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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

VLAD PUTIN, O GRANDE: UMA BREVE BIOGRAFIA – PARTE 1




No Ocidente, ele é um dos maiores alvos de ataques pela imprensa escrita, falada, internet, rádio etc. Em 2014, ao realizar uma busca pelo Google, o cenário era o seguinte: “Putin thug”, algo como “Putin bandido”, retornava 850 mil resultados; “Putin murderer”, ou “Putin assassino”, 800 mil resultados; “Putin tyrant”, “Putin tirano”, 500 mil resultados.

Contudo, na Rússia, o cenário é completamente diferente. Desde que chegou ao poder, a aprovação de Putin gira em torno de 75 a 85%, superior à de qualquer dirigente norte americano ou europeu. Ainda, muitos russos o veem como salvador da Mãe Rússia. Mereceu até a denominação de Putin, o Grande.
Putin teve uma origem muito humilde. Quando jovem, era enérgico, interessava-se por artes marciais (é faixa preta em judô) e não costumava fugir de brigas.

Na faculdade, estudou química em um Instituto Tecnológico. Mais tarde, estudou direito na Universidade Estatal de Leningrado. Posteriormente, obteve um PhD em Economia, enquanto se especializava em língua alemã nas horas livres. Fala também francês e inglês. Demonstra bons conhecimentos de História e Literatura, além de ser aficionado por balé, hockey, opera e músicas clássica e blues.

Em 1983, Putin se casou com Lyudmila Shkrebneva, uma aeromoça, com quem teve duas filhas. Ah! Diz-se ser habilidoso com armas.

Serviu por 16 anos nos Serviços de Inteligência, tornando-se chefe da Inteligência após o colapso da URSS.

Bom. E quanto às notícias que circulam pela imprensa ocidental sobre Vald? Como dizia o grande George Carlin: “It`s all bullshit, and it`s bad for you.”

Começando pelo passado histórico.

Há mais de 1.100 anos, diversos grupos de guerreiros do mar, denominados Rus, assentaram-se na região das atuais Ucrânia, Belarus e Rússia. Originariamente, eram povos Vikings e governavam tribos finlandesas e eslavas.

Em 988, o Estado de Rus, sediado em Kiev, converteu-se ao cristianismo. Contudo, adotaram o cristianismo do Império Bizantino (ou Império Romano do Oriente). Por essa razão, a Rússia é algumas vezes referiada como “A Terceira Roma”.

A base da cultura russa é, portanto, uma fusão de Rus, Eslavos e Bizantinos.

O Estado Rus de Kiev se desintegrou após invasões mongóis – 1237 a 1240 -, que vitimaram metade da população Rus. Ainda hoje vê-se russos descendentes de mongóis, conhecidos por tártaros.

Após esse fenômeno, Moscou tornou-se a capital cultural da Rússia. Por volta do século XVIII, o Czarismo da Rússia tornou-se o colossal e riquíssimo em recursos Império Russo. Estendia-se da Polônia-Lituânia até o oceano Pacífico. Aliás, a palavra czar é derivada de Caesar.

No final do século XVI, o Czar Pedro liderou a revolução cultural que substituiu o sistema social e político medieval da Rússia por um sistema científico, de inspiração Ocidental. A Casa dos Romanov traçava sua linhagem até Pedro, o Grande. Os Romanov governaram a Rússia até 1918.

Já o reinado de Catarina, a Grande, ficou marcado pelo Iluminismo russo. O Instituto Smolny, primeira instituição de educação superior do mundo para mulheres, foi fundado por ela. Ela também fundou o Museu Hermitage, em São Petersburgo. Este é um dos maiores e mais antigos museus do mundo e se encontra aberto ao público desde 1852. Possui mais de 3 milhões de itens e a maior coleção de pinturas do mundo.

Durante os anos 1800, a Rússia resistiu às invasões napoleônicas. O episódio ficou conhecido como Grande Guerra Patriótica e sua comemoração justificou o erguimento da grande Catedral de Cristo, o Salvador, em Moscou, cuja construção de estendeu por 40 anos – a decoração consumiu mais de 40 anos.

Nos anos 1850, a Rússia combateu a guerra da Criméia, contra Grã Bretanha, França e Império Turco Otomano. A Rússia saiu derrotada.

De 1877 a 1878, a Rússia lutou e venceu a guerra Russo-Turca. Contudo, o primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli transformou o tratado de paz, o Tratado de Berlim, numa confusão de fronteiras, envolvendo estados eslavos do sul da Europa. As rusgas daí decorrentes levaram ao episódio que foi o estopim da I Guerra Mundial.

Durante os anos 1800, a Grã Bretanha lutou duas guerras no Afeganistão. O motivo era o desejo de competir contra a Rússia por influência na Ásia Central. Nas palavras de Disraeli, o plano era: “limpar a Ásia Central dos moscovitas e jogá-los no mar Cáspio.”

