Desde o início de sua carreira, Renato Russo carregava
consigo a imagem de um “profeta” das novas gerações, o “messias” do rock. Suas
letras, beirando a erudição, o elevaram ao patamar inquestionável de um poeta
da língua portuguesa. Ele cativou seu público fanático a ponto de criar um
estilo próprio de rock, indo além da influência inglesa. Seu timbre vocal e seu
estilo o levaram, no fim da carreira, a flertar com a música italiana.
Suas letras traziam o tom político que fascinava a juventude
que, nascida em tempos de autoritarismo, começava a respirar ares mais
liberais. “Geração Coca-Cola”, por exemplo, criticava a alienação juvenil,
tanto na sua vertente política (conseqüência de se viver num regime refratário
a críticas pela sociedade), quanto na sua vertente crítica (a cabo das campanhas
publicitárias que faziam aflorar a veia consumista das pessoas).
Mais à frente, usaria suas letras para declarar sua
bissexualidade. Após seu primeiro disco solo, The Stonewall Celebration, Renato
foi alçado ao status de representante e defensor da causa LGBT.
Musicalmente, sua banda era caracterizada como seguidora do
estilo comumente chamado de “rock inglês”. Trazia elementos pós-punk,
responsável pelas canções mais barulhentas, e repudiava músicos virtuosos. Renato era diretamente responsável por todos os aspectos da banda, desde as
letras à concepção artística.
Renato Russo nasceu em uma família relativamente abastada, freqüentou
boas escolas e morou fora do Brasil. Recebeu alcunha de nerd. Deu aulas de
inglês.
Após uma doença muito séria nos ossos, tornou-se uma
enciclopédia do rock, em razão das longas horas durante as quais lia e ouvia
tudo de rock. Também era fascinado por cinema. Anos depois, criaria um cineclube
com amigos, onde exercitava um de seus prazeres maiores, discutir sobre os
clássicos da sétima arte.
Nascido em 1960, como ele mesmo dizia, ariano com
ascendência em peixes, era filho do economista Renato Manfredini e de uma
professora de inglês, Maria do Carmo. Sua família era de descendentes de
italianos de Cremona. Todos, evidentemente, muito católicos.
Desde cedo chamado apenas de Junior, aos quatro anos tocava
piano. Aos cinco, lia e escrevia com facilidade. Estudou no colégio Olavo
Bilac, enquanto morou na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Tinha uma irmã,
Carmem.
Em 1967, vai morar nos EUA, com a família, quando seu pai é
transferido para uma agência em Nova York do Banco do Brasil. Junior contava
sete anos nessa época, quando então toma contato com a língua e a cultura
norte-americanas. A experiência internacional dura dois anos.
Em 1973, vão morar em Brasília, numa mansão na Asa Sul.
Aos 15, é diagnosticado com epifisiólise, doença que se
caracteriza por destruir tecidos cartilaginosos. A evolução da doença levou ao
desprendimento de um fêmur de Renato. Passa por uma cirurgia malfeita, que o
deixa um ano sem poder andar. Depois disso, passa a se locomover de cadeira de
rodas e, depois, passa a usar muletas.
Apesar desse sofrimento, nesse período ele toma aulas de
violão, lê e escuta músicas, tudo de maneira compulsiva. Também escreve e
desenha incessantemente.
Imaginariamente, cria uma banda – 42nd Street Band – e um
vocalista-líder a quem chama Eric Russel. Chega a criar entrevistas dadas pelo
seu ídolo imaginário.
Reprovado no vestibular para a UNB, matricula-se no CEUB,
onde cursa jornalismo.
Simultaneamente aos estudos, dá aulas de inglês na Cultura
Inglesa. Também se torna membro da mal-afamada “turma da Colina”: um grupo de
adolescentes “playboys” que se dirigiam a uma região de gramados e bosques,
onde bebiam e fumavam baseados.
Quando contava 17 anos, o Príncipe Charles veio visitar o
Brasil e aproveitou para participar da inauguração da nova sede da Cultura
Inglesa. Renato, com seu inglês perfeito, foi escolhido para saudar o príncipe.
Aproveita a respeitabilidade alcançada para convencer a escola a assina a
revista Melody Maker, publicação quase impossível de ser adquirida no Brasil.
Assim, mantém-se informado sobre seu ídolos estrangeiros.
Nessa época, também Renato começa a sair do armário.
Confessa-se homossexual à mãe. Apesar de pia, dona Carmem ama o filho. Entram
num acordo: ela aceita a condição de Renato, desde que não traga namorados para
dentro de casa.
Já no emprego, pouco a pouco revela uma personalidade muito
progressista para um ambiente bastante conservador. É demitido.
