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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

GUERRA DA SÍRIA: O PASSO A PASSO DO CONFLITO – PARTE 3




Em agosto de 2012, o Tesouro dos EUA acusou oficialmente o Hezbollah de “dar suporte ao governo da Síria”. O Secretário David Cohen explicou que o “Hezbollah treinou diretamente pessoas do governo sírio na Síria e facilitou o treinamento de forças sírias por meio do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, Qods Force” desde o início de 2011.

Este reconhecimento em público serviu para legitimar alegações anteriores de que forças do Hezbollah estavam operando ao lado das Forças da Síria, a despeito de negativas emitidas por Hassan Nasrallah, o secretário-geral do grupo.

Este suporte deve ser encarado sob a perspectiva do “Eixo de Resistência” e na importância da preservação do regime de Assad, incluindo a manutenção de rotas de suprimento por onde se transportam armas, equipamentos e dinheiro para dentro de áreas controladas pelo Hezbollah, no Líbano e na Síria.

A intervenção no Iraque, liderada pelos EUA, transformou um eventual inimigo do Irã em estado amigo, sob sua influência, e Teerã não queria perder influência na Síria, apesar do sucesso no Iraque.

Em junho de 2011, O Tesouro americano acusou as Forças Aéreas do Irã de “enviar equipamentos militares à IRGC desde 2006”. Inclusive à Síria, onde “voos comerciais da Iran Air têm também sido usadas para transporte de mísseis e de peças de foguetes.”

Entretanto, Irã e Hezbollah aumentariam a carga de ajudas quando perceberam o enfraquecimento do regime.

Estimativas, apontaram o número de soldados como aproximadamente metade dos 300 mil que se dizia haver antes do início dos conflitos. A participação de combatentes estrangeiros tornou-se ainda mais essencial conforme a oposição ganhava ex-combatentes de Assad, que recusavam o alistamento. Em algumas instâncias, homens desertaram, por causa de propinas, até emigraram para evitar serem conscritos. Conforme o conflito evoluía, forças do regime se deixaram de ser principalmente sírias, com apoio bem restrito do Hezbollah e do Irã, para ser compostas por libaneses, iranianos, iraquianos e afegãos.

Regionalmente, o Hezbollah, em face das necessidades cada vez maiores de recursos para o conflito, mudou seu foco de atuação de Israel, o inimigo histórico, em direção ao suporte a Assad.

Mesmo com o apoio extensivo de forças estrangeiras, o governo sírio continuou a enfrentar pressões no campo de batalha. Isto, eventualmente, levou a uma expansão da intervenção externa com a entrada da Rússia, em setembro de 2015. Embora calçada em termos de combater a expansão do ISIS, a Rússia entrou na Síria com três estratégias principais, de acordo com Michael Horowitz: proteger suas propriedades navais em Tartus e expandir a presença militar russa no país, incluindo a redução do tempo para envio de tropas, em qualquer operação futura; garantir a viabilidade do regime de Assad, inclusive no sentido de prevenir sua substituição por um governo pró-Ocidente; aumentar seu poder de dissuasão por meio da demonstração de eficácia e alto desempenho em campo de batalha. A ação da Rússia não apenas fortaleceu as tropas de chão, como suplementou a atuação dos caças sírios.

A Rússia alterou completamente a trajetória do conflito em favor de Assad. Mudou também a perspectiva pós-conflito do Irã, haja vista seus interesses não serem mais nem únicos nem os mais importantes.

Continua!
   

Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “The Syrian Civil War: The History of the 21th Century Deadliest Conflict” 

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