O início do estupro da Rússia se
deu após a saída de cena de George Bush e Gorbachev, no início de 1990. Bush
perdeu a reeleição de 1992 contra o estudante egresso de Yale, Bill Clinton. Já
Gorbachev, perdeu a liderança na nova Rússia democrática para o bêbado Boris
Yeltsin.
Bill usou o lema que se tornaria
mantra nas décadas seguintes, em todo o mundo: Esperança e Mudança.
Em 1993, Clinton assinou o NAFTA –
Tratado de Livre Comércio da América do Norte. Inicialmente firmado entre
Canadá, EUA e México, pretendia se expandir em direção às Américas Central e do
Sul. No entanto, as oposições do Brasil, Argentina e Venezuela poriam um fim a
essas pretensões, antevendo risco à soberania.
Do outro lado do globo, episódio
semelhante iria engolfar a Rússia. Uma frota de “conselheiros econômicos”
invadiria o país. Seu receituário: terapia do choque e privatizações.
Os grandes beneficiários foram os
Oligarcas. Bilhões de dólares, antes em mãos estatais, correriam para suas
mãos, a preço de banana. Tornaram-se proprietários de grande parte do setor
produtivo do país. Pois bem, sem empresas estatais e sem arrecadação
tributária, em razão da crise que enfrentava, restou ao país ligar as
impressoras de dinheiro na velocidade máxima. Resultado: inflação, muita
inflação.
Durante a presidência de Yeltsin,
os Oligarcas tornaram-se crescentemente influentes. Foram os grande
financiadores da campanha pela reeleição de Yeltsin, em 1996.
No final da década de 1990, os
velhos pensionistas não recebiam mais nem um centavo, as taxas de natalidade
foram para o fundo do poço, crianças e velhos morriam desnutridos, o sistema de
saúde pública estava aos pedaços, o alcoolismo atingia as alturas e as taxas de
suicídio batiam recordes. As estimativas de mortes de pessoas vulneráveis no
período giravam em torno de 2 milhões.
O jornal britânico The Guardian
buscou traçar o perfil dos Oligarcas russos a partir da opinião dos russos. A
descrição foi a seguinte: “tão populares entre os russos médios quanto um homem
queimando uma nota de 50 libras em frente a um orfanato.”
Os Oligarcas mais influentes na
era Yeltsin foram: Boris Berezovsky, Alexander Smolensky, Mikhail Khororjovsky,
Alex Konanykhin, Mikhail Fridman, Anatoly Chubais, Vlasimir Gusinsky, Vitaly
Malkin e Valdimir Potanin. Esses gangsteres financeiros controlavam metais,
petróleo, gás natural, carvão, madeira, manufaturas etc. Enriqueciam com
petróleo enquanto os muitos russos enfrentavam o inverno sem aquecimento
doméstico.
Famílias famintas fugiam para
outros países. A criminalidade crescia exponencialmente.
Como se não bastasse toda a
desgraça que se abatia sobre o país, havia mais: a OTAN não parava de ganhar
terreno no leste, pondo sua máquina de guerra nas fronteiras do país, ou mesmo
dentro da Rússia.
Como a guerra na Iugoslávia
demonstrou, a cada dia a Rússia se transformava num alvo potencial.
Letamente a Rússia definhava.
Continua!
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “The war against Putin: what the
government-media complex isn`t telling you about Russia ...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário