A história do conflito na Síria envolve muitas histórias. É
a história de um governo que pretendia preservar seu futuro apelando para
repressões violentas; é a história de desertores das forças armadas que
resolveram pegar em armas; é a história da emergência de diversos grupos
jihadistas estrangeiros.
É também a história de iniciativas de paz e de cessar-fogo fracassados,
de intervenções externas por parte de diversos países, e de milhões de
refugiados, além de uma crise de refugiados de proporções épicas.
O ISIS é uma ameaça que não vai se resolver com o fim do
conflito. Embora a criação do grupo não seja uma responsabilidade a ser
carregada apenas pelo governo sírio, embora a capacidade de expansão, tanto em
termos de amplitude, como de velocidade, seja derivada diretamente da guerra
interna e das circunstâncias favoráveis no Iraque, à época.
O ISIS se expande na guerra, na instabilidade e no descontentamento,
os quais geram vácuos para seus militantes, os quais se veem como um Estado de
verdade, com todas as responsabilidades daí decorrentes.
Além do mais, o ISIS é uma marca e uma ideologia que não
desaparecerão, ainda que todo o território sob seu controle seja recuperado. Em
maio de 2016, o porta-voz do ISIS Abu Muhammad Al-Adnani revelou uma gravação na
qual admitia a perda de territórios e prometia que qualquer perda, no futuro,
de Raqqa, Mosul e a morte de Abu Bakr Al-Baghdadi não significariam a que eles teriam
sido derrotados.
Em todos os documentos oficiais, emitidos pelas Nações
Unidas e pela Liga Árabe, o conceito de que se deve respeitar a soberania do país
está presente. No entanto, como o conflito levou a extremos, o sectarianismo
preexistente – além das questões étnicas – se aprofundou. Mas esse conceito
está sendo constantemente enfrentado por quem defende medidas alternativas de
longo prazo. Estarão os alawitas seguros num oaís de maioria sunita e, agora,
no comando? E quanto às fronteiras?
É possível que o país seja dividido de acordo com os credos
religiosos e filiações étnicas.
Alternativamente, esse conflito pode ter apenas contagiado
vizinhos na região, antecipando conflitos bem maiores.
Enfim. O tempo dirá...
Rubem L. de F. Auto
Fonte:
livro “The Syrian Civil War: The History of the 21th Century Deadliest
Conflict”
Nenhum comentário:
Postar um comentário