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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

LIBERTARIANISMO: O QUE É, DE ONDE VEIO, AONDE IRÁ?


O surgimento do movimento libertarianista pode ser retrocedido até o início do declínio do liberalismo. Por toda a Era Progressista – que se estende da I Guerra Mundial até a II Guerra Mundial, atravessando o New Deal -, houve um entusiasmo muito grande por governos grandes entre os intelectuais americanos. Herbert Croly, o primeiro editor de “The New Republic”, escreveu “The Promise of American Life”, no qual disse que a promessa seria cumprida “não por... liberdade econômica, mas por uma certa medida de disciplina; não pela satisfação abundante de desejos individuais, mas por uma grande medida de subordinação individual e auto-negação.”

Mesmo o coletivismo excêntrico que se iniciava na Europa não era repugnante para muitos jornalistas “progressistas” e intelectuais americanos. Anne O`Hare McCormick relatou no New York Times nos primeiros meses do New Deal de Franklin Roosevelt:


“A atmosfera (em Washington) é estranhamente parecida com a de Roma, nas primeiras semanas após a marcha dos Camisas Negras; de Moscou, no início do Plano Quinquenal ...
Alguma coisa muito mais relevante que a legitimidade reveste o Presidente com a autoridade de um ditador. Esta autoridade é uma livre concessão, um tipo de procuração concedida por unanimidade...
A América, hoje, literalmente, pede que alguém mande ...
Não apenas o atual ocupante da Casa Branca possui mais autoridade que qualquer de seus predecessores, mas ele também preside um governo que tem mais controle sobre um número maior de atividades privadas que qualquer outro que já existiu nos EUA ...
(O governo Roosevelt) planeja uma federação de indústrias, trabalhadores e governo, seguindo a moda do Estado corporativo, como na Itália.”


Uns poucos liberais – como o jornalista Mencken – mantiveram-se calados. Havia de fato um conhecimento intelectual e popular naquela tendência em direção ao governo grande. O sucesso aparente do governo em pôr fim à Grande Depressão e à II GM deu ímpeto à noção de que o governo poderia resolver todos os problemas.

Cerca de 25 anos após o fim da II GM, um sentimento popular começou uma mudança gradual contra o megaestado.
Não muito tempo após a publicação de “Atlas Shrugged”, de Ayn Rand, em 1957, o economista Milton Friedman publicou “Capitalism and Freedom”, no qual argumenta que liberdade política não pode existir sem propriedade privada e liberdade econômica. Seu trabalho foi inspirado em economia monetária e lhe rendeu um Prêmio Nobel em 1976.

Por meio de sua obra, sua coluna na revista Newsweek, que durou muitos anos, e de seu livro e série de televisão “Free to Choose”, Friedman se tornou o mais proeminente libertário americano da geração passada.

Murray Rothbard, outro economista, alcançou menos fama, mas teve importante papel na construção de uma estrutura teórica para o pensamento libertário moderno e para o movimento político devotado a essas idéias. Rothbard escreveu um tratado econômico importante “Man, Economy and State”; uma história em quatro volumes da Revolução Americana, Conceived in Liberty; um guia conciso para a teoria dos direitos naturais e suas implicações, The Ethics of Liberty; um manifesto libertário bem popular, For a New Liberty; e um sem número de panfletos e artigos em revistas e jornais. Libertários comparavam-no tanto a Marx, o construtor de uma teoria político-econômica integral, e Lenin, o infatigável organizador de um movimento radical.

O libertarianismo teve sucesso e respeito acadêmico em 1974, com a publicação de “Anarchy, State and Utopia”, pelo filósofo de Harvard, Robert Nozick. Com inteligência e lógica, Nozick descreveu um caso, que chegava à seguinte conclusão:


“um estado mínimo, limitado às suas funções básicas de proteção contra agressões, roubos, (e) fraudes, que fortalece regras contratuais, e assim por diante, é justificável; que estados mais extensos violam direitos das pessoas, forçando-as a fazerem certas coisas, e isso é injustificável; e que estados mínimos são tanto inspirados quanto corretos;”


Por fim, defende a legalização de “atos capitalistas realizados entre pessoas adultas conscientes”. Nozick e Roehbard definiram o núcleo essencial do libertarianismo – basicamente uma reedição das leis de Spencer da liberdade com igualdade: indivíduos têm o direito de fazerem o que desejarem, desde que respeitem os direitos das outras pessoas, que são iguais aos seus. O papel do governo é proteger os direitos individuais de agressões externas e de vizinhos que matem, estuprem, roubem, assaltem, ou defraude outras pessoas.

E se o governo desejar fazer mais que isso, privará a todos de alguns de seus direitos e liberdades.


Rubem L. de F. Auto



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