença entre
os dois é de aproximadamente 4 minutos.
O dia solar, em média, durante o ano, tem a duração de 24h.
O eixo de rotação da Terra não é perpendicular ao plano da
órbita. A Terra realiza um movimento semelhante a um pião quase a ponto de
cair. Chama-se precessão e o movimento completo dura 26 mil anos. O ângulo
formado com o eixo principal é de 23°27`.
Este movimento explica a variação do Equador da Terra “bamboleie”
em torno do Equador
Celeste, criando os equinócios (sol igualmente incidente
sobre ambos os hemisférios da Terra) e solstícios (Sol incidente principalmente
sobre um dos Hemisférios).
Graças à precessão cria uma diferença no cálculo dos anos.
Um “ano sideral” é o tempo que a Terra leva para girar em torno do Sol. Um “ano
trópico” é o tempo entre um equinócio de inverno e outro. Graças à precessão,
esses períodos não coincidem.
Atualmente o equinócio de inverno (ou vernal) acontece na
Constelação de Peixes. A próxima era a trará para a Constelação de Aquário, em
2597... a famosa Era de Aquários ainda vai demorar um pouco.
No século XVIII os astrônomos descobriram mais um movimento
da terra: a nutação. A variação de 23°27` em relação ao eixo perpendicular à
órbita é um valor médio. Ao longo da órbita esse valor varia em cerca de 5`` de
arco (5 segundos). Essa variação é o movimento de nutação.
Existe também o movimento polar, que surge em razão de o
Planeta Terra ter acúmulo de matérias desigual em seus hemisférios.
O interior do Planeta não gira da mesma forma que a crosta
terrestre. Isso gera um movimento como um peso chacoalhando no interior da
Terra. Cria-se assim o movimento dos polos magnéticos.
A Terra não gira em torno da Lua. Na verdade as duas giram
simultaneamente em torno de si. Os dois astros criam um sistema Terra-Lua. Esse
sistema tem um ponto de massa comum, que
fica no interior da Terra – mas, claro, não coincide com o centro da Terra.
Isso cria um movimento extra da Terra.
Além disso, sabemos que o Sol está submetido a diversos
movimentos gerados por astros galácticos. Evidentemente ele arrasta a Terra e
cria mais alguns movimentos.
O estudo dos movimentos da Lua se assemelha com os da Terra.
A Lua executa rotação e revolução em torno da Terra. Como ambas têm o mesmo
período, chamam-nos movimentos síncronos. É a razão para vermos apenas uma face
da Lua.
Como vemos a Lua com incidência da luz solar em pontos
específicos, surgem as famosas fases da Lua: nova, quarto crescente, cheia e
quarto minguante.
Uma revolução lunar (em torno da Terra), ou mês sideral,
dura 27 dias e 8h, aproximadamente. Entre uma fase e outra iguais, como entre
duas luas cheias, existe um período chamado de lunação (ou mês sinódico), com
29,5 dias, aproximadamente.
Se tomarmos uma lua nova e esperarmos 27,3 dias, a Lua terá
completado sua órbita. Como o eixo da Terra se desloca, precisaremos de mais
dois dias para ver uma Lua nova de novo.
E aí? Achava que era fácil assim? J
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “O tempo que o tempo tem: por que o ano tem 12
meses e outras curiosidades...”
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