No Ocidente, ele é um dos maiores alvos de ataques pela
imprensa escrita, falada, internet, rádio etc. Em 2014, ao realizar uma busca
pelo Google, o cenário era o seguinte: “Putin thug”, algo como “Putin bandido”,
retornava 850 mil resultados; “Putin murderer”, ou “Putin assassino”, 800 mil
resultados; “Putin tyrant”, “Putin tirano”, 500 mil resultados.
Contudo, na Rússia, o cenário é completamente diferente.
Desde que chegou ao poder, a aprovação de Putin gira em torno de 75 a 85%,
superior à de qualquer dirigente norte americano ou europeu. Ainda, muitos
russos o veem como salvador da Mãe Rússia. Mereceu até a denominação de Putin,
o Grande.
Putin teve uma origem muito humilde. Quando jovem, era enérgico,
interessava-se por artes marciais (é faixa preta em judô) e não costumava
fugir de brigas.
Na faculdade, estudou química em um Instituto Tecnológico.
Mais tarde, estudou direito na Universidade Estatal de Leningrado. Posteriormente,
obteve um PhD em Economia, enquanto se especializava em língua alemã nas horas
livres. Fala também francês e inglês. Demonstra bons conhecimentos de História
e Literatura, além de ser aficionado por balé, hockey, opera e músicas clássica
e blues.
Em 1983, Putin se casou com Lyudmila Shkrebneva, uma
aeromoça, com quem teve duas filhas. Ah! Diz-se ser habilidoso com armas.
Serviu por 16 anos nos Serviços de Inteligência, tornando-se
chefe da Inteligência após o colapso da URSS.
Bom. E quanto às notícias que circulam pela imprensa
ocidental sobre Vald? Como
dizia o grande George Carlin: “It`s all bullshit, and it`s bad for you.”
Começando pelo passado histórico.
Há mais de 1.100 anos, diversos grupos de guerreiros do mar,
denominados Rus, assentaram-se na região das atuais Ucrânia, Belarus e Rússia.
Originariamente, eram povos Vikings e governavam tribos finlandesas e eslavas.
Em 988, o Estado de Rus, sediado em Kiev, converteu-se ao
cristianismo. Contudo, adotaram o cristianismo do Império Bizantino (ou Império
Romano do Oriente). Por essa razão, a Rússia é algumas vezes referiada como “A
Terceira Roma”.
A base da cultura russa é, portanto, uma fusão de Rus,
Eslavos e Bizantinos.
O Estado Rus de Kiev se desintegrou após invasões mongóis –
1237 a 1240 -, que vitimaram metade da população Rus. Ainda hoje vê-se russos
descendentes de mongóis, conhecidos por tártaros.
Após esse fenômeno, Moscou tornou-se a capital cultural da
Rússia. Por volta do século XVIII, o Czarismo da Rússia tornou-se o colossal e riquíssimo
em recursos Império Russo. Estendia-se da Polônia-Lituânia até o oceano
Pacífico. Aliás, a palavra czar é derivada de Caesar.
No final do século XVI, o Czar Pedro liderou a revolução
cultural que substituiu o sistema social e político medieval da Rússia por um
sistema científico, de inspiração Ocidental. A Casa dos Romanov traçava sua
linhagem até Pedro, o Grande. Os Romanov governaram a Rússia até 1918.
Já o reinado de Catarina, a Grande,
ficou marcado pelo Iluminismo russo. O Instituto Smolny, primeira instituição de
educação superior do mundo para mulheres, foi fundado por ela. Ela também
fundou o Museu Hermitage, em São Petersburgo. Este é um dos maiores e mais
antigos museus do mundo e se encontra aberto ao público desde 1852. Possui mais
de 3 milhões de itens e a maior coleção de pinturas do mundo.
Durante os anos 1800, a Rússia
resistiu às invasões napoleônicas. O episódio ficou conhecido como Grande
Guerra Patriótica e sua comemoração justificou o erguimento da grande Catedral
de Cristo, o Salvador, em Moscou, cuja construção de estendeu por 40 anos – a decoração
consumiu mais de 40 anos.
Nos anos 1850, a Rússia combateu
a guerra da Criméia, contra Grã Bretanha, França e Império Turco Otomano. A
Rússia saiu derrotada.
De 1877 a 1878, a Rússia lutou e venceu
a guerra Russo-Turca. Contudo, o primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli
transformou o tratado de paz, o Tratado de Berlim, numa confusão de fronteiras,
envolvendo estados eslavos do sul da Europa. As rusgas daí decorrentes
levaram ao episódio que foi o estopim da I Guerra Mundial.
Durante os anos 1800, a Grã
Bretanha lutou duas guerras no Afeganistão. O motivo era o desejo de competir
contra a Rússia por influência na Ásia Central. Nas palavras de Disraeli, o
plano era: “limpar a Ásia Central dos moscovitas e jogá-los no mar Cáspio.”
