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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E MESENQUIMAIS: GRANDES PROMESSAS PARA O FUTURO


Células-tronco podem ser encontradas em diversas partes do corpo: cordão umbilical, tecido adiposo, polpa dentária... Em laboratório, uma das tarefas é diferenciar células, dando origem a músculo, osso, cartilagem, gordura...

Os testes são realizados em animais, na etapa pré-clínica. O último passo é saber como fazer as células atingirem o órgão-alvo, que ela deve ajudar a restaurar.

Há diversos tipos de células-tronco no nosso corpo, como as células-tronco embrionárias: podem se diferenciar em qualquer tecido do corpo humano e só podem ser obtidas de embriões congelados, com menos de uma semana após a fertilização. Mais recentemente surgiu a técnica de reprogramação celular, por meio de células IPS – induced pluripotent stem-cells. Este último consegue fazer o desligamento de genes específicos, ativados durante o desenvolvimento celular. Assim, é como se fizessem o relógio da célula girar ao contrário, até que voltem à condição embrionária.

Há também as células-tronco adultas ou tecido-específicas, que surgem durante o desenvolvimento fetal e permanecem no nosso organismo por toda a vida. Sabe-se que elas podem regenerar tecidos iguais àqueles de onde foram retiradas, mas ainda não se conhece seu potencial para se diferenciar em outros tecidos. Por exemplo, células-tronco hemotopoéticas, retiradas da medula óssea, regenerem sangue – daí seu uso em terapias de leucemia e anemias.

A grande polêmica levantada no Congresso dizia respeito ao momento em que se inicia a vida, porque estabeleceria um limite, a partir do qual a retirada de células-tronco passaria a ser crime. Decidiu-se pelo estabelecimento do período durante o qual não há atividade neuronal (no caso do feto, por ainda não se ter desenvolvido o suficiente): esse período é de 14 dias.

As células-tronco embrionárias são retiradas de embriões congelados que foram descartados em clínicas de fertilização. Descartados é a melhor palavra, pois seus genitores se decidiram por não inseminá-las. Após denúncia do PGR, o STF também decidiu pela aprovação das pesquisas, sem restrições, em julgamento de Adin com esse objeto.

As próximas etapas dessas pesquisas ainda procuram obter o controle total da diferenciação em tecidos específicos.

Há casos que mais se aproximam da polêmica do que da certeza médica. Pessoas desesperadas têm buscado tratamentos com células-tronco oferecidos na China. Por valores entre 20 mil e 30 mil dólares, além das demais despesas relacionadas, é possível fazer um tratamento no Xishan Hospital, em Pequim, pelo Dr. Huang. Diz-se que as células usadas são retiradas do trato olfativo de fetos abortados. Porém ainda faltam provas científicas que convençam a comunidade médica internacional. O prazo de três dias para que os pacientes comecem a sentir melhoras também é considerado inverídico.

Existem também relatos de pacientes que procuraram terapias semelhantes em Moscou. Nesse caso, utilizam-se células-tronco neuronais retiradas de fetos. Também não há o embasamento científico necessários.

As pesquisas com células-tronco embrionárias possuem três finalidades: a primeira, substituir tecidos danificados; a segunda, é para que sirvam como veículos para o tratamento de uma lesão; a terceira, criar linhagens de genes com problemas para testes de drogas e de terapias.

Importante ter consciência do estágio ainda insipiente das pesquisas para que não sejamos ludibriados por produtos que fazem uso das células-tronco como estratégia de marketing, para aumentar as vendas, ainda que com promessas falsas.

Existem também as células-tronco mesenquimais. As células embrionárias possuem a fantástica capacidade de se diferenciar nos 216 tipos celulares do nosso corpo. Por sua vez, as células-tronco mesenquimais - que podem ser encontradas no cordão umbilical, na polpa dentária de dentes de leite, no tecido adiposo, nas Trompas de Falópio e até no sangue menstrual -, podem formar tecidos muito importantes, como tecido muscular, ósseo, cartilagens e gordura.

As pesquisas com elas podem resultar em tratamento para mais de 20% das pessoas que passam dos 65 anos de idade, pois necessitarão de terapia celular, segundo as estatísticas. Até o momento, elas não foram rejeitas pelo organismo receptor.

Vamos torcer para que pacientes brasileiros possam recorrer a hospitais e médicos brasileiros para ter acesso às novidades terapêuticas que surgirão, sem ter de se deslocar para o Primeiro Mundo para tanto.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “GenÉtica: escolhas que nosso avós não faziam”.  

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