Contudo, os britânicos foram expulsos da região em 1880 e a influência política de Disraeli se esvaiu.
Em 1881, o czar Alexander II foi assassinado finalmente no quinto atentado contra sua vida. Os “terroristas vermelhos” – comunistas e anarquistas – lançaram uma bomba. A resposta “anti-vermelhos” fez com que vários deles fugissem para os EUA.

Em 1905, alguns fatos muito importantes ocorreram: assassinato a bomba do tio do czar Nicolau, e a perda da guerra contra o Japão. Durante esse conflito, o Japão recebeu ajuda financeira vital de Jacob Shiff, banqueiro de Wall Street, além de terem a simpatia de uma pessoa bastante importante nos EUA, Theodore Roosevelt.

Shiff foi agraciado com a Ordem Japonesa do Sol Nascente.

As animosidades entre a Rússia dos czares e judeus russos também levou a auxílios anti-czar por parte dos Rothschild. De certa forma, isso explica o acolhimento que os “terroristas vermelhos” nos países do ocidente – EUA e Europa.

Em 1911, Pyotr Stolypin, primeiro-ministro reformista e popular, foi assassinato na Opera de Kiev.

Em 1914, a Rússia, desejando aliar-se a Grã Bretanha e França, além de eliminar algumas pendências com o Império Otomano, juntou-se ao que daria início à I Guerra Mundial. No entanto, infelizmente para os russos, os turcos se aliaram à Alemanha e à Áustria-Hungria.

Esses fatos puseram em lados opostos velhos aliados: a Rússia lançou-se contra o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro – aliados, até que Benjamin Disraeli conseguisse divorciá-los.
A I GM foi uma guerra de destruição mútua para os três, pois levou ao fim os Impérios Alemão, Russo e Austro-Húngaro, além do Império Otomano.

O descontentamento e a crise econômica decorrentes da I GM forneceram os elementos necessários para fomentar a Revolução de 1917. O líder vermelho Lenin retornou para a Rússia, de trem, carregando sacos de ouro doados por Max Warburg, um banqueiro alemão. Seu irmão Paul Warburg foi um dos pilares da fundação do Federal Reserve, nos EUA.

Tanto Warburg quanto o governo alemão sabiam que uma eventual revolução enfraqueceria a Rússia, fazendo-a abandonar a guerra.

Note-se que a razão para o apoio à Revoluçaõ Russa tinha bases ideológicas. Os Warburg, os Rothschild, os Rockfeller, JP Morgan e Jacob Shiff viam a Rússia como um obstáculo para a perseguida integração econômica global dos mercados.

Em fevereiro de 1917, o czar Nicolau abdicou. A Rússia se tornou uma República democrática liderada por Alexander Kerensky. Procurou-se o exílio da família Romanov. O destino mais óbvio era a Grã Bretanha, mas esta, estranhamente, recusou-se a recebê-los.

Em outubro de 1917, os bolcheviques deram início a uma segunda revolução. Sitiaram São Petersburgo e tiraram Kerensky do poder.

Quando chegaram ao poder, os bolcheviques sentenciaram a família real à morte.

Os quatro anos seguintes testemunharam uma guerra civil entre “vermelhos” – os bolcheviques – e os brancos. Os vermelhos usaram todos os métodos possíveis para vencer, especialmente o terror. Sob ordens de Lenin e Trotsky, o “terror vermelho” foi anunciado por Yakov Sverdlov. Cerca de 100 mil russos foram brutalmente torturados e assassinados, desferidos principalmente pela famosa “cheka” – polícia secreta.

A guerra civil foi bancada por emissão desregulada de dinheiro. Quando a inflação ameaçou, seguiu-se uma tentativa de controlar preços, levando os produtores ao prejuízo. Seguiu-se um desaparecimento de produtos, ao qual o governo respondeu confiscando alimentos e sementes.

Por volta de 1922, após todo o sofrimento que se abateu sobre os russos, a situação política do país se acalmou. O terror vermelho, a fome vermelha e a guerra civil entre vermelhos e brancos foram sucedidas pela criação formal da URSS, por Lenin e Trotsky. A capital era agora Moscou. Terminava o Império Russo.

Três presidentes norte americanos se recusaram, em sequência, a reconhecer a União Soviética. Apenas em 1933, o presidente Franklin Roosevelt reconheceu o novo país.

Por essa época, foram fundados a Chatham House – Instituto real de relações internacionais – em Londres; e o CFR – Council on Foreign Relations -, em NY. O primeiro diretor deste último foi Paul Warburg.

Ainda hoje esses dois “think tanks” trabalham pela integração econômica e política global. Eles também influenciaram a criação da Liga das Nações, precursora da ONU.

Continua!


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “The war against Putin: what the government ...”

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