Contudo, os britânicos foram
expulsos da região em 1880 e a influência política de Disraeli se esvaiu.
Em 1881, o czar Alexander II foi
assassinado finalmente no quinto atentado contra sua vida. Os “terroristas
vermelhos” – comunistas e anarquistas – lançaram uma bomba. A resposta “anti-vermelhos”
fez com que vários deles fugissem para os EUA.
Em 1905, alguns fatos muito
importantes ocorreram: assassinato a bomba do tio do czar Nicolau, e a perda da
guerra contra o Japão. Durante esse conflito, o Japão recebeu ajuda financeira
vital de Jacob Shiff, banqueiro de Wall Street, além de terem a simpatia de uma
pessoa bastante importante nos EUA, Theodore Roosevelt.
Shiff foi agraciado com a Ordem
Japonesa do Sol Nascente.
As animosidades entre a Rússia
dos czares e judeus russos também levou a auxílios anti-czar por parte dos Rothschild.
De certa forma, isso explica o acolhimento que os “terroristas vermelhos” nos
países do ocidente – EUA e Europa.
Em 1911, Pyotr Stolypin,
primeiro-ministro reformista e popular, foi assassinato na Opera de Kiev.
Em 1914, a Rússia, desejando
aliar-se a Grã Bretanha e França, além de eliminar algumas pendências com o
Império Otomano, juntou-se ao que daria início à I Guerra Mundial. No entanto,
infelizmente para os russos, os turcos se aliaram à Alemanha e à
Áustria-Hungria.
Esses fatos puseram em lados
opostos velhos aliados: a Rússia lançou-se contra o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro
– aliados, até que Benjamin Disraeli conseguisse divorciá-los.
A I GM foi uma guerra de
destruição mútua para os três, pois levou ao fim os Impérios Alemão, Russo e
Austro-Húngaro, além do Império Otomano.
O descontentamento e a crise
econômica decorrentes da I GM forneceram os elementos necessários para fomentar
a Revolução de 1917. O líder vermelho Lenin retornou para a Rússia, de trem,
carregando sacos de ouro doados por Max Warburg, um banqueiro alemão. Seu irmão
Paul Warburg foi um dos pilares da fundação do Federal Reserve, nos EUA.
Tanto Warburg quanto o governo
alemão sabiam que uma eventual revolução enfraqueceria a Rússia, fazendo-a
abandonar a guerra.
Note-se que a razão para o apoio
à Revoluçaõ Russa tinha bases ideológicas. Os Warburg, os Rothschild, os
Rockfeller, JP Morgan e Jacob Shiff viam a Rússia como um obstáculo para a
perseguida integração econômica global dos mercados.
Em fevereiro de 1917, o czar
Nicolau abdicou. A Rússia se tornou uma República democrática liderada por
Alexander Kerensky. Procurou-se o exílio da família Romanov. O destino mais
óbvio era a Grã Bretanha, mas esta, estranhamente, recusou-se a recebê-los.
Em outubro de 1917, os
bolcheviques deram início a uma segunda revolução. Sitiaram São Petersburgo e
tiraram Kerensky do poder.
Quando chegaram ao poder, os
bolcheviques sentenciaram a família real à morte.
Os quatro anos seguintes
testemunharam uma guerra civil entre “vermelhos” – os bolcheviques – e os
brancos. Os vermelhos usaram todos os métodos possíveis para vencer,
especialmente o terror. Sob ordens de Lenin e Trotsky, o “terror vermelho” foi
anunciado por Yakov Sverdlov. Cerca de 100 mil russos foram brutalmente
torturados e assassinados, desferidos principalmente pela famosa “cheka” – polícia
secreta.
A guerra civil foi bancada por
emissão desregulada de dinheiro. Quando a inflação ameaçou, seguiu-se uma
tentativa de controlar preços, levando os produtores ao prejuízo. Seguiu-se um
desaparecimento de produtos, ao qual o governo respondeu confiscando alimentos
e sementes.
Por volta de 1922, após todo o
sofrimento que se abateu sobre os russos, a situação política do país se
acalmou. O terror vermelho, a fome vermelha e a guerra civil entre vermelhos e
brancos foram sucedidas pela criação formal da URSS, por Lenin e Trotsky. A
capital era agora Moscou. Terminava o Império Russo.
Três presidentes norte americanos
se recusaram, em sequência, a reconhecer a União Soviética. Apenas em 1933, o
presidente Franklin Roosevelt reconheceu o novo país.
Por essa época, foram fundados a
Chatham House – Instituto real de relações internacionais – em Londres; e o CFR
– Council on Foreign Relations -, em NY. O primeiro diretor deste último foi
Paul Warburg.
Ainda hoje esses dois “think
tanks” trabalham pela integração econômica e política global. Eles também
influenciaram a criação da Liga das Nações, precursora da ONU.
Continua!
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “The war against Putin: what the
government ...”
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