Morando numa cidade nem um pouco adequada, naqueles anos, a
jovens em busca de diversão, Renato e seus amigos de Brasília gastam seu tempo
planejando formar uma banda de rock. Ao lado do filho do embaixador da África
do Sul no Brasil, André Pretorius, e de André Muller, futuro fundador da Plebe
Rude, montam o conjunto Aborto Elétrico.
Essa banda só se extinguiria em 1982, após diversas
formações. Nessa banda são lançadas canções imortais, como “Geração Coca-Cola”
e “Que país é esse?”. A banda atraía jovens como Dado Villa-Lobos e Marcelo
Bonfá, futuros integrantes da Legião Urbana.
Após diversos desentendimentos internos, o baterista Fê
Lemos joga suas baquetas em Renato, que reage brutalmente no palco,
despedindo-se da banda. Passa então a se apresentar sozinho, com o nome de
Trovador Solitário. Adotou um estilo mais próximo de Bob Dylan. Leva consigo um
violão de 12 cordas.
As músicas compostas nessa segunda fase trazem letras
enormes e acordes muito simples. Desse período são os inesquecíveis clássicos “Eduardo
e Mônica” e “Faroeste Caboclo”.
Em 1982 surge enfim a banda Legião Urbana. Mas a formação
orginal ainda sofreria modificações. Os integrantes eram Marcelo Bonfá, Eduardo
Paraná e Paulo Paulista. A influência musical ficava por conta dos ingleses do
The Cure e The Smiths. Também muda o nome com o qual se apresenta para Renato
Russo.
Após idas e vindas, a banda se estabiliza com a formação
mais famosa: Renato, Marcelo e Dado. Faz parte das músicas do primeiro show o
clássico “Ainda é cedo”.
Um dia, em estúdio, os Paralamas do Sucesso gravaram a faixa
“Química” para um álbum da banda. Os executivos da EMI adoraram a letra e foram
à procura do autor. Poucos meses após, a Legião estava com contrato assinado
com a gravadora.
A personalidade depressiva de Renato havia se manifestado,
de maneira quase trágica, entes de firmar esse contrato. Renato havia cortado
os pulsos. Não alcançou o suicídio pretendido, mas perdeu o movimento das mãos
por algum tempo, tendo de fazer sessões de fisioterapia. Como tocava baixo na
época, escalaram Renato Rocha – o Negrete - para assumir o instrumento.
Após vários desentendimentos com a direção artística da
gravadora, e tendo lançado mão do jornalista Zé Emílio Rondeau para aplacar os
ânimos e trazer uma linguagem mais jovem, típica do rock, a banda lança em 1985
seu álbum de estréia: Legião Urbana. O disco só estoura no final do ano, mas a
gravadora, que espera vendas em torno de 5 mil cópias, surpreende-se com a venda
de 50 mil discos. Esse disco continuaria vendendo bem ao longo dos anos.
O segundo álbum, Dois, vendeu mais de 1 milhão de cópias. O
sucesso é estrondoso e, após apenas dois álbuns, a banda passa a ser chamada de
Religião Urbana, em referência ao comportamento fanático e ensandecido do seu
púbico.
Após o lançamento do terceiro álbum, “Que país é esse?”, de
1987, a banda não poderia mais se apresentar em locais pequenos. A partir de
então, somente estádios comportariam tamanho sucesso.
No ano seguinte, 1988, Renato se sente à vontade para se
assumir homossexual publicamente. À revista “Isto É”, responde: “Isso faz parte
da minha vida, não é um problema. Reafirmo a minha homossexualidade para evitar
que as pessoas passem pelo que passei: achar que era doente, que era estranho,
que ia morrer e seguir direto pra o inferno. Para ter a liberdade de ser quem eu
sou.”
Com relação ao público, nada mudou.
Ainda em 1988, ocorreu um dos eventos mais trágicos
enfrentados pela banda. Em um show no estádio Mané Garrincha. Ansiosamente
aguardado pelo cantor, tudo termina em caos. Ainda bem antes de a apresentação
começar, policiais a cavalo se digladiavam com parte do público, numa praça de
guerra ainda do lado de fora.
O estádio só tinha uma passagem, servindo tanto para entrada
como saída. Quando o show começa, metade do público ainda está do lado de fora.
Quando a banda abre o espetáculo com “Que país é esse?”, são
recebidos com bombinhas no palco. Na quarta música, um fã invade o palco e se
joga sobre Renato. Começa a pancadaria de seguranças contra público. Renato
distribui agressões verbais contra a platéia: “Isso é coisa de garoto que não
consegue arrumar namorada e fica se masturbando no banheiro. Eu consegui chegar
aonde eu queria. Eu to rico! E vocês, o que vocês são? Vocês pagam para
assistir ao show, e quem ganha dinheiro sou eu. Eu me dei bem na vida. Só que o
show acabou! Acabou!”.
