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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

VLAD PUTIN, O GRANDE: UMA BREVE BIOGRAFIA – PARTE 2




Após a morte de Lenin em 1924, Joseph Stalin, Secretário do Comitê do Partido Comunista, habilmente afastou a ameaça que representava o líder do Exército Vermelho, Lev Trotsky, de chegar à liderança da URSS. Stalin, depois disso, expulsou Trotsky do Partido e, então, da própria URSS. Finalmente, seu adversário marxista teve seu cérebro atravessado por um machado, no México, por um agente soviético.

Para Trotsky, a revolução mundial era seu objetivo primário e imediato. Stalin, por sua vez, pôs adiante uma teoria conhecida como “Socialismo em um país”. Essa política derivava do fato de que as revoluções comunistas ocorridas na Europa entre 1917 e 1921, com exceção da russa, todas foram derrotadas. Deveria-se fortalecer o cenário interno primeiro. Stalin, portanto, encontrava-se em campo oposto ao de Trotsky e sua  teoria das revoluções permanentes. Trotsky era um globalista comunista, ao passo que Stalin era um nacionalista comunista.

De tempos em tempos, Stalin “expurgou” muitos de seus camaradas comunistas, assim como ex-esposas. Ele expulsou sua primeira esposa, e levou a segunda – e um de seus filhos – ao suicídio.

Como parte de seu “plano quinquenal”, os pequenos fazendeiros da URSS foram empurrados para um esquema de coletivização. O governo controlava a produção e os preços. Terras, estoques de alimentos, além de equipamentos tornaram-se estatais. Fazendeiros relutantes (kulaks) eram descritos na imprensa soviética como “capitalistas ambiciosos”. Quem resistia era enviado a um Gulag.

Um episódio igualmente insano e trágico foi encenado nessa época. A Catedral de Cristo, o Salvador, em Moscou, de 340 pés de altura, construída por ordem de Alexandre I, cuja construção se estendeu por mais de 40 anos, decorada com mármores, ouro, prata, granito etc., resistiu até 1931. Nesse ano, os soviéticos anti-cristianismo decidiram que o local da Catedral seria ocupado por um monumento a Lenin e ao comunismo, que batizaram de Palácio dos Soviéticos. Em 5 de dezembro de 1931, ordenado pelo ministro Lazar Kaganovich, a Catedral foi dinamitada. Ironicamente, em razão de péssimo planejamento e falta de recursos, não construíram o Palácio dos Soviéticos. Fizeram então uma enorme piscina...

Em 1932, o mesmo insano Kaganovich ordenou o início do que seria conhecido como Holodomor – palavra ucraniana para “morrer de fome”, literalmente -, que vitimou mais de 8 milhões de pessoas, sendo 5 milhões ucranianos. O genocídio, praticado por meio de inanição deliberada, visava a matar camponeses anti-comunistas na Ucrânia, Bielorrúsia, Kazaquistão e até mesmo na Rússia.

Em 1928, HG Wells, famoso escritor britânico, escreveu um livro sobre o assunto chamado “The open conspiracy: pistas para uma revolução mundial”. Em 1939, escreveu outra obra não-ficional “The new world order”. Nesta última se lê:

“Esta nova e completa revolução que contemplamos pode ser definida em umas poucas palavras. É uma mostra de um mundo socialista; cientificamente planejado e dirigido.
O termo “Internacionalismo” foi popularizado em anos recentes para cobrir um conjunto de forças mundiais de natureza financeira, política e econômica com o propósito de estabelecer um Governo Mundial.”

Declarações desse tipo, dadas por personagens importantes da época, pululavam nos meios de comunicação.

O grande problema dessa Nova Ordem Mundial é que ela trabalha em direção a uma intensa centralização global do poder financeiro, político, cultural e militar que, no fim, reduz todas as pessoas a uma massa de proletários sem raízes, sem cultura, alienados e escravos de dívidas.

Por volta de agosto de 1939, Alemanha e Polônia se encaminhavam para um conflito por conta de disputas de território retirado da Alemanha após a I Guerra Mundial. O líder da Alemanha, Adolf Hitler, estava ciente de que Grã Bretanha e França fariam intrigas de modo a forçar a Alemanha a uma guerra em duas frentes, ao envolver a URSS no conflito. Como precaução, os Ministros do Exterior da Alemanha e da URSS assinaram um Pacto de Não-Agressão.

Conforme a Alemanha derrubava o exército polonês a oeste, Stalin inteligentemente quebrou o Pacto de Não-Agressão, de 1932, firmado com a Polônia. A partir de então, a Polônia tinha dois adversários, a leste e a oeste. Alguns massacres foram registrados, sendo o pior deles conhecido como Massacre da Floresta Katyn, vitimando 10 mil soldados poloneses.

