Acredita-se que a palavra inglesa
para animal doméstico de estimação, “pet”, vem do século XVI e se trata de uma
abreviação da palavra francesa “petit” – pequeno -, que era usada para crianças
mimadas. De fato, a história registra testemunhos os mais diversos de pessoas
qye amavam de seus pets como a filhos.
Antropólogos registraram mulheres
indígenas nas Guianas e na Austrália amamentando filhotes de outros animais,
como macacos e veados – até os criando quando suas mães morriam. Santa Verônica
Guiliani, do século XVIII, notabilizou-se por amamentar um “cordeiro de Deus”,
como o chamava.
Na Caverna de Goyet, na Bélgica,
foi encontrado um crânio de 31.700 anos. Assemelhava-se a um lobo. No entanto,
a análise de seu DNA demonstrou que se tratava de uma criação de liberada de
uma espécie a partir do lobo.
Realizar o adestramento de um
lobo adulto é impossível. A probabilidade mais factível era pegar um filhote de
lobo e socializá-lo em meio a espécimes humanos. O cruzamento entre dois
exemplares que passaram pela mesma experiência, os descendentes passaram a
apresentar comportamento menos agressivo. Algumas gerações após, o lobo uivante
e selvagem se materializou num dog latindo atrás dum chinelo.
A utilidade dos cachorros pode
ser traçada desde o Egito Antigo. Ilustrações em tumbas do cemitério de Beni
Hasan mostram diversas espécies de caninos: cachorros de corrida, mastis
ferozes, quase-bassês caseiros e outros que lembravam raposas.
As mulheres aristocratas de Roma adoravam pets. Os
aristocratas europeus cuidavam com esmero de seus cães de caça: limpavam suas
patas, limpavam seus dentes, arrumavam suas camas...
Um famoso adorador de cães foi George Washington. Típico
cidadão do século XVIII, era fã de caçadas. Tinha várias raças de cães:
spaniels, pastores, terriers, terras-novas, dálmatas e outros. Ao combinar cães
de caça ingleses com franceses, criou uma nova raça americana.
Os felinos também nos acompanham há muito. A primeira
evidência de convivência de humanos com felinos foi descoberta no Chipre,
Shillourokampos. Data de 9.500 anos atrás – período Neolítico. Trata-se de uma
cova com fósseis de um humano do sexo masculino e de um gato, a poucos centímetros
dele. Como os ossos do felino são bem mais compridos do que os dos felinos
atuais, deveria ser uma raça ainda selvagem.
Após a invenção da agricultura, ratos passaram a ser
atraídos pelos silos cheios. Felinos devem ter atacado alguns ratos, recebido
um carinho de retribuição e uma função importante nas sociedades em emergência.
Há cinco espécies de gatos selvagens, mas todos os gatos
domésticos descendem do gato-selvagem-africano (Felis silvestris lybica)...
exatamente aquele de Shillourokambos.
Os egípcios eram famosos veneradores de gatos. Mumificavam
seus felinos antes de enterrá-los em um local específico para eles: a cidade sagrada de Bubastis. Também raspavam
suas próprias sobrancelhas, para demonstrar toda a consternação pela morte do companheiro.
O amor entre egípcios e gatos era de tal grau de
incondicionalidade que um rei persa, Cambises II, mandou que seus soldados
carregassem gatos no consigo por ocasião da Batalha de Pelúsio. Assim, eles não
atirariam suas flechas contra os inimigos.
O islamismo e o hinduísmo são conhecidos por preferirem
gatos a cachorros. Creem que são animais mais limpos. Na Idade Média, eram
adorados por caçarem roedores.
No entanto, o período medieval testemunhou o crescente ódio
aos gatos, também. Eram associados e mercenários leais apenas a quem os
alimentasse. Escritores os associavam à sexualidade feminina e à prostituição.
Com fundo bíblico, somado aos temores de eras bastante supersticiosas, os gatos
passaram a ser associados a bruxas, portanto impassíveis de confiança.
A corte chinesa oscilou um pouco em torno de quais seriam
seus pets preferidos. Por volta de 1.000a.C. alimentadores de cães chamados
chancien incumbidos de cuidar dos cachorros reais – pequineses. Na Dinastia
Ming, os cães foram expulsos e foram admitidos apenas gatos. A situação mudou
novamente com o retorno dos Manchus , que novamente trataram os pequineses como
príncipes.
Alguns governantes que temiam um pouco mais por suas vidas,
os Duques medievais de Burgundy adotaram os chiens-gouteurs, cães testadores de
alimentos e detectores de veneno. Henrique III da França carregava três bichon
frisé para todo lado, adestrados para latir apenas para aquelas pessoas em quem
não confiássem. Ainda assim, foi assassinado por um homem disfarçado de monge.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Um milhão de anos em um dia”.
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