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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

CONSCIÊNCIA: NOSSA FÁBRICA DE DEUSES E DE DEMÔNIOS




Duas questões, talvez as mais intrigantes da humanidade, são: do que é constituída a matéria e como ela se tornou consciente de si mesma?

A filosofia nasceu em Mileto, no século VII a.C.: naquele momento, tentavam os filósofos responder a primeira pergunta. Os 25 séculos seguintes viram a humanidade tentar responder a segunda.

A Grécia clássica teve seu iluminismo, por volta do século V a.C. Foi naquele período que Hipócrates defendeu que o cérebro é local de elaboração da mente. Fundou assim o problema mente-cérebro. Esse problema tem a seguinte formulação: como o cérebro, uma realidade objetiva e material, se liga às experiências subjetivas da nossa vida mental?

Pensadores como Leucipo e Demócrito, ainda no século das luzes grego, formularam suas reflexões em torno de partículas fundamentais, ou átomos: viam a atividade cerebral como consequência de átomos em movimento (atividade cerebral). A consciência é efeito, não causa. Essa é a concepção fisicalista – ou materialista.

Já Sócrates via coloca a mente como causa primária. A mente precede e determina a atividade cerebral. Essa é a concepção mentalista.

O mentalismo sobrepujou o fisicalismo até séculos mais recentes. A revolução científica do século XVII deu novo ímpeto ao fisicalismo. O entendimento acerca da natureza enfraqueceu teses relacionadas à imaterialidade da alma. Voltou-se à natureza, onde nos integramos. Dados experimentais, de fato, mostram atividade neural anterior a uma tomada de decisão ou a uma ação motora.

Vemos há muito tempo a consciência como o mistério da existência. Segundo excerto tirado de peça de Eça de Queiroz: “... Sou anterior aos deus transitórios: ele dentro de mim nascem; dentro de mim duram; dentro de mim se transformam; dentro de mim se dissolvem; e eternamente permaneço em torno deles e superior a eles, concebendo-os e desfazendo-os, no perpétuo esforço de realizar fora de mim o Deus absoluto que em mim sinto. Chamo-o a Consciência; sou neste instante a tua própria consciência.”

Precisamos de alguma coisa que traga sentido ao nosso mundo, que preencha as lacunas. Buscamos de qualquer jeito alguma sensação de controle.

É aí que aparecem as explicações mágicas. Surgem os deuses e os heróis, os demômios e os fantasmas. Uma boa versão deles pode dar certo, dominar nossa angústia. Pode até encantar. Se convincente, pode sobreviver longo tempo. Entretanto, mais cedo ou mais tarde, será balançada por algum esforço da razão.
Assim, o misticismo da antiguidade reinou até surgirem os pensadores da Grécia Antiga. As chamadas trevas da Idade Média persistiram por mil anos e só acabaram na fertilidade do Renascimento. As restrições da Inquisição não se dissolveram até que se despertasse a criatividade no Iluminismo.

A ciência – física, química e biologia – resolviam um problema atrás do outro.

No entanto, algumas incógnitas teimaram em ficar fora do alcance das investigações modernas, mantendo o status em que se arvoravam os grandes mistérios. Um grupo delas foi considerado até mesmo indecifrável.
A maior de todas as incógnitas era a origem do Universo. Ou seja, a resposta para a milenar pergunta: como surgiu o tudo a partir do nada?

Havia outro questionamento: como surgiu a vida a partir de substâncias não vivas?

Por fim: como um corpo vivo pode se tornar consciente de si mesmo?

O século XX trouxe a ousadia para responder a esses questionamentos. Se ainda não há respostas definitivas, pelo menos já temos boas pistas.

A Cosmologia desenvolveu a Teoria do Big Bang. A biologia saiu-se com a Teoria da Evolução. Por seu turno, a Neurociência animou alguns pesquisadores a se lançarem ao mistério da Consciência.

Tudo agora se resume a questões científicas.

Mas a origem dos questionamentos se encontra em Sócrates.

O legado de Sócrates foi decisivo, embora ele não tivesse escrito nada. Ensinava por meio de diálogos com seus discípulos pelas ruas de Atenas. Tomamos conhecimento de suas reflexões através dos escritos de Platão.

A frase de maior efeito proferida por Sócrates foi: “Só sei que nada sei.” Embora pareça, não é confissão de ignorância ou ceticismo em último grau. Traçava apenas uma rota para o conhecimento. Implicava trabalho árduo e reconhecimento das próprias limitações. Sócrates era mestre em fazer questionamentos embaraçosos, destruidores de certezas preconcebidas.

Sócrates teorizou sobre virtude, ética, amor e conhecimento. Também traçou um método para chegar à verdade. Uma frase que deixou para a posteridade (embora não fosse de sua autoria) foi: “Conhece-te a ti mesmo”. Por essa sentença, a verdade estava dentro de nós mesmos; nem no Céu nem na Terra.

Mais recentemente, o estudo da consciência tem passado pela observação do corpo humano, do cérebro em especial. Cientistas desenvolveram métodos e aparelhos capazes de captar informações do sistema nervoso – em tese, o responsável pelos estados mentais. Este é o método indutivo, caracterizado por observações rigorosas.

Ironicamente, o método indutivo é um retorno à ciência praticada na era pré-socrática. Platão criticava tais cientistas e defendia que a verdade não estava nas observações, mas nas ideias dos cientistas. Até então, os pré-socráticos viviam fazendo observações em busca de padrões. Após milênios, a ciência moderna reabilitou aqueles antigos cientistas.

Tales de Mileto (624-556 a.C.) é considerado por muitos o fundador da ciência. Tales defendia que o mundo evoluía por processos naturais. Seus princípios metodológicos deram impulso ao desenvolvimento da filosofia e da ciência, em busca de causas e efeitos.

Sabemos o que é a consciência, convivemos ininterruptamente com ela, mas compreendê-la é um desafio sem par. A consciência permite um amplo contato com o meio, iluminando o ambiente em que estamos submersos, definindo o momento e o local. É a ciência de estar vivo e de não ser fulano, nem beltrano, mas “eu” – com nome, passado etc. É o estar consciente de si.

O que diferencia o ser humano dos demais animais da natureza não e a força, velocidade, competência sexual com o sexo oposto... O que nos diferencia é a inteligência, a capacidade de usar plenamente nossa consciência.

A dopamina é a substância cerebral do prazer, parte do sistema de recompensa, que age estimulando atividades que tragam benefício ao ser. Esse mecanismo garante prazer nas atividades de se alimentar ou praticar sexo. Sensação semelhante pode nos acometer ao praticar atividades criativas, apoiadas em livre fluxo de pensamentos livres. No entanto, essa última sensação somente acomete humanos.

O desenvolvimento de seres vivos depende muito da quantidade de estímulos que os cercam. Animais são curiosos e atentos ao ambiente em que estão inseridos. O mesmo ocorre com bebês, curiosos desde o nascimento. Cada estímulo novo chama-lhe a atenção. Querem saber sobre as coisas, sobre as novidades. Assim, desenvolvem cada vez mais habilidades. Essas características os acompanharão ao longo de toda a vida, quando desenvolverem prazer por viagens, costumes novos.

A curiosidade leva a mais perguntas, a dopamina traz o prazer pelas respostas. Esse foi o mecanismo que nos levou a produzir ferramentas. Criamos lanças, machados, o fogo. Depois de criar a linguagem, esse processo sofreu uma tremenda inflexão.

Não demorou muito para que procurássemos explicações acerca do funcionamento das coisas. O viver não demanda maiores explicações, mas as explicações mudam nosso viver...

Nas palavras de Mário Quintana: “A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”

A consciência é a experiência geral do mundo. É a mistura de sensações qualitativas como luzes, sons, cheiros, gostos e texturas à nossa volta. Compõe-se de pensamentos, memórias e emoções. Ela nos traz uma sensação de indivíduo diferenciando-nos dos demais.

Descartes duvidou de tudo, exceto de sua consciência, quando expressou: Penso, logo existo.

Consciência não é sinônimo de mente. É englobada por esta, que abrange todas as funções desempenhadas pelo cérebro (conscientes e inconscientes). A mente é o todo, a consciência é parte.

Alma e espírito são termos transcendentais e, hoje, restritos ao contexto religioso.

A consciência é fenômeno pessoal e representa uma propriedade do cérebro. Ela flutua no tempo: podemos ficar quase inconscientes, despertos, concentrados, distraídos etc. São os diferentes níveis de consciência.

Nos seres primitivos podem ter surgido fenômenos de cônscia bem primitiva.
 
Com a seleção natural, novas propriedades mais sofisticadas podem ter surgido. Por essa teoria, animais menos evoluídos têm um nível de consciência semelhante àquele de nossa sonolência. Outros animais podem ir além, experimentando sensações próximas à de quando estamos acordados.

Apenas primatas e parentes próximos têm a autoconsciência. Essa é a consciência superior, responsável por pensarmos “sou um ser humano consciente”.  Supervisiona as demais consciências: básica (geral) e focal (direcionadora da atenção).

Esse desenvolvimento hierárquico ocorre ao longo de nossas vidas, desde bebês até seres com consciência desenvolvida.

Outras funções da consciência levaram ao surgimento de símbolos e sua utilização. Seu surgimento liberou pensamentos, imaginação. Esta evolução fez surgir a linguagem.

Nas palavras de Descartes: “Eu sou uma coisa que pensa. Eu não sou essa reunião de membros que se chama corpo humano.”

Os bravos filósofos e cientistas da consciência se lançaram a responder um outro questionamento: “Como, afinal, surgiu a experiência consciente? De onde provém tal sensação?

Surgiram dois grupos principais. Primeiro, os dualistas. Eles veem duas coisas: corpo e alma. O dualismo se dividiu. O dualismo de substância é diferente do dualismo de propriedade.

Depois, vieram os monistas, que somente admitem uma coisa: do corpo surge o espírito. O monismo deu surgimento ao materialismo. Esta vê uma coisa, o cérebro é a mente. É tudo físico.

Sinais de consciência são as evidências de sepultamento praticado por Neandertais: indicam ideias de sobrevivência além da morte. Pinturas rupestres representam lutas entre serpentes e águias. Há evidências de que a Terra era a serpente, enquanto a águia representava o espírito. O dragão (serpente alada) pode ter nascido da união entre essas duas representações.

Os egípcios possuíam os hieróglifos “ka”, para corpo, e “ba”, para alma. “Ba” sobrevive à morte do corpo.
As pirâmides tinham como objetivo facilitar a passagem da “ba” dos reis ao local destinado aos mortos.
Gregos criaram as palavras “nous”, para mente, e “psy-khé”, para espírito, ou mente.

Nas palavras de Anaxímenes de Mileto: “o espírito é um sopro”.

Os hebreus usavam “néfesh” para alma, ou vida; e “ruakh”, para fôlego.

A concepção dualista foi criada por Platão, na sua famosa alegoria da caverna: o mundo concreto, percebido pelos sentidos, é apenas uma reprodução inferior do mundo das ideias (verdadeiras e imutáveis). Platão também concebia o homem em duas substâncias: corpo e alma. A alma seria o equivalente às ideias: incorpórea e imortal.

Aristóteles discordava. Para ele não havia uma dicotomia tão pronunciada. Aristóteles via a alma como a primeira realidade do corpo. Essa concepção tendia para o monismo.

A impressão que fica patente é de que o dualismo de Platão era mais lógico. Avicena, médico islâmico, disse: “A imortalidade da alma é consequência de sua natureza.” O hinduísmo chama alma de “atman”.

No entanto, o budismo pensava de maneira discordante: “A vida humana é uma série ininterrupta de processos mentais e físicos que alteram o homem momento a momento”.

Um dos grandes defensores do dualismo foi René Descartes. Em “Meditações”, defendia que cada pessoa se identifica com sua alma, que é não física. A alma é um “eu” que tem um corpo, e o manipula. O “eu” tem poder de pensar e agir, que se diferencia do corpo e o possui. Para o francês, o ser humana é uma alma incorporada: res cogitans.

Já o filósofo holandês Espinosa via o mental e o físico atributos da mesma substância . O segredo da consciência, portanto, poderia estar no corpo. Foi apoiado por Pascal e quebrava o dualismo platônico já milenar à época.

O dualismo deu origem, também, ao dualismo de propriedade, que afirma que a mente é apenas propriedade da matéria. Não seriam duas substâncias, mas a mente ainda se diferencia da matéria.O estado mental apenas se sobrepõe à base física: é a superveniência.

Com o fortalecimento da concepção monista, o dualismo passou a ser atacado como uma complicação de algo que tem uma explicação simples. Típico exemplo, portanto, da “navalha de Ockham”.

Atualmente, diga-se, a ciência já dispõe sobre o cérebro e sobre a origem evolução das espécies. Esse fato pôs os dualistas em cheque. Descartes propôs que a pineal seria o ponto de interação entre alma e corpo. Contudo, a ciência provou ser inadequada tal teoria. Na verdade, o dualismo passou a ser objeto de metáforas jocosas envolvendo um “homenzinho” nos controlando por dentro.

Outras hipóteses foram pulularam: o idealismo de Berkley via a realidade como o produto da apreensão pela mente, isto é, o mundo era produto da mente. O grande nome do idealismo foi Kant.

Hegel considerou que o espírito constituía a existência. O conhecimento de si mesmo dependeria da dissolução entre o “eu” e o mundo objetivo.

Husserl inaugurou a fenomenologia. Interessa-se pela estudo dos objetos puros da experiência consciente: os fenômenos. Procura a maneira de apreender os fenômenos sem interferência de teorias e prática anteriores. A consciência seria definida como um ato de intuir essências e de dar sentido ao mundo. Em razão do poder que temos sobre essa consciência, chama-se também intencionalidade.

Nesse ínterim surgiu um livro que abalaria para sempre essas concepções: “A origem das espécies”, de Charles Darwin. Após explicar de maneira quase irrefutável a origem física para diversos fenômenos da natureza, tornou-se quase impossível desvincular a consciência da matéria.

No fim do século XIX, após uma sequência de descobertas científicas de tirar o fôlego, o materialismo estava mais forte do que nunca. A consciência deveria apenas ser estudada de acordo com as leis da física, química e biologia. A palavra era “reduzir” as coisas a seus mecanismos físicos.

Na Europa, a psicologia se desenvolveu como braço da ciência voltado para o estudo das atividades mentais e do comportamento. Wilhelm Wundt criou a psicologia fisiológica. Sigmund Freud descreveu o papel importantíssimo do inconsciente, tirando a preocupação exclusivamente sobre o consciente. Na América, William James unia consciência e poder de atenção.

Watson e Skinner viam o estudo da consciência como produto de estudo do comportamento, exclusivamente. Fundaram o behaviorismo – ou psicologia comportamental. O que está entre o estímulo e a resposta é uma caixa preta inescrutável.

O funcionalismo, baseado em William James, acrescentava que eram fulcral entender o que há entre estímulo e comportamento. Daí a frase: “o espírito é um processo”. Estuda-se as funções da mente, não suas estruturas.

O funcionalismo também é produto da revolução cognitiva, método de estudo das funções mentais. A mente era agora um sistema de processamento de informações; o cérebro era um imenso processador de informações em paralelo. A consciência agora se aproximava da computação.

O entendimento acima guiou um grupo de pesquisadores franceses. Construíram em computador uma espécie de consciência. Modelos de redes neurais, simulando processos cerebrais, no qual módulos cognitivos foram conectados a um componente central constituído por neurônios artificiais. Os módulos processavam informações relacionadas a percepção, movimento, memória e valorização.

As tarefas realizadas com o equipamento seguiram uma gradação de complexidade. Perceberam os pesquisadores que a rede neural procurava, sem qualquer interferência, o módulo central, solicitando auxílio na resolução das tarefas.

O mesmo teste foi realizado em humanos, sendo os resultados acompanhados em exames de neuroimagens. A experiência anterior com redes neurais, concluíram, permitiu predizer padrões em áreas específicas do cérebro, conforme previa o modelo.