Dois meses após engolir sua fatia da Polônia, Stalin iniciou a invasão da Finlândia. Para tanto, ele quebrou mais um Pacto de Não-Agressão, também de 1932. Foram empregadas 21 Divisões Soviéticas com 450 mil tropas. Ele só não esperava enfrentar alguns dos soldados mais resistentes e competentes já vistos. Após a resistência heroica, foi firmado um Tratado de paz, mas os finlandeses foram forçados a abrir mão de 10% de seu território.

Na sequência, foram invadidos: Letônia, Lituânia, Estônia e Romênia oriental.

Do lado Ocidental do planeta, a irritação contra Stalin se devia a sua recusa em juntar-se à Grã Bretanha e à França contra a Alemanha. Parecia que o velho russo tinha outros e muito maiores planos. Segundo alguns, ele desejava mesmo era invadir a Europa inteira e levar o comunismo a uma escala verdadeiramente global.
Em 1941, Stalin parou seu Exército Vermelho junto à fronteira oriental da Alemanha naquele momento, próximo dos campos de petróleo da Romênia, que abasteciam a Alemanha. Deve-se ter em mente que estava ocorrendo então a guerra entre Grã Bretanha e Alemanha na Europa, consumindo recursos básicos de ambos os lados.

Hitler ficou em estado de alerta ao ver o movimento das tropas soviéticas. Lembrou-se da quebra em sequência de Pactos de Não-Agressão firmados por Stalin, pensou no Pacto que assinara pouco antes... E ordenou a Operação Barbarossa: a invasão da URSS.

Por certo Stalin não esperava a tempestade que o Exército alemão fez cair sobre a URSS.
Em semanas, milhões de tropas soviéticas foram feitas prisioneiras, e uma perda devastadora de equipamentos e armamentos deixou o Exército Vermelho completamente neutralizado. A Alemanha destruiu 65% de todos os tanques, revólveres, metralhadoras e armentos anti-tanques soviéticos. Os alemães fizeram os Vermelhos retornarem a Moscou, liberando a Ucrânia e países às margens do Báltico.

Contudo, esse movimento ficou literalmente congelado com a chegada do inverno na Rússia. Nas palavras de Hitler:

“Já em 1940, tornou-se crescentemente mais óbvio, mês a mês, que os planos dos homens no Kremlin eram direcionados à dominação, e portanto destruição, de toda a Europa. Eu avisei anteriormente à nação sobre o crescimento militar soviético, no leste, durante o período em que a Alemanha contava apenas com umas puçás divisões nas províncias fronteiras com a URSS. Só um cego não conseguiria ver que uma construção de poderio militar de dimensões históricas estava sendo carreada. E não estava programado para proteger algo que não estava sendo ameaçado, mas para atacar o que não poderia se defender... Eu poderia dizer hoje: Da onda de mais do que 20 mil tanques, centenas de divisões, dezenas de milhares de peças  de artilharia, alinhados com 10 mil aviões, não tivesse sido mantida defesa de invadir o Reich, a Europa teria perdido.”

O Presidente Franklin D. Roosevelt moveu-se rapidamente em socorro de Stalin. FDR liberou ativos soviéticos nos EUA que estavam congelados desde a invasão soviética à Finlândia. Com isso, os soviéticos adquiriram imediatamente 59 aviões acaçá. O programa de empréstimo-financiamento, que supriu as necessidades de armas pela Grã Bretanha, foi expandido para a URSS também.

Por meio desse programa, os soviéticos adquiriram: 11 mil aviões, 4 mil bombardeios, 400 mil caminhões, 12 mil tanques, 32 mil motocicletas, 13 mil locomotivas, 8 mil canhões anti-aéreo, 135 submetralhadoras, 300 mil toneladas de explosivos, 40 mil rádios de campo, 400 sistemas de radares etc  etc etc. Daí dizer-se que a II Guerra Mundial recuperou a economia mundial.

Sem essa ajuda externa, a URSS teria sido derrotada ainda em 1942. Além disso, Stalin beneficiou-se enormemente da entrada dos EUA no conflito, após o ataque a Pearl Harbor pelo Japão.
O fim da II GM deu-se pela captura de Berlim, pelos soviéticos, em maio de 1945.

A batalha do Pacífico terminou logo após duas bombas atômicas serem lançadas sobre o Japão em agosto de 1945. Ainda no dia em que a segunda dessas bombas foi lançada sobre Nagasaki, Stalin encontrou tempo para quebrar mais um Pacto de Não-Agressão, desta feita firmado com os japoneses, em 1941. Invadiu a Manchúria e reclamou a posse do território. Os soviéticos ainda ocuparam o norte da Coréia, simultaneamente à marcha dos EUA a partir do sul, levando à Guerra da Coréia poucos anos depois.