As vais contra a banda reverberavam nos muros do estádio.
Renato está decepcionado com a cidade. Diz que é maldição, conseqüência dos
milhares de candangos mortos durante a construção da cidade.
O resultado da pancadaria generalizada: 400 feridos, 60
presos, 64 ônibus depredados, o estádio quase abaixo. Vêem-se camisas da banda
sendo queimadas, discos quebrados, pixações “Fora Legião!”. Marcelo e Dado
voltam ao Rio. Renato ainda fica na cidade.
Anos depois, Renato diria: “Cho que existe uma maldade muito
grande por parte de certas pessoas do público se elas saem de casa com bombas e
entram no estádio com bombas para jogar no artista. O que nós fizemos foi nos
defender. E colocar a nossa opinião. E eu não desminto nada do que eu falei.”
Renato também passa a ser acometido por crises de solidão.
Abre-se aos fãs: “Eu to aqui, com vocês. Vocês vão para casa, dormir com a
pessoa que vocês amam. Eu vou voltar para o meu quarto de hotel, sozinho.”
Passa a ser visto virando a noite na piscina dos hotéis,
completamente bêbado. Diferente dos amigos de banda, que passam as horas livres
com amigos e família, Renato se sente abandonado.
Chega a cancelar turnês e shows e voltar para casa, onde se
afundava na bebida e nas drogas. Seu coquetel era: uísque, cocaína e, depois,
heroína. Já sofrendo de alcoolismo, chega a permanecer 48 horas bebendo sem
dormir, tornando-se agressivo contra amigos e familiares.
Pouco após, grava o álbum “As quatro estações”. Contando com
faixas inspiradíssimas, o disco vendeu mais de 1 milhão de cópias. A gravação se
atrasou, após a saída de Negrete. Fazem parte do álbum: “Meninos e Meninas” e “Maurício”–
claras referências à sua sexualidade; “Monte Castelo”, onde funde passagens da
Carta de São Paulo aos Coríntios com a poesia Lusíadas, de Camões. Em “1965
(Duas tribos)”, faz críticas políticas, tocando no tema das torturas durante a
ditadura militar.
Este é o álbum predileto de Renato.
Em 1989, nasce Giuliano, filho adotivo de Renato.
Inicialmente morando com Renato, mas sob os cuidados de uma babá, a criança vai
em seguida para a casa dos avós, em Brasília, após dona Carminha convencer o
filho de que a criança precisa de um ambiente mais estável.
Embora tenha sustentado algumas histórias sobre a mãe da
criança, Renato se recusa a fazer um exame de DNA. Sua opção sexual e a falta de
um companheiro fixo mexem muito com Renato, que declara: “A relação com meu
filho é complicada. Uma coisa que eu não resolvo, empurro com a barriga. Como
eu vou falar para o Giuliano que eu sou roqueiro e gay?”.
Denise Bandeira, escritora, atriz e amiga de Renato, vendo o
consumo compulsivo de drogas pelo cantor, leva-o a uma clínica de
desintoxicação. Lá passa 29 dias e compõe a canção “Vinte e nove”, em 1993.
Também durante esses 29 dias abate-se sobre ele seu pior pesadelo:
contraiu AIDS. Renato jamais admitirá a doença. Ele enfrenta sozinho toda a Via
Crucis que um aidético era obrigado a enfrentar naqueles tempos.
Vai morar em Ipanema, num apartamento simples, ao menos para
quem havia faturado uma verdadeira fortuna até então. Mostra-se completamente
desequilibrado emocionalmente, alternando momentos de euforia com fortes
depressões.
Em 1990, em NY, Renato conheceu Robert Scott,
norte-americano e provável único relacionamento significativo na vida de
Renato. Viciado em anfetaminas, Robert convive por dois anos com o cantor, ora no
Rio ora em San Francisco.
O relacionamento termina em 1993, quando Renato declara: “Acho
que vou passar uns dez anos escrevendo músicas do tipo ‘meu amor partiu’”.
Em 1991, lançam o álbum “V”, que bate 500 mil cópias
vendidas. Tanto a doença como as intermináveis bebedeiras, ainda no estúdio
durante as gravações, garantem um ar sombrio ao álbum.
A ausência de Renato Rocha do baixo torna-se um problema
para o grupo. Tentam alguns nomes, mas nenhum satisfaz Renato.
