Uma das construções mais
relevantes no cenário internacional empreendidas por Vladimir Putin foi a
costura de um dos blocos comerciais mais afluentes do mundo.
Inicialmente, Putin estabeleceu
relações comerciais excelentes com o segundo país mais rico do mundo, a China.
No verão de 2001, os dois países assinaram o Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação
Amistosa (Treaty of Good-Neighborliness and Friendly Cooperation).
Essas duas nações formariam as
fundações de um bloco comercial regional conhecido como SCO (Organização de
Cooperação de Shanghai). Os outros membros originais incluem Quirguistão,
Tajiquistão, Cazaquistão e Uzbequistão.
Em 2002, os Chefes de Estados membros
do SCO se encontraram em São Petersburgo, Rússia. Assinaram a Carta do SCO que
estabelecia os propósitos da organização, princípios e sua estrutura.
Em julho de 2005, no seu quinto
encontro, ocorrido no Cazaquistão, contando com representantes da Índia,
Mongólia e Paquistão, o presidente do país-sede, Nazarbayev, recebeu os
convidados dizendo:
“Os líderes dos Estados presentes
a esta negociação representam metade da humanidade.”
Em meados de 2007, o SCO era
responsável por mais de 20 projetos de grande escala relacionados a transporte,
energia e telecomunicações e realizava encontros regulares para tratar de
segurança, forças armadas, defesa, relações externas, economia, cultura, e
serviços bancários envolvendo funcionários estatais dos Estados-membros.
Um episódio polêmico envolveu o
presidente da Turquia, Recep T. Erdogan. Este estava cansado das negociações
morosas com a União Europeia, por meio das quais pretendia tornar a Turquia um
país-membro daquele Bloco. Em 2013, após solicitar a Putin a entrada da Turquia
na SCO, Erdogan declarou:
“Se nós formos admitidos na SCO,
diremos adeus à União Europeia. Os Cinco de Shanghai (nome anterior da SCO) são
melhores – muito mais poderosos. O Paquistão também quer entrar. A Índia, o
mesmo. Se o SCO nos quiser, seremos membros da organização.”
Logo após, “coincidentemente”,
protestos anti-Erdogan estouraram pelo país, prontamente cobertos pela imprensa
Ocidental. Erdogan acusou publicamente nações ocidentais pelo caos.
Em setembro de 2006, Ministros do
Exterior daqueles países que se uniriam em torno do BRIC, como ficaria
conhecido o conjunto de países emergentes de crescimento relevante – Brasil,
Rússia, Índia e China - se encontraram em NY. Iniciou-se aí uma série de
encontros de alto nível envolvendo essas nações.
Um encontro diplomático de grande
porte se realizaria em Yekaterinburg, Rússia, em 2008.
O BRIC nasceu como uma
organização internacional independente voltada à facilitação da cooperação no
comércio, na política e na cultura.
Em 2010, a África do Sul se
juntou aos demais, alterando a sigla para BRICS.
Um caso interessante: em setembro
de 2006, cinco anos após os ataques da Al-Qaeda de 11/9, Putin decidiu-se por
oferecer um presente aos EUA, como memória do trágico evento e de suas vítimas
mortais – diga-se que, à época, o governo americano ainda não havia construído
nenhum memorial com esse fito. Putin presenteou a América com uma bela
escultura, chamada “The Tear Drop Memorial” – ou Memorial Gota de Lágrima.
Trata-se de uma torre de 100 pés
de altura, com uma grande rachadura vertical no centro. No centro da rachadura,
uma grande gota de lágrima, desenhada para realmente despejar gotas de água. A
base é circulada por uma parede de mármore em que foram gravados os nomes de
3000 vítimas, em ordem alfabética.
No entanto, por razões ainda não
publicizadas, o monumento não foi instalado em algum local de Nova Jersey, de
frente para a baía e para o local onde se erguiam as Torres Gêmeas, mas numa
localidade pobre e decadente, em Bayonne. O belo monumento é desconhecido até de
pessoas locais.
De fato, o belo gesto de Putin
não poderia ter sido recebido com o agradecimento merecido, afinal isso dificultaria
a moldura de sua imagem de “bandido”, no Ocidente.
Um diferencial do BRICS e da SCO
em relação ao NAFTA de demais acordos comerciais firmados com países do centro,
é a questão da soberania. Tanto BRICS quanto SCO tratam com os demais em pé de
igualdade, como vizinhos que colaboram visando à melhoria do bairro.
Nas palavras de Putin:
“A questão do comprometimento
diplomático não é apenas polidez diplomática em relação a um parceiro, mas sim
levar em conta e respeitar os legítimos interesses de seus parceiros.”
Essa é uma das razões para que
Brasil, Argentina e Venezuela abandonaram os planos estadunidenses para
estabelecer a Alca (ou FTAA, Free Trade Area os the Americas), preferindo
juntarem-se ao clube do Putin de nações. Ah! Lembra-se dos protestos imensos a
pulularem os jornais do Brasil e da Venezuela? Pois é...
Bom, Putin cultivou e angariou excelentes
relações com as demais nações do grupo ASEAN (Association of Southeast Asian
Nations).São elas: Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei,
Burma, Cambodja, Laos e Vietnã. Desde 2010, os Encontros ASEAN-Rússia ocorrem
em países diferentes, ocasião em que Putin e Medvedev são recebidos como
celebridades.
A diplomacia incansável de Putin e
seus acordos honestos foram estendidos em direção à África, América do Sul e ao
Oriente Médio também, onde é sempre bem recebido – com exceção de alguns
veículos de imprensa de alguns países...
Uma vez, Putin disse que
trabalhava como um escravo pelo seu país. O intenso labor custou-lhe o
casamento.
Sobre as diferenças existentes
entre os países, Putin declarou sua opinião ao NY Times, ainda no âmbito das
discussões acerca da guerra na Síria:
“Eu estudei cuidadosamente o
discurso de Obama à nação na terça-feira. E eu discordo com relação ao modo
como ele se referiu ao excepcionalismo da América, entendendo que a política
dos EUA é “o que faz a América ser diferente. É o que nos faz excepcionais.” É
extremamente perigoso encorajar pessoas a se verem como excepcionais, qualquer
que seja a motivação. Há países grandes e países pequenos, ricos e pobres, aqueles
com longa tradição democrática e aqueles ainda buscando seu caminho para a
democracia. Suas políticas também diferem. Somos todos diferentes, mas quando
perguntamos do nosso Deus abençoado, não podemos nos esquecer de que Deus nos
criou iguais.”
Pois é. Mas o senador John McCain
julgou a palavras de Putin como “antiamericanas”.
Em 2012, o mesmo McCain “tuitou”
uma mensagem:
“Querido Vlad, A Primavera Árabe
está chegando perto de você.”
Quando perguntado o que achava da
mensagem graciosa do senador americano, Putin respondeu:
“O sr. McCain lutou no Vietnã. Eu
acho que ele tem sangue o bastante de cidadãos inocentes em suas mãos. Deve ser
impossível para ele viver sem aquelas cenas bizarras. O Sr. McCain foi capturado
e o mantiveram não preso, mas num calabouço por anos. Qualquer um em seu lugar
enlouqueceria.”
Continua!
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “The war against Putin: what the
government ...”
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