Alexander Graham Bell era um inventor escocês cujo interesse
era desenvolver algum aparelho que auxiliasse pessoas surdas. Após se mudar para
Boston e se unir ao engenheiro elétrico Thomas Watson, criou um dispositivo
para envio de frequências sonoras por um fio elétrico. Em 1876, conseguiu
patenteá-la.
Apresentou sua invenção à Companhia de Telégrafos Western
Union, maior empresa dos EUA. Esta, por sua vez, achou o valor de 100 mil
dólares abusivo e recusou a oferta.
Perante tal resposta esnobe, Bell se lançou aos negócios, e
obteve retumbante sucesso. Após atritos, a Suprema Corte reafirmou os direitos
de Bell sobre sua invenção. A Western Union aceitou um acordo e se afastou das atividades
ligadas a telefonia – mantendo seu monopólio sobre telegrafia. Demonstrando
total incapacidade de prever os passos da indústria de comunicação, esse acordo
abriu uma larga avenida à frente de Bell.
A telefonia também modificou o mercado de trabalho para as
mulheres. Eram necessárias centrais que conectavam que ligava a que recebia a
ligação. Como esse trabalho implicava escutar parte da conversa alheia, as
empresas buscavam jovens mulheres solteiras: as “garotas do alô”.
Em 2009, uma estudante canadense chamada Genevieve Von Petzinger
elaborou uma interessante dissertação de mestrado. Ela pesquisou sobre símbolos
geométricos rabiscados em paredes de cavernas na França. Ela elaborou um
catálogo completo de todos eles, haja vista que apenas alguns haviam sido
estudados. Ela e sua orientadora criaram uma base de dados com todos os
símbolos de 146 cavernas francesas. Descobriram que não se tratavam de riscos
aleatórios, mas formavam uma lista de 26 símbolos comuns a todos os inscritos:
quadrados, mãos, linhas, pontos, espirais, redemoinhos, ondas e outros. Seria
uma espécie de protoalfabeto da Idade do Bronze.
No entanto, o provável primeiro sistema de escrita
totalmente desenvolvido foram os hieróglifos egípcios e a escrita cuneiforme
dos sumérios. Esta última é de 5.200 a.C. Por curiosidade, hieróglifo é uma
palavra egípcia para escrita sagrada, por ser usada apenas em contextos
religiosos. A escrita cotidiana era feita chamada hierática (depois rebatizada
para desmótica), feita em letras cursivas.
Quanto ao papel, recebeu seu nome a partir dos rolos de
pergaminhos egípcios, feitos com tiras de papiro entrelaçadas. Essa tecnologia
data de 4.500 anos atrás. Mas o papel em si foi uma invenção chinesa de
aproximadamente 2.000 anos. Despolpavam-se fibras de celulose, em vez de entrelaçar
tiras de plantas.
Os egípcios usavam como caneta um pedaço de junco cortado
diagonalmente na ponta. A tinta era feita de minerais e poderia ser na cor
vermelha ou preta.
Na Mesopotâmia da Idade do Bronze, o idioma sumério era
escrito de acordo com o sistema cuneiforme, gravado em tábuas de argila mole,
que depois iam ao forno. Nasceu como um sistema de inventário, com
representações para as trocas de mercadorias. O aumento da complexidade das
atividades comerciais levou ao incremento da escrita sumério.
Os fenícios, povo marítimo que surgiu no atual Líbano,
levaram o sistema cuneiforme que incrementaram a diversos lugares, a reboque
das colônias que fundaram em todo o Mediterrâneo. Era um alfabeto composto por
22 letras consonantais.
No Oriente, o alfabeto cuneiforme se misturou ao aramaico,
dando origem às escritas hebraica e arábica. Os gregos introduziram as vogais ao
alfabeto fenício. Essa foi a versão adotada pelos etruscos, que seriam
destruídos pelos romanos. Estes deram surgimento a um alfabeto de 23
caracteres, entre vogais e consoantes, porém alijados das letras J, U e W.
