Na sexta-feira Santa de abril de 1958, veio ao mundo o mais
famoso exagerado do rock nacional. Batizado Agenor de Miranda Araújo Neto,
ainda no útero recebeu o apelido pelo qual seria conhecido por toda a sua vida,
Cazuza.
O parto foi doloroso e sua mãe, dona Lucinha, não mais
poderia ter filhos novamente.
Filho do Poderoso Chefão da Som Livre, João Araújo,
empresário do meio musical reconhecido por ter descoberto alguns dos maiores
nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Gal Costa, Elis Regina, Jorge Bem,
Rita Lee, Novos Baianos, dentre outros, Cazuza transitava desde cedo entre cantores
e atores. A Som Livre foi uma gravadora subsidiária da Rede Globo pensada para
explorar o grande “filão” das trilhas sonoras das novelas da emissora.
Aos cinco anos, é aprovado para estudar no colégio Santo
Inácio, no Rio de Janeiro. Apesar disso, suas notas são muito baixas. Ainda
nessa escola, Cazuza torna-se amigo de Pedro Bial.
Numa das aventura da duplinha, Cazuza e Bial vão à casa de
Vinicius de Moraes, realizar uma entrevista com o poetinha, como atividade extra
num trabalho do colégio. Quem marcou o encontro foi João Araújo. Após uma tarde
inteira sorvendo uísques cowboy com Vinicius, os dois voltam para casa
completamente bêbados.
Na infância, o talento que desponta com mais intensidade em
Cazuza seus desenhos.
Aprende a dirigir antes dos 12 anos. Ainda na escola, vai
dirigindo, com permissão dos pais.
Em 1970, seus pais se mudam para o Leblon. Nesse bairro,
após se tornar freqüentador da Pizzaria Guanabara, descobre a boemia, os
baseados. Aos 14 anos já não tinha hora para voltar para casa.
Suas notas na escola sofrem um descenso que culmina com sua
expulsão do Santo Inácio. A partir daí, troca de escolas, uma após a outra.
Aos 15, sua mãe flagra maconha nas suas coisas. Joga tudo na
privada, apenas para ouvir Cazuza a acusando de jogar dinheiro fora.
Aos 18, é aprovado para cursas Comunicação, mas não se
matricula. Ainda é totalmente atraído pela praia, noitadas, bebida, cigarro,
sexo... Sem restrição de gênero. Garotos ou garotas, ou os dois ao mesmo tempo.
Aos 20, é aprovado em outro vestibular. E repete a atitude,
não cursando a faculdade. Nesses anos, Cazuza já estava aficionado por cocaína,
LSD e Mandrix. Essa última droga era um comprimido para dormir. Mas a juventude
descobrira que, combinada com álcool, tinha efeito sedativo e alucinógeno. A mais famosa usuária foi Christiane F., aquela
do filme.
Na companhia do pai, vez ou outra também curtia um
pilequinho de uísque.
Em 1976, Cazuza parte para Londres. Vai aos museus, assiste
a shows, e bebe todos os dias.
Volta ao Brasil e tenta vestibular para jornalismo. É
aprovado e ganha o presente prometido pelo pai: um automóvel. Recebida a
recompensa, volta à faculdade e tranca o curso.
Aos 20 anos, seu pai o emprega na assessoria de imprensa de
Sandra de Sá. Como seu pai era receoso quanto ao comportamento profissional do
filho, não o põe na folha de pagamento da Som Livre, pagando o salário seu
próprio bolso.
Após embolsar o primeiro salário, Cazuza se muda de “mala e
cuia” para o apartamento de um casal de amigos, viciados em heroína, na Lagoa.
No ano seguinte, Cazuza parte para San Francisco,
California. Pretende estudar fotografia. Lá chegando, troca os planos por muita
bebida, drogas, sexo. Retorna com material fotográfico que comprado e sem ter
feito o curso.
Aos 21 anos, Cazuza conhece Ney Matogrosso. Por três meses,
vivem um tórrido romance. Ney é um dos cantores de maior sucesso no Brasil e passa
a freqüentar a noitada carioca ao lado do garoto, de quem futuramente gravará
alguns sucessos.
A Som Livre adquire a RGE e Cazuza é contratado como fotógrafo
freelancer. Aluga um apartamento em Ipanema, que logo vira um concorrido “point”.
Durante todo o dia, artistas, surfistas, modelos, traficantes entravam e saíam
do “cafofo” do Cazuza. O consumo de bebidas e drogas corria solto.
Um dia, o zelador do edifício telefonou para João Araujo,
pai de Cazuza e fiador do apartamento, ameaçando denunciar o rapaz para a
polícia. João, zeloso quanto a seu nome e à sua posição, rescinde o contrato e
Cazuza volta para a casa dos pais.
Aos 23, Cazuza conhece o ator Sérgio Dias. Ao lado de Serginho,
Cazuza conhece o teatro, matricula-se no curso de Perfeito Fortuna, depois com
o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone”, é um dos fundadores do Circo Voador – na época
localizado no Arpoador.
