Células-tronco podem ser
encontradas em diversas partes do corpo: cordão umbilical, tecido adiposo,
polpa dentária... Em laboratório, uma das tarefas é diferenciar células, dando
origem a músculo, osso, cartilagem, gordura...
Os testes são realizados em
animais, na etapa pré-clínica. O último passo é saber como fazer as células
atingirem o órgão-alvo, que ela deve ajudar a restaurar.
Há diversos tipos de
células-tronco no nosso corpo, como as células-tronco embrionárias: podem se
diferenciar em qualquer tecido do corpo humano e só podem ser obtidas de
embriões congelados, com menos de uma semana após a fertilização. Mais recentemente
surgiu a técnica de reprogramação celular, por meio de células IPS – induced pluripotent
stem-cells. Este último consegue fazer o desligamento de genes específicos,
ativados durante o desenvolvimento celular. Assim, é como se fizessem o relógio
da célula girar ao contrário, até que voltem à condição embrionária.
Há também as células-tronco
adultas ou tecido-específicas, que surgem durante o desenvolvimento fetal e
permanecem no nosso organismo por toda a vida. Sabe-se que elas podem regenerar
tecidos iguais àqueles de onde foram retiradas, mas ainda não se conhece seu
potencial para se diferenciar em outros tecidos. Por exemplo, células-tronco
hemotopoéticas, retiradas da medula óssea, regenerem sangue – daí seu uso em
terapias de leucemia e anemias.
A grande polêmica levantada no
Congresso dizia respeito ao momento em que se inicia a vida, porque
estabeleceria um limite, a partir do qual a retirada de células-tronco passaria
a ser crime. Decidiu-se pelo estabelecimento do período durante o qual não há
atividade neuronal (no caso do feto, por ainda não se ter desenvolvido o
suficiente): esse período é de 14 dias.
As células-tronco embrionárias
são retiradas de embriões congelados que foram descartados em clínicas de
fertilização. Descartados é a melhor palavra, pois seus genitores se decidiram
por não inseminá-las. Após denúncia do PGR, o STF também decidiu pela aprovação
das pesquisas, sem restrições, em julgamento de Adin com esse objeto.
As próximas etapas dessas
pesquisas ainda procuram obter o controle total da diferenciação em tecidos
específicos.
Há casos que mais se aproximam da
polêmica do que da certeza médica. Pessoas desesperadas têm buscado tratamentos
com células-tronco oferecidos na China. Por valores entre 20 mil e 30 mil
dólares, além das demais despesas relacionadas, é possível fazer um tratamento
no Xishan Hospital, em Pequim, pelo Dr. Huang. Diz-se que as células usadas são
retiradas do trato olfativo de fetos abortados. Porém ainda faltam provas
científicas que convençam a comunidade médica internacional. O prazo de três
dias para que os pacientes comecem a sentir melhoras também é considerado
inverídico.
Existem também relatos de
pacientes que procuraram terapias semelhantes em Moscou. Nesse caso,
utilizam-se células-tronco neuronais retiradas de fetos. Também não há o embasamento
científico necessários.
As pesquisas com células-tronco embrionárias
possuem três finalidades: a primeira, substituir tecidos danificados; a
segunda, é para que sirvam como veículos para o tratamento de uma lesão; a
terceira, criar linhagens de genes com problemas para testes de drogas e de
terapias.
Importante ter consciência do
estágio ainda insipiente das pesquisas para que não sejamos ludibriados por
produtos que fazem uso das células-tronco como estratégia de marketing, para
aumentar as vendas, ainda que com promessas falsas.
Existem também as células-tronco
mesenquimais. As células embrionárias possuem a fantástica capacidade de se
diferenciar nos 216 tipos celulares do nosso corpo. Por sua vez, as células-tronco
mesenquimais - que podem ser encontradas no cordão umbilical, na polpa dentária
de dentes de leite, no tecido adiposo, nas Trompas de Falópio e até no sangue
menstrual -, podem formar tecidos muito importantes, como tecido muscular,
ósseo, cartilagens e gordura.
As pesquisas com elas podem
resultar em tratamento para mais de 20% das pessoas que passam dos 65 anos de
idade, pois necessitarão de terapia celular, segundo as estatísticas. Até o
momento, elas não foram rejeitas pelo organismo receptor.
Vamos torcer para que pacientes
brasileiros possam recorrer a hospitais e médicos brasileiros para ter acesso às
novidades terapêuticas que surgirão, sem ter de se deslocar para o Primeiro
Mundo para tanto.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “GenÉtica: escolhas
que nosso avós não faziam”.
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