Quando em seu auge, o Império Romano utilizava mercenários germânicos.
Eles levaram o alfabeto latino para o norte, onde se misturou à cultura local e
deu origem ao alfabeto saxão.
No século IX, o alfabeto grego foi atualizado por um monge
discípulo de São Cirilo: tornou-se o alfabeto cirílico. Esta é a mesma base da
escrita russa – e búlgara.
A escrita romana se desenvolveu também para se adequar aos
nascentes idiomas europeus. Estes eram apenas desvios do latim padrão, que
deram à luz o francês, o espanhol, o italiano etc. Também é a origem do
alfabeto inglês de 26 letras.
Há 2 mil anos, o livro, à época chamado códice, foi um solta
tecnológico sem par. Era portátil, podia ser folheado. Crê-se que foi a
tecnologia que desbancou as demais religiões existentes no século I em favor do
cristianismo. São Paulo era notável com seu caderninho dobrado, que carregava a
tira colo.
Embora revolucionários, os códices (ou livros) ainda
deveriam ser escritos linha a linha, palavra por palavra. Este era o trabalho
dos escribas medievais. Embora fossem profissionais bastante comprometidos com
sua missão, rabiscos feitos por eles nas margens dos textos comprovam o sofrimento
a que se submetiam: “Graças, a Deus, logo vai escurecer!”, “A escrita é uma
labuta excessiva. Dói as costas, prejudica a visão, revira o estômago e os
flancos”, “Ai! Minha mão!”.
Hoje, podemos nos informar por rádio, televisão, internet,
jornais, revistas etc. NA Europa medieval a fonte primária de informações era o
púlpito da igreja local – fora isso, boatos, nos dias de mercado, quando a
cidade recebia pessoas de outras partes. Assim, a Igreja e a Coroa mantinha o
controle sobre a sociedade: monopólio dos meios de comunicação de massas,
sustentado pelo domínio da arte da leitura.
Esse monopólio foi quebrado por um ourives alemão chamado
Johannes Gansefleisch, depois rebatizado para Johannes Gutenberg. Os chineses
do século VIII já conheciam uma máquina de imprensa, porém feita por tipos de
blocos de madeira. Gutenberg, no século XV criou-os de metal, permitindo reutilização
quase infinita. Agora não méis eram necessários os monges escribas enfurnados
em scriptoria, ou suas contrapartes profissionais em universidades.
Se os escribas escreviam em média cinco páginas por dia,
agora produziam-se 3.500 páginas por sessão de impressão.
As consequências de nova tecnologia levaram às publicações
de Martinho Lutero e à Revolução Protestante. A era do controle estatal e da
Igreja sobre as comunicações ficara para trás.
Por sua vez, o que conhecemos como jornalismo pode ser
traçado até 2 mil anos atrás. No apogeu do Império Romano havia a Acta Diurna,
uma espécie de gazeta diária. Trazia um resumo de notícias políticas,
escândalos, batalhas, litígios judiciais. Porém não circulava: ficava grava em
madeira, pendurada no Fórum.
As notícias como as conhecemos somente passaram a circular
no século XVI, com o surgimento do panfleto. Era uma espécie de blog impresso,
vendido aos interessados. Iniciou-se no ambiente anti-Igreja Católica, mas logo
se expandiu para outros temas.
O primeiro jornal da história foi impresso em alemão, em
Strasburg, pelo senador local Johann Carolus, em 1605. Imprimiu até um apanhado
das notícias impressas ao longo do ano, numa espécie de retrospectiva.
O impulsionador do jornalismo na Grã Bretanha foram as
guerras internas entre Coroa e Parlamento, a partir de 1640. Ambos os lados
publicaram seus títulos: Kindome`s Weekly Intelligence e Meucurius Aulicus.