Ao lado de Bebel Gilberto, entra para o grupo Nossa Senhora
dos Navegantes. Com Bebel e Serginho, atua na peça “Parabéns pra Você”,
cantando Odara, de Caetano Veloso, e a trilha de “A noviça rebelde”, Edelweiss.
Em 1981, Léo Jaime avisa a Cazuza sobre um grupo de rock
formado por garotos que moram no Rio Comprido. O nome da Banda era Barão
Vermelho e precisavam de um vocalista. Cazuza se apresenta, solta a voz, ensaia
uns trejeitos de band leader e é admitido no grupo.
A reboque do novo cantor, a passa passou a contar com um
ótimo letrista. Embora vocalista de uma banda de rock, as influências musicais
de Cazuza se estendem além do rock. Ele admira Dolores Duran, poesias beatnik,
Billie Hollyday. Frejat e Cazuza passavam horas fumando baseados e compondo
músicas.
A estréia da banda ocorre num playground de um condomínio na
Barra da Tijuca. Cazuza se apresenta bêbado, cantando com a braguilha aberta.
São vaiados incessantemente. Então ele abaixa a calça e põe o microfone no
lugar do pênis. É sua mãe, na platéia, quem tenta conter o público.
Seu segundo show é assistido por seu pai, ao lado de Moraes
Moreira. Ao fim do show, seu pai sugere que o filho estude canto...
Insistentes, gravam uma fita demo em um pequeno estúdio. A
fita cai nas mãos de Leonardo Neto, que trabalha com os produtores Ezequiel
Neves e Nelson Motta. Ezequiel – funcionário da Som Livre - gosta do que ouve e
liga para Lucinha, querendo conhecer o autor das canções.
Quando Lucinha diz que foi Cazuza quem as escreveu, Ezequiel vê a chance
de lançar um futuro sucesso. Apresenta as músicas a Guto Graça Mello, um dos
grandes nomes da Som Livre e "mago" das trilhas sonoras das novelas da Globo. Guto também adora o que ouve.
Juntos, Zeca e Guto partem para o último e derradeiro
desafio: convencer o presidente João Araújo a arriscar-se no lançamento da
banda do filho, com todos os riscos que isso poderia implicar.
João aceita, mas sob a condição de usarem o selo Opus, da
própria Som Livre.
A estréia em disco ocorre com o LP “Barão Vermelho”, de
1982. Cazuza grava o disco completamente bêbado de uísque. A recepção dói bastante
favorável.
O primeiro show do disco ocorre num Circo Voador lotado. Na platéia,
estão Angela Rô Rô, futura grande amiga, e Caetano Veloso, quem cantará “Todo o
amor que houver nessa vida”, no show de “Uns”, no Canecão. O público somente
descobre que a espetacular letra não é de Caetano, quando este diz o nome dos
autores: Frejat e Cazuza. Caetano confessa serem eles os melhores poetas
daquela nova geração.
Participam também da Discoteca do Chacrinha. Mas as vendas
não superam as 8 mil cópias. As rádios também não tomam conhecimento.
Em 1983, lançam o segundo disco. Este álbum foi produzido,
também, por Zeca e pelo norte-americano Andy Mills, ex-Alice Cooper. Ney Matogrosso
escuta “Pro dia nascer feliz” antes do lançamento. Empolgado com a música, pede
a Cazuza para gravá-la no seu próximo disco. Cazuza se recusa, pois será a
música de trabalho do novo disco. Ney é desobediente: grava mesmo assim.
A faixa estoura no Brasil, na voz do Pavão Misterioso. Logo
depois, as rádios passam a veicular a versão original da música, e o Barão Vermelho
se prepara para o sucesso.
A véspera do lançamento do segundo disco, no Teatro Ipanema,
é um sucesso, mas a véspera é marcada por uma febre inesperada, que acometeu
Cazuza.
Meses depois, em show em São Paulo, a banda é surpreendida por
uma batida policial em busca de drogas. Os policiais acham maconha em posse de
Guta Graça. Este é levado à delegacia, mas Cazuza decide ir junto. Tudo isso é
divulgado no Jornal Nacional.
No show seguinte, casa surpreendentemente lotada e, ao longo
do show, centenas de baseados são lançados sobre o palco. Tornam-se ídolos
revolucionários juvenis.
Noutra feita, em Sampa, Frejat se irrita com o fato de
Cazuza estar há muito tempo no banheiro, com um rapaz, provavelmente consumindo
cocaína. Frejat decide arrombar a porta, mas ela atinge a testa de Cazuza.
Diante do sangue que escorria, foi levado ao hospital, levou pontos e voltou
para o show. Durante a apresentação ainda tirou os pontos e cantou com o rosto
coberto de sangue.
Apesar dos estardalhaços, “Barão Vermelho 2” só vende 15 mil
cópias.
Em 1984, o Barão lança o álbum “Maior abandonado”. Cazuza
justifica as letras que lembravam sambas-canções, ao afirmar que o álbum promovia
o encontro entre rock`n roll e Nelson Gonçalves, Lupicínio Rodrigues e Ataulfo
Alves. A boêmia e a fossa estavam no rock brasileiro.