Por outro lado, o filósofo John Searle argumentou que a atividade de um computador não pode jamais ser comparada a uma mente. Uma máquina, explicava, seria capaz de processar apenas símbolos (sintaxe); ao passo que a mente processa também significados (semântica). O computador usa um software para processar os impulsos que recebe, recombinando-os ao final. Isso significa que os símbolos processados pelo computador, na verdade, são processados pelo homem, pelo programador ou usuário. Estes sabem o significado (semântica) do que está sendo processador pela máquina.

A outra dificuldade passa pela questão das sensações: a máquina não será capaz de se sentir como um humano, mas apenas realizar as tarefas propostas por esse.

Já o físico inglês Roger Penrose defendia que os processos mentais não são computáveis. Baseou-se em Godel e suas proposições indecidíveis. São as afirmações que não podem ser provadas ou refutadas utilizando-se axiomas existentes no próprio sistema, apenas.

Pouco antes da virada do século XIX para o XX, o histologista espanhol Santiago Ramón y Cajal estudou a célula nervosa ao microscópio. Utilizou as técnicas de coloração criadas pelo italiano Camillo Golgi. Ambos ganharam o Prêmio Nobel de 1906. Descobriram o papel dessas células como sinalizadores, sua polaridade e ligações específicas.

Pouco depois, Charles Sherrington progrediu, descrevendo a forma de comunicação entre os neurônios, a sinapse, além dos seus dois tipos existentes: excitatória ou inibitória. A primeira aumenta a concentração de elementos químicos que transportam as informações; o segundo tipo reduz essa concentração. Isso significa que os neurônios ponderam os estímulos.

Conclusão: os neurônios, o sistema nervoso é a integração entre o organismo e o meio ambiente. Sherrington ganhou o Nobel de 1932.

Surgiu assim um grupo de biólogos e clínicos que identificam os estados mentais aos estados físicos e desejam explicá-los por meio das estruturas anatômicas e dos mecanismos fisiológicos. Este é o atual pé em que se encontra o materialismo reducionista. Foca-se na explicação da consciência por meio das estruturas físicas do cérebro.

A análise das partes faz uso dos níveis de conhecimento em estrutura hierárquica, criada por Popper. Sua tabela segue uma lógica de baixo para cima: os níveis superiores têm sua explicação a partir dos níveis inferiores. O nível mais alto é o de “ecossistemas”, abaixo há “populações”, “indivíduos”, “órgãos”, “células”, “moléculas”, “átomos”, até “partículas”.

As certezas científicas levaram à afirmação: fenômenos conscientes e estados cerebrais são a mesma coisa. Essa é a chamada teoria da identidade.

Outros, menos contundentes, afirmam que estados mentais têm localização anatômica e estados do cérebro têm propriedades semânticas. Não há uma identidade total, mas uma relação íntima entre os dois conceitos.
Um grupo de pesquisadores tentou o auxílio da física quântica na tarefa árdua de definir a consciência. Até o momento existem apenas especulações, sem maior relevância. Alguns buscaram no funcionamento do citoesqueleto dos neurônios (microtúbulos internos nos axônios) uma relação com a consciência. Na verdade, suas afirmações são mesmo insondáveis.

O fato é: cada vez mais as pesquisas apontam uma eventual resposta no campo da biologia. A própria palavra consciência vem angariando fama de obscurantista, quase algo místico. Ganha espaço, portanto, a neurobiologia clássica.

Conforme Karl Popper: “Se o universo é feito de átomos e partículas, os eventos devem ser explicáveis em termos de estrutura e interação dos mesmos.”

Ainda assim, filósofos não param de impor objeções aos entendimentos mais recentes. Thomas Nagel rejeitou a possibilidade de um reducionismo a um nível subjetivo, a partir do nível objetivo da fenomenologia, com o exemplo do morcego: podemos saber tudo sobre seu sistema neurofisiológico e também sobre o mecanismo físico de ecolocalização utilizados por eles. No entanto, jamais saberemos como um morcego se sente. Seu ensaio “What is like to be a bat” foi um sucesso.

O que seria “Ser você mesmo?”. Talvez seja o grande alvo na busca pela consciência...


Rubem L. de F. Auto

Fonte: Livro “A consciência: uma viagem pelo cérebro” 

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