Algum tempo depois a liberdade de imprensa passou a ser
atacada por Carlos II. Porém a sede de informação levou a outras maneiras de se
obter as novidades. A partir de 1650, as recém fundadas cafeterias londrinas
cumpriram esse papel. Por 1 penny apenas, bebia-se um bebida exótica da Turquia
e lia-se as últimas do dia.
Uma dessas casas era conhecida como Jonathan`s Coffee House,
sempre lotada de mercadores anunciando em alto som seus preços: tornou-se a
Bolsa de Valores de Londres.
A liberdade de imprensa na Inglaterra só se tornou sólida
com a revogação do Ato de Regulação 95, por Jaime II, em 1695.
Em 1702, o primeiro jornal diário surgiu na Inglaterra: The
Dailly Courant.
Por sua vez, durante sua guerra de independência, a América
tinha 376 jornais. Em 1871, eram 5.781, produzindo 20 milhões de cópias.
O telégrafo levou essa expansão ainda mais longe.
O telégrafo elétrico surgiu da manipulação do poder de eletroímãs.
Ele girava um direcionador acoplado a uma tábua com letras inscritas.
Em 1856, esse artefato foi usado pelo jornalista W. Russel
para transmitir notícias da Guerra da Criméia colhidas apenas no dia anterior,
para o The Times.
O aumento no ritmo do jornalismo fez nascer, em 1851, a
Agência de Notícias Reuters, fundada pelo alemão Paul Julius Reuter.
Devido ao apoio governamental, os EUA contaram rapidamente
com a maior rede de telégrafos do mundo. Em 1850, eram 37 mil km. Porém, nesse
ponto, a tecnologia mais atual era a máquina de Samuel Morse, que utilizava
batidas como código: pontos ou traços. O Código Morse acelerou sobremaneira a
comunicação, desde que realizada por operadores íntimos do código. Faziam-se 10
palavras por minuto.
A questão da infraestrutura de comunicação afligiu a
diversos governantes. Em Roma, os tabellarius, mensageiros que levavam consigo recados
trocados entre pessoas, por toda a cidade, foram substituídos pelo marcante
Cursus Publicus, por ordem de Augusto. Tratava-se uma rede enorme de estações
de retransmissão postas em pontos específicos da rede de estradas romanas.
Abarcava todo o Império e eram utilizados carruagens e carrinhos puxados por
animais. Todo o povo poderia utilizá-lo. São Paulo de Tarso foi um notório
usuário, espalhando suas epístolas, sem ter de deixar seu lar.
A inspiração foi persa, mas o auge foi obtido pelo califado
árabe, com 930 estações de retransmissão em funcionamento.
A Idade Média, no entanto, a única rede de comunicação
disponível era a rede interna formada por monges, bispos, clérigos e cardeais.
Henrique VIII fundou o Correio Real, com as características
que julgava convenientes a si mesmo: centralizado e abriu uma por uma cada
carta que considerava passível de confiança. Em meados do século XVII, no
entanto, abriu suas portas para o público. Mas as interceptações se estenderam
até 1844. Ou até hoje, caso pensemos no que fazem com nossos e-mails...
Muitas disputas depois, que envolviam empreendedores
desejosos de explorar o mercado de correios, alguns progressos se
notabilizaram. Em meados do século XIX existiam empresas privadas de entrega de
correspondências, e Rowland Hill criou o selo de cartas, permitindo assim que
agora o preço fosse pago pelo remetente, não mais pelo destinatário. O primeiro
deles chamava-se Penny Black, lançado em 1840.
O passo seguinte foi dado pensando na privacidade: criou-se
o envelope. Depois, por influência francesa, espalharam-se caixas de correios
pelas ruas.
A colaboração entre os diversos sistemas de correios dos
diversos países trouxe agilidade e confiabilidade a comunicações
internacionais.
Algumas características permaneceram, como nos golpes
inventados por conta da novidade em facilidade de comunicação.
Rubem L. de F. Auto
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