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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

VLAD PUTIN, O GRANDE: UMA BREVE BIOGRAFIA – PARTE 10




Uma das construções mais relevantes no cenário internacional empreendidas por Vladimir Putin foi a costura de um dos blocos comerciais mais afluentes do mundo.

Inicialmente, Putin estabeleceu relações comerciais excelentes com o segundo país mais rico do mundo, a China. No verão de 2001, os dois países assinaram o Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação Amistosa (Treaty of Good-Neighborliness and Friendly Cooperation).

Essas duas nações formariam as fundações de um bloco comercial regional conhecido como SCO (Organização de Cooperação de Shanghai). Os outros membros originais incluem Quirguistão, Tajiquistão, Cazaquistão e Uzbequistão.

Em 2002, os Chefes de Estados membros do SCO se encontraram em São Petersburgo, Rússia. Assinaram a Carta do SCO que estabelecia os propósitos da organização, princípios e sua estrutura.

Em julho de 2005, no seu quinto encontro, ocorrido no Cazaquistão, contando com representantes da Índia, Mongólia e Paquistão, o presidente do país-sede, Nazarbayev, recebeu os convidados dizendo:

“Os líderes dos Estados presentes a esta negociação representam metade da humanidade.”

Em meados de 2007, o SCO era responsável por mais de 20 projetos de grande escala relacionados a transporte, energia e telecomunicações e realizava encontros regulares para tratar de segurança, forças armadas, defesa, relações externas, economia, cultura, e serviços bancários envolvendo funcionários estatais dos Estados-membros.

Um episódio polêmico envolveu o presidente da Turquia, Recep T. Erdogan. Este estava cansado das negociações morosas com a União Europeia, por meio das quais pretendia tornar a Turquia um país-membro daquele Bloco. Em 2013, após solicitar a Putin a entrada da Turquia na SCO, Erdogan declarou:

“Se nós formos admitidos na SCO, diremos adeus à União Europeia. Os Cinco de Shanghai (nome anterior da SCO) são melhores – muito mais poderosos. O Paquistão também quer entrar. A Índia, o mesmo. Se o SCO nos quiser, seremos membros da organização.”

Logo após, “coincidentemente”, protestos anti-Erdogan estouraram pelo país, prontamente cobertos pela imprensa Ocidental. Erdogan acusou publicamente nações ocidentais pelo caos.

Em setembro de 2006, Ministros do Exterior daqueles países que se uniriam em torno do BRIC, como ficaria conhecido o conjunto de países emergentes de crescimento relevante – Brasil, Rússia, Índia e China - se encontraram em NY. Iniciou-se aí uma série de encontros de alto nível envolvendo essas nações.

Um encontro diplomático de grande porte se realizaria em Yekaterinburg, Rússia, em 2008.

O BRIC nasceu como uma organização internacional independente voltada à facilitação da cooperação no comércio, na política e na cultura.

Em 2010, a África do Sul se juntou aos demais, alterando a sigla para BRICS.

Um caso interessante: em setembro de 2006, cinco anos após os ataques da Al-Qaeda de 11/9, Putin decidiu-se por oferecer um presente aos EUA, como memória do trágico evento e de suas vítimas mortais – diga-se que, à época, o governo americano ainda não havia construído nenhum memorial com esse fito. Putin presenteou a América com uma bela escultura, chamada “The Tear Drop Memorial” – ou Memorial Gota de Lágrima.

Trata-se de uma torre de 100 pés de altura, com uma grande rachadura vertical no centro. No centro da rachadura, uma grande gota de lágrima, desenhada para realmente despejar gotas de água. A base é circulada por uma parede de mármore em que foram gravados os nomes de 3000 vítimas, em ordem alfabética.

No entanto, por razões ainda não publicizadas, o monumento não foi instalado em algum local de Nova Jersey, de frente para a baía e para o local onde se erguiam as Torres Gêmeas, mas numa localidade pobre e decadente, em Bayonne. O belo monumento é desconhecido até de pessoas locais.

De fato, o belo gesto de Putin não poderia ter sido recebido com o agradecimento merecido, afinal isso dificultaria a moldura de sua imagem de “bandido”, no Ocidente.

Um diferencial do BRICS e da SCO em relação ao NAFTA de demais acordos comerciais firmados com países do centro, é a questão da soberania. Tanto BRICS quanto SCO tratam com os demais em pé de igualdade, como vizinhos que colaboram visando à melhoria do bairro.

Nas palavras de Putin:

“A questão do comprometimento diplomático não é apenas polidez diplomática em relação a um parceiro, mas sim levar em conta e respeitar os legítimos interesses de seus parceiros.”

Essa é uma das razões para que Brasil, Argentina e Venezuela abandonaram os planos estadunidenses para estabelecer a Alca (ou FTAA, Free Trade Area os the Americas), preferindo juntarem-se ao clube do Putin de nações. Ah! Lembra-se dos protestos imensos a pulularem os jornais do Brasil e da Venezuela? Pois é...

Bom, Putin cultivou e angariou excelentes relações com as demais nações do grupo ASEAN (Association of Southeast Asian Nations).São elas: Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Burma, Cambodja, Laos e Vietnã. Desde 2010, os Encontros ASEAN-Rússia ocorrem em países diferentes, ocasião em que Putin e Medvedev são recebidos como celebridades.

A diplomacia incansável de Putin e seus acordos honestos foram estendidos em direção à África, América do Sul e ao Oriente Médio também, onde é sempre bem recebido – com exceção de alguns veículos de imprensa de alguns países...

Uma vez, Putin disse que trabalhava como um escravo pelo seu país. O intenso labor custou-lhe o casamento.

Sobre as diferenças existentes entre os países, Putin declarou sua opinião ao NY Times, ainda no âmbito das discussões acerca da guerra na Síria:

“Eu estudei cuidadosamente o discurso de Obama à nação na terça-feira. E eu discordo com relação ao modo como ele se referiu ao excepcionalismo da América, entendendo que a política dos EUA é “o que faz a América ser diferente. É o que nos faz excepcionais.” É extremamente perigoso encorajar pessoas a se verem como excepcionais, qualquer que seja a motivação. Há países grandes e países pequenos, ricos e pobres, aqueles com longa tradição democrática e aqueles ainda buscando seu caminho para a democracia. Suas políticas também diferem. Somos todos diferentes, mas quando perguntamos do nosso Deus abençoado, não podemos nos esquecer de que Deus nos criou iguais.”

Pois é. Mas o senador John McCain julgou a palavras de Putin como “antiamericanas”.

Em 2012, o mesmo McCain “tuitou” uma mensagem:

“Querido Vlad, A Primavera Árabe está chegando perto de você.”

Quando perguntado o que achava da mensagem graciosa do senador americano, Putin respondeu:

“O sr. McCain lutou no Vietnã. Eu acho que ele tem sangue o bastante de cidadãos inocentes em suas mãos. Deve ser impossível para ele viver sem aquelas cenas bizarras. O Sr. McCain foi capturado e o mantiveram não preso, mas num calabouço por anos. Qualquer um em seu lugar enlouqueceria.”

Continua!   
   

Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “The war against Putin: what the government ...”

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