Na Rússia, essa guerra contra a Alemanha é conhecida como “A Grande Guerra Patriótica”, a exemplo daquela contra Napoleão, no século XIX.

Durante as conferências de guerra, ocorridas nos estertores da II GM, discutiu-se o mundo pós-Guerra. EUA, Grã Bretanha e URSS discutiam de maneira a tentarem dar sinais de colaboração mútua. Ainda hoje surpreende a quantidade de concessões que Stalin arrancou dos Aliados.

Aparentemente a grande preocupação dos aliados se relacionava à reconstrução futura da Europa: o famoso Plano Marshall. A solução aventada com mais vigor era a preparação do continente para se tornar uma Federação, no futuro: a atual União Europeia nasceu aí, ainda.

Também nesse período nasceu a CIA, nos EUA. Ficava completo o conjunto de atores que criariam toda sorte de intriga na Europa, por meio da inversão de ajuda externa e intervenção de agentes secretos.

No leste, por seu turno, acordou-se que as nações sob o jugo soviético naquele momento – Alemanha oriental, Polônia, República Tcheca, Bulgaria, Romênia, Albânia, Iugoslávia e Hungria – iriam, a seu tempo, realizar eleições e, eventualmente, tornarem-se membros da comunidade europeia de nações, também.
No entanto, uma a uma, sob a orientação de Stalin, nações da Europa oriental tornaram-se ditaduras comunistas; estados vassalos de Moscou.

E assim teve início a fatídica Guerra Fria: uma rivalidade internacional entre dois competidores, igualmente imperialistas.

Nesse cenário nasceu uma estratégia que vigorou por décadas, conhecida como “contenção”. George Kenna, do Conselho de Relações Exteriores britânico, em 1947, elaborou esse plano. Ele pretendia enfrentar a URSS por meio de “aplicações diretas e vigilantes de contraforça em uma série de mudanças constantes de pontos geográficos e políticos, correspondendo às mudanças e manobras da política soviética.” O que se pretendia com isso? “Promover tendências nas quais deve-se eventualmente encontrar suas metas tanto na queda do poder soviético quanto no derretimento gradual do mesmo.”

Em 1949, os soviéticos detonaram sua primeira bomba atômica. Resultado: uma guerra contra eles foi imediatamente descartada.

Em abril de 1949, a aliança militar ocidental criou a OTAN. Lord Ismay, o primeiro Secretário Geral da OTAN, deixou patente a que se propunha tal organismo: “manter os russos fora, os americanos dentro, e os alemães quietos.”

Em dezembro de 1949, Mao Tsé-Tung derrubou finalmente o governo nacionalista chinês. No ano seguinte, a Coréia do Norte atacou o sul. A primeira estava sob jugo soviético, e a segunda, sob jugo americano. A Guerra da Coréia se estendeu pelos 3 anos seguintes e vitimou 50 mil norte americanos.

Joseph Stalin morreu em 1953.

Foi substituído por Nikita Hrushchev foi nomeado o primeiro Secretário do Partido Comunista. Depois, Premier. Foi responsável pela por limpar o país do passado stalinista. Iniciou uma série de reformas liberais na política interna.

Em 1954, Krushchev tomou uma decisão que traria consequências muitas décadas depois: transferiu a península da Criméia da República Russa Soviética para a República Ukraniana Soviética. Porém a importância da região permaneceu a mesma: a Criméia é o lar histórico da Frota Russa no Mar Negro; era e ainda é predominantemente russo.

Na década de 1950, o senador Joe McCarthy lançou sua cruzada anti-Comunista. Ele pretendia expor a infiltração comunista dentro dos EUA, especialmente no governo. Foi seguido tanto por republicanos quanto por democratas.

Próximo do fim do governo Eisenhower, um avião espião americano, U2, foi abatido no espaço aéreo russo, em 1960. O piloto, Francis Gary Powers, foi preso. Foi libertado dois anos depois, numa troca mútua de espiões americanos e soviéticos.

Os piores anos da Guerra Fria foram marcados pela Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962, com o despacho de mísseis nucleares russos para a ilha de Cuba. A resposta americana foi o decreto, por John Kennedy, do bloqueio naval da ilha, que se estenderia, também, décadas.

A resolução da crise se deu por canais diplomáticos, após os EUA concordarem com a retirada de seus mísseis da Turquia – que estavam apontados para Moscou.

A Guerra Fria progrediu pelos anos 1960 adentro, com a inútil Guerra do Vietnã.

Os anos 1970 testemunharam o xadrez CIA-KGB de guerras por procuração, campanhas de desinformação, assassinatos e estados-fantoches. A batalha pela supremacia global teve como palco: África, América do Sul e Ásia.

Enquanto isso, Brezhnev continuava conversando e fazendo negócios com Nixon, Ford e Carter.

Continua!


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “The war against Putin: what the government ...”

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