Em 18 de outubro de 1939, Hitler deportou mais de 12 mil
judeus poloneses que viviam na Alemanha. No entanto, apenas 4 mil receberam
autorização para ingressarem na Polônia. Os milhares restantes vagavam num
limbo, na fronteira entre os dois países.
No dia 7 de novembro de 1938, Herschel Grynzpan, judeu residente
na França, soube que sua família era uma das que padeciam na “terra de ninguém”,
sem comida, água ou teto, invadiu a embaixada alemã em Paris e matou Ernst von
Rath, um diplomata alemão.
O episódio foi explorado na Alemanha, de modo servir de
estopim para uma série de reações antissemitas por todo o país. Grupos de
jovens percorreram Berlim quebrando vitrines de lojas com barras de metal e até
com armas de fogo. Os alvos eram lojas pertencentes a judeus. As mercadorias
eram espalhadas pelas ruas e saqueadas.
No dia seguinte, a contabilidade apontava 91 judeus mortos;
11 sinagogas incendiadas; rolos de Torá destruídos; milhares de judeus presos e
encaminhados para campos de concentração. O dia 9 de novembro de 1939 ficou
conhecido como Kriltallnacht, ou Noite dos Cristais.
Quando interpelado, Goebbels declarou acerca da infâmia: ele
“aprovou abertamente a onda de terrorismo, destruição e incêndio que varreu a
Alemanha”, e prometeu que “haveria novas leis antijudaicas, para uma solução
ampla do problema judaico, de maneira a equiparar o status dos judeus na
Alemanha com o sentimento popular antissemita.”
Um leitor atento do jornal Herald Tribune escreveu: “o
aspecto mais nobre da civilização moderna, isto é, o respeito pela vida humana,
foi abandonado no momento na Alemanha. Embora os assuntos internos da Alemanha
sejam algo que diz respeito apenas aos próprios alemães (...) há certas
práticas que são tão revoltantes para a humanidade, tão degradantes para a
civilização, tão aviltantes para o espírito humano, que a ausência de protesto
contra elas é quase que o equivalente a aprová-las.”
(Continua!)
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Quando os livros foram à guerra”
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