Em 2008, Barak Obama foi eleito presidente dos EUA.
Obama escolhe Mark Brzezinski, filho do ínclito Zbigniew,
como conselheiro de política externa de sua campanha. Note-se que seu
adversário, McCain, escolhera Ian Brzezinski, outro filho do velho intrépido, para
posto equivalente de sua campanha.
Obama era representante de uma ala da política externa
americana que põe ênfase no “Soft Power” de longo prazo. A guerra é o último
recurso, após: protestos “iphone” organizados por ONGs, sanções famélicas e conflitos
armados de rebeldes agindo por procuração de Washington. Se tudo isso falhar,
enviem-se os mariners.
McCain, por seu turno, é parte do esquema Bush/Cheney, ala
neo-con da classe dirigente americana. Isto é: guerra é a primeira opção, a segunda
opção e a terceira opção!
Outra diferença é que a ala neo-con é fanaticamente
pró-Israel. Por outro lado, os liberais acham que as agressões externas a
partir de Israel e os abusos cometidos nas colônias ocupadas dificultam a
colaboração e subversão de países árabes e muçulmanos .
Nas palavras de McCain, durante sua campanha:
“Quando olho bem nos olhos de Valdimir Putin, leio três
letras: um K, um G e um B.”
Em 2009, Obama encenou o cancelamento do sistema de mísseis
que os EUA pretendiam instalar na Polônia. Logo após esse anúncio, seu vice,
Joe Biden, anunciou o emprego de um sistema de mísseis diferente, que envolveria
também a Romênia.
A expansão da OTAN também parecia irrefreável. Agora,
Albânia e Croácia eram membros. Montenegro, Kosovo, Moldova e Macedônia eram fortes
candidatos em uma eventual próxima rodada.
Em 2010, eclodiu a Primavera Árabe. Desengatilhada por
vazamentos de informações secretas por meio do site Wikileaks, protestos
incessantes derrubaram os governos da Tunísia, Egito e Líbia. No caso da Líbia,
caças de guerra e drones da OTAN atacaram o comboio que transportava o
presidente líbio Muanmar Qadaffi, em 2011. Mercenários terroristas – algo semelhante
aos mujahedin afegãos armados pela CIA – torturaram e mataram Qadaffi – com registro
em iphone.
A afamada Secretária de Estado Hillary Clinton reagiu
emotivamente às notícias:
“Nós Viemos. Nós Vimos. Ele morreu!”
O primeiro-ministro Putin reagiu de maneira mais contida:
“Quem fez isso? Drones, muitos deles americanos. Atacaram
sua coluna. Então – por meio de forças especiais, que não deveriam estar ali –
eles trouxeram a reboque os assim chamados soldados da oposição, e o mataram
sem julgamento ou investigações.”
A aliada da Rússia, Síria, também foi devassada por
protestos “espontâneos”, que em breve se tornariam violentos. Um exército por
procuração, constituído por radicais domésticos e terroristas importados, lançou
a Síria naquilo que a mídia ocidental continuava a descrever, indevidamente,
como uma guerra civil.
O fato de que o Eixo EUA-EU-Israel não conseguia aniquilar a
resiliente Síria deixou muitos profundamente irritados com Rússia e China. Em
2012, uma Hillary bastante nervosa avisava:
“Eu não creio que Rússia e China não pagarão qualquer preço –
nada, de fato – após se posicionarem a favor do regime de Assad. A única
maneira de alterar essa constatação é se todas as nações aqui representadas
direta e urgentemente tornarem claro que Rússia e China pagarão algum preço.”
Naquele mesmo ano, Putin foi eleito Presidente, enquanto seu
fiel escudeiro Medvedev retornava ao posto de primeiro-ministro. Em público,
Obama congratulou Putin por seu retorno ao Kremlin.
Mas o clima em casa não era o mais ameno possível para
Putin. Quando indagado sobre os protestos “espontâneos” que precederam sua
eleição, em 2012, Putin lançou mão de um pouco do humor russo e de desdém em
sua resposta:
“Eu sei que os estudantes receberam pagamentos – bem, teria
sido bom se eles tivessem conseguido alguma coisa.”
Em seu terceiro mandato, Putin
eliminaria os riscos desses agentes de protestos ao forçá-los a se registrarem
como agentes estrangeiros e exigir licenças para realizarem protestos. A
imprensa estrangeira, necessariamente, acusou o governo de atentar contra o
direito de liberdade de expressão.
No rastro do banho de sangue e
caos que o governo Obama lançou sobre o Afeganistão, a Líbia e a Síria, os
drones Predator mataram ao menos 1000 inocentes no Paquistão, Iêmen e Sudão. Ao
menos metade dos mortos eram crianças, mulheres e idosos.
Para se contrapor ao aumento da
influência econômica da China na África, Obama expandiu enormemente as
operações militares dos EUA na África Central.
A Coréia do Norte permanecia sob
constante ameaça verbal dos EUA. Essa situação fez Dennis Rodman, famoso ex-jogador
de basquetebol e amigo do presidente norte coreano Kim Jong Un, a se referir
agressivamente a Obama e Hillary Clinton como “assholes” – algo como FDP.
Brasil e Índia, membros do BRICS,
eram constantemente atacados pelo governo Obama e pelo NY Times. O mesmo
ocorria com como Argentina, Bielorussia,
Burma, Turquia, Bangladesh, Malásia e todo um grupo de nações pequenas agora na
órbita comercial da dupla Rússia-China.
Continua !
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “The war against
Putin: what the government ...”
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