De 2001 a 2007, a economia russa cresceu
à taxa de 7% ao ano. O PIB da Rússia cresceu 6 vezes, indo da 22ª para a 10ª
colocação entre os maiores PIBs do mundo. O salário médio cresceu quase 10
vezes. A porcentagem de pessoas abaixo da linha de pobreza caiu pela metade. No
passado representando 150% do PIB, a dívida externa foi virtualmente quitada.
Moscou era lar do grupo de milionários com crescimento mais rápido no mundo.
A indústria cresceu
substancialmente, assim como a produção, construção, renda real, crédito e a
classe média. Políticas pró-mercado incluíram uma alíquota fixa de impostos de
13%, uma redução de 25% nos impostos corporativos (pessoas jurídicas),
eliminação de impostos sobre ganhos de capital para diversos setores da
economia.
A carga tributária sobre pequenas
empresas também foi reduzida. De fato, a carga tributária como um todo, na
Rússia, foi reduzida abaixo de diversos países europeus.
Um conceito central no pensamento
econômico de Putin foi a criação dos chamados Campeões Nacionais, empresas
grandes de setores estratégicos das quais se espera não apenas lucros, mas
também fazer avançar os interesses nacionais. Exemplos são: Gazprom, Rosneft e
United Aircraft Corporation.
Após recobrar o controle sobre os
Oligarcas, um fundo para as rendas do petróleo permitiu à Rússia pagar todos as
dívidas passadas. O governo se tornou livre de dívidas. Sob Putin, a Rússia
fortaleceu seu papel de fornecedor-chave de petróleo para a Europa. A maioria
das fabricantes de automóveis estabeleceu fábrica na Rússia, via incentivos
fiscais e medidas protecionistas. Por isso tudo, Jimmy Rogers, lendário
investidor americano, dentre outros, elogiou o potencial da economia do país.
Pulando para 2014, os russos
também passaram a se beneficiar de um setor de cuidados com a saúde em franco crescimento.
A filosofia econômica de Putin
pode ser resumida assim: baixos impostos, baixa dívida, privatizações reais, descentralização.
Sobre os perigos do governo centralizado, Putin disse:
“No século XX, a URSS fez do
papel estatal um poder absoluto. No longo prazo, isso fez a economia soviética
completamente não competitiva. Essa lição nos custou muito. Tenho certeza de
que ninguém quer que o cenário se repita.”
Sobre orçamentários fiscais:
“O aumento injustificado dos
déficits orçamentários e o acúmulo de déficits públicos são tão destrutivos
quanto aventuras no mercado de ações.”
Sobre as emissões ilimitadas de
dinheiro pelo FED:
“Olhem o balanço comercial da
América, suas dívidas e seu orçamento. Ele ligaram as impressoras e afundam o
planeta em seus títulos do governo. Não há chances de atuarmos da mesma
maneira... Não temos a luxúria de tanto hooliganismo.”
Mas Putin não é só dinheiro. Ele
é um homem de cultura com boa base histórica. Como tal, entende a importância
de firmamentos morais para uma sociedade sadia e forte. Sem impor a herança do
cristianismo ortodoxo a qualquer pessoa, Putin trabalha lado a lado com o Patriarcado
da Igreja, tentando fazer a instituição reviver os dias gloriosos, há muito
suprimido. Literalmente, milhares de igrejas foram construídas por toda a
Rússia.
Putin pensa o seguinte sobre o
cristianismo:
“A ortodoxia cristã sempre teve
papel especial ao formular nosso modelo de Estado, nossa moral. A Igreja pode
ser separada do Estado. Mas na alma e na história de nossa gente, são a mesma
coisa. Sempre foi e sempre será.”
Sobre o declínio das famílias e
da população:
“É importante que as famílias
deem o próximo passo... Estou convencido de que a norma na Rússia deveria ser
uma família com três filhos.”
De fato, em 2012 a Rússia
reverteu uma taxa de suicídio de 25% ao ano, tendendo ao esvaziamento do país e
passou a viver um “baby boom”, maior do que em qualquer país ocidental.
Abortos após o 3º mês foram
proibidos.
As leis russas passaram a exigir
educação moral nas escolas. O diferencial é a possibilidade de que pais que
vivem em culturas diferentes, coisa comum numa nação multi-étnica, possam
escolher como querem que essa educação se adeque a seus filhos. A educação
moral pode seguir padrões do cristianismo ortodoxo, do judaísmo, do clero
muçulmano e mesmo a ética de natureza secular está disponível.
Putin até transformou a obra clássica
de Alexandr Solzhenitsyn, Arquipélago Gulag, em leitura obrigatória nas escolas
secundárias.
No termo final do mandato
presidencial de Putin, em 2008, a Rússia já estava forte e revitalizada. A
recuperação da economia foi impressionante o suficiente para que vencesse a
escolha do Comitê Internacional para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de
2012.
Sob a Constituição russa, Putin
não poderia ocupar a presidência em um terceiro mandato. Ele seria o
primeiro-ministro pelos quatro anos seguintes, enquanto seu fiel escudeiro Dmitri
Medvedev atuava como presidente.
No dia da cerimônia de abertura,
em 7 de agosto, o novo governo da Geórgia lançou uma ofensiva contra a Ossétia
do Sul, um quase-protetorado russo, e reclamaram o território para si. Por
coincidência ou não, esse episódio se seguiu a uma visita de Condoleezza Rice,
na qual ofereceu uma vaga na OTAN à Geórgia. A Geórgia repetiu o mesmo com a
Abkhazia.
Cerca de 2000 civis foram mortos
pelos georgianos. Até que Putin, primeiro-ministro mas ainda líder do país, retornasse
da China e desse uma resposta. E ele sabe responder.
A contraofensiva russa foi rápida
e profissional. Os amadores geogianos foram empurrados de volta para suas
casas.
Ainda no meio desses conflitos,
os EUA fecharam um acordo com a Polônia para instalar um sistema de defesa por
mísseis no país, com uma parte do aparato na República Tcheca. Apesar da
justificativa ridícula de que se destinavam a contra-atacar eventualmente o Irã,
os russos sabiam que o sistema era uma tática da OTAN para atacar a Rússia.
Sobre esse tema, o Ministro da
Defesa russo afirmou:
“O fato de que esse acordo foi
assinado em um período de crise nas relações entre Rússia e EUA, causada pela
situação na Geórgia, mostra com clareza que o sistema de mísseis será empregado
não contra o Irã, mas contra o potencial estratégico da Rússia.”
Continua!
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “The war against Putin: what the
government-media complex isn`t telling you about Russia ...”
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