O disco é um dos mais importantes do rock nacional, vende
100 mil cópias e garante o primeiro Disco de Ouro do grupo.
Mas os desentendimentos dentro do grupo avultam. Cazuza e
Frejat saem aos tapas em Curitiba. Em Fortaleza, Cazuza deixa o palco nomeio da
apresentação.
Às vésperas de assinar contrato para um quarto disco, Cazuza
avisa aos membros que sairá da banda.
A Som Livre, então, opta por manter a banda Barão Vermelho
sem Cazuza e, ao lado, contrata Cazuza como cantor solo.
As febres que eventualmente o acometiam se tornam a cada dia
mais freqüentes. Uma semana após sair do grupo, Cazuza é acometido por convulsões.
É internado e realiza exames para HIV. O resultado é negativo.
Durante o tempo de internação, um beija-flor entra no quarto
do cantor. Inspirado, compõe “Codinome beija-flor”, ao lado de Zeca.
Em casa, começa a trabalhar no seu primeiro disco solo.
Escreve “Exagerado” – composta ao lado de Zeca e Leoni. É um dos seus maiores
sucessos. Também faz parte das faixas a música “Só as mães são felizes”, clara
referência ao escritor beat Jack Kerouac.
O álbum foi um sucesso, assim como os shows. No entanto a Som
Livre passou por uma reformulação geral e dispensa todo o seu panteão. Cazuza
vai para a PolyGram. Lá, grava “Só se for a dois”.
Às vésperas do lançamento, Cazuza novamente sofre de febres
que o obrigam a permanecer dias acamado. Realiza novos exames e, dessa vez, é
diagnosticado como portador do vírus HIV. Cazuza recebe a notícia de seu
médico, ao lado do escudeiro Ezequiel Neves.
Sua reação é de completo desespero. Em busca de reconforto,
retorna à casa dos pais.
A doença é então plenamente desconhecida. Havia só uma
certeza: a morte.
Após a turnê de “Só se for a dois”, Cazuza embarca para o
maior centro de referência nos estudos e no tratamento, ainda incipiente, da
AIDS, em Boston. Lá, é avisado de que se trata de uma doença que destrói o
sistema imunológico e o paciente pode morrer de qualquer doença oportunista que
o acometa. Deve levar uma vida saudável e regrada.
Quando do retorno ao Brasil, muda-se para um apartamento na
Gávea, com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Quanto a sua rotina saudável,
manda às favas e mergulha na vida tresloucada de sempre. As bebedeiras e as
festas tornam-se diárias.
No fim de 1987, baixa novamente no hospital, com as conhecidas
fortes febres. Durante a internação, compõe, ao lado de Frejat, “Blues da Piedade”.
Diante da febre que não arrefecia, Cazuza voa novamente para
Boston. Nessa temporada, os efeitos colaterais dos remédios que ingeria eram desgastantes.
Cazuza aceita tornar-se cobaia de uma nova mediação: o AZT.
Assina um termo de responsabilidade, haja vista o tratamento estar em
experimentação.
Retorna ao Brasil em fins de 1987. Dessa vez, Cazuza reúne os
amigos e conta tudo, tanto sobre a doença quanto sobre o tratamento a que
estava se submetendo. Para aliviar o estresse, dá uma festança de final de
Reveillon.
No ano seguinte, começa a sofrer os conhecidos efeitos
colaterais decorrentes do AZT. Os cabelos ficam ralos, o que o faz usar bandana
nas apresentações.
Cazuza compõe sem parar. Escreve letras para Lobão, Ângela
Rô Rô Rô e Fagner. Escreve “Quando eu estiver cantando”, para Maria Bethânia.
Renato Russo a grava também.
Lança “Ideologia” no ano se seu aniversário de 30 anos. Esse
disco vende 500 mil cópias. Cazuza está faturando alto.
Na trilha do sucesso de público e crítica, convida Ney Matogrosso
para dirigir seu show, no Canecão. Todas as apresentações estavam lotadas e o
rapaz arrancava gritos do público.
Mas Cazuza sofreria as conseqüências do consumo de álcool
associado ao AZT. Uma ambulância passa a ficar constantemente na porta das
casas onde se apresentava. Chega a desmaiar em meio a uma apresentação, em
Belém. Vai direto para o CTI.
Cazuza também parece estar sendo afetado psicologicamente.
Em São Paulo, no hotel, arruma uma confusão o leva a quebrar uma vidraça. O
segurança, irritado, saca a arma. Cazuza, transtornado, abre os braços e o
desafia a tirar.
A doença e os problemas que enfrenta, além do envelhecimento
natural, despertam uma personalidade mais politizada, levando-o a fazer diversas
críticas sociais e políticas.
Mas as polêmicas não pararam. Durante um show no Canecão,
Cazuza cospe na bandeira do Brasil, jogada no palco por sua prima. Sua mãe
tenta disