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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

PETS: COMO COMEÇOU A HISTÓRIA DE HUMANOS E ANIMAIS DOMÉSTICOS?




Acredita-se que a palavra inglesa para animal doméstico de estimação, “pet”, vem do século XVI e se trata de uma abreviação da palavra francesa “petit” – pequeno -, que era usada para crianças mimadas. De fato, a história registra testemunhos os mais diversos de pessoas qye amavam de seus pets como a filhos.

Antropólogos registraram mulheres indígenas nas Guianas e na Austrália amamentando filhotes de outros animais, como macacos e veados – até os criando quando suas mães morriam. Santa Verônica Guiliani, do século XVIII, notabilizou-se por amamentar um “cordeiro de Deus”, como o chamava.

Na Caverna de Goyet, na Bélgica, foi encontrado um crânio de 31.700 anos. Assemelhava-se a um lobo. No entanto, a análise de seu DNA demonstrou que se tratava de uma criação de liberada de uma espécie a partir do lobo.

Realizar o adestramento de um lobo adulto é impossível. A probabilidade mais factível era pegar um filhote de lobo e socializá-lo em meio a espécimes humanos. O cruzamento entre dois exemplares que passaram pela mesma experiência, os descendentes passaram a apresentar comportamento menos agressivo. Algumas gerações após, o lobo uivante e selvagem se materializou num dog latindo atrás dum chinelo.

A utilidade dos cachorros pode ser traçada desde o Egito Antigo. Ilustrações em tumbas do cemitério de Beni Hasan mostram diversas espécies de caninos: cachorros de corrida, mastis ferozes, quase-bassês caseiros e outros que lembravam raposas. 

As mulheres aristocratas de Roma adoravam pets. Os aristocratas europeus cuidavam com esmero de seus cães de caça: limpavam suas patas, limpavam seus dentes, arrumavam suas camas...

Um famoso adorador de cães foi George Washington. Típico cidadão do século XVIII, era fã de caçadas. Tinha várias raças de cães: spaniels, pastores, terriers, terras-novas, dálmatas e outros. Ao combinar cães de caça ingleses com franceses, criou uma nova raça americana.

Os felinos também nos acompanham há muito. A primeira evidência de convivência de humanos com felinos foi descoberta no Chipre, Shillourokampos. Data de 9.500 anos atrás – período Neolítico. Trata-se de uma cova com fósseis de um humano do sexo masculino e de um gato, a poucos centímetros dele. Como os ossos do felino são bem mais compridos do que os dos felinos atuais, deveria ser uma raça ainda selvagem.

Após a invenção da agricultura, ratos passaram a ser atraídos pelos silos cheios. Felinos devem ter atacado alguns ratos, recebido um carinho de retribuição e uma função importante nas sociedades em emergência.

Há cinco espécies de gatos selvagens, mas todos os gatos domésticos descendem do gato-selvagem-africano (Felis silvestris lybica)... exatamente aquele de Shillourokambos.

Os egípcios eram famosos veneradores de gatos. Mumificavam seus felinos antes de enterrá-los em um local específico para eles:  a cidade sagrada de Bubastis. Também raspavam suas próprias sobrancelhas, para demonstrar toda a consternação pela morte do companheiro.

O amor entre egípcios e gatos era de tal grau de incondicionalidade que um rei persa, Cambises II, mandou que seus soldados carregassem gatos no consigo por ocasião da Batalha de Pelúsio. Assim, eles não atirariam suas flechas contra os inimigos.

O islamismo e o hinduísmo são conhecidos por preferirem gatos a cachorros. Creem que são animais mais limpos. Na Idade Média, eram adorados por caçarem roedores.

No entanto, o período medieval testemunhou o crescente ódio aos gatos, também. Eram associados e mercenários leais apenas a quem os alimentasse. Escritores os associavam à sexualidade feminina e à prostituição. Com fundo bíblico, somado aos temores de eras bastante supersticiosas, os gatos passaram a ser associados a bruxas, portanto impassíveis de confiança.

A corte chinesa oscilou um pouco em torno de quais seriam seus pets preferidos. Por volta de 1.000a.C. alimentadores de cães chamados chancien incumbidos de cuidar dos cachorros reais – pequineses. Na Dinastia Ming, os cães foram expulsos e foram admitidos apenas gatos. A situação mudou novamente com o retorno dos Manchus , que novamente trataram os pequineses como príncipes.

Alguns governantes que temiam um pouco mais por suas vidas, os Duques medievais de Burgundy adotaram os chiens-gouteurs, cães testadores de alimentos e detectores de veneno. Henrique III da França carregava três bichon frisé para todo lado, adestrados para latir apenas para aquelas pessoas em quem não confiássem. Ainda assim, foi assassinado por um homem disfarçado de monge.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Um milhão de anos em um dia”.             

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