A música “A montanha mágica” traz a experiência musical de Renato
com a heroína: “Minha papoula da Índia, minha flor da Tailândia. És o que tenho
de suave. E me fazes tão mal.”
Em 1992, lançam “Música para acampamentos”. Álbum duplo,
traz uma apanhado de sucessos, ao vivo ou em estúdio.
No ano seguinte, sai ‘”O descobrimento do Brasil”.
Percebe-se uma ponta de otimismo nas canções, em razão dos progressos da
medicina no tratamento da AIDS. Também, nesse período, Renato consegue
abandonar a dependência química.
Declara ter largado o álcool por meio do programa “Os doze
passos”. Também declara não ter vontade de morrer, não desejava ser enterrado
como mártir. Admite sua fraqueza em relação às drogas e diz ter aprendido que
não é o tipo de pessoa que consegue conciliá-las com uma vida normal.
Outro evento que afetaria a banda por muitos anos após a
partida de Renato, foi o registro da marca Legião Urbana, feito apenas no nome do
vocalista. Giuliano, seu filho e herdeiro dos direitos autorais, terá problemas
com Marcelo e Dado futuramente.
Mas as questões ligadas ao coração ainda o destruíam por
dentro. À Folha de SP, disse: “Será que vou ter que ficar uma tia velha, será
que vou ter que ficar sozinho? Será que tenho que desmunhecar, será que sou uma
bicha louca? Eu já namorei mulheres, tenho um filho. Mulher é uma coisa
fabulosa, mas por mulher eu sinto um respeito demasiado. Com mulher, parece que
eu estou sempre transando com uma amiga.”
Em 1994, sai do forno o primeiro sucesso de disco solo de
Renato: The stonewall celebration. Disco em que é apenas apenas intérprete, com
uma seleção de sucessos em inglês, que ele ouvia com Roberto Scott.
O nome é fazia referência ao conflito que houve em NY,
quando gays freqüentadores de um bar em NY enfrentaram a polícia, em uma série
de confrontos. Vendeu 200 mil cópias.
Mas o que ganhava mesmo as manchetes eram os rumores sobre o
HIV. Por sua vez, Renato se recusava absolutamente a comentar sobre a doença.
Em 1995, dá cabo de um ambicioso projeto, Equilíbrio
Distante. Composto por músicas pop italianas, encara como uma homenagem às
descendência italiana de sua família. O disco vendeu 500 mil cópias. Mas o álbum
demora para ficar concluído devido às recorrentes crises depressivas do cantor.
Apesar do avanço da doença, Renato se debate contra a
necessária internação. Está muito debilitado e é frequentemente acometido por doenças
oportunistas. Renato acompanhou todo o sofrimento por que passou seu amigo
Cazuza, que teve toda a rotina do tratamento de sua doença publicado nos
jornais. Ele sabe que a imprensa ficará de plantão na porta do hospital, e ele
não deseja isso para si.
O disco “A tempestade ou O Livro dos Dias”, foi gravado em
1996, com os demais integrantes, apenas três meses antes de morrer. Devido a
acessos de tosse, faltas de ar e quedas de pressão as gravações eram
recorrentemente interrompidas. O clima no estúdio estava muito deprimido, com
todos lamentando ver o amigo morrendo aos poucos diante de seus olhos.
O farto material gravado é suficiente para um lançamento
póstumo, “Uma outra estação”.
Monta uma UTI em casa, para onde se recolhe após as
gravações. Após pioras, sofre de anorexia nervosa. Para de comer, e sua saúde
vai ao fundo do poço. Sem ânimos para lutar contra o que parecia inevitável,
abandona toda a medicação.
Seu pai vai morar no apartamento do filho e acompanha seus
últimos meses. Três semanas antes de falecer, cessam os barulhos de
instrumentos, que costumavam soar de seu apartamento.
Tendo ouvido sobre a morte de Renato, Dado corre para o
endereço do amigo. Lá, encontra o Sr. Manfredini chorando compulsivamente.
Junior definha na cama: não come, não fala nem se levanta. Sua mãe, Carmem,
toma coragem e viaja para ver o filho. Quando chega ao Rio, Junior já se fora.
Seu corpo foi cremado e suas cinzas, lançadas no parque
Burle Marx. Onze dias após, Marcelo e Dado anunciam o fim da banda.
Ao todo, foram mais de 20 milhões de discos vendidos, vendas
essas que não cessaram. Pelo contrário, após algumas décadas seguem bastante
expressivas.
Como se lia nos encartes dos seus discos: Urbana Legio Omnia
Vincit – A Legião Urbana a Tudo Vence.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A vida louca da
MPB”
Muita mentira nos relatos, equívocos de datas, de acontecimentos, falta de respeito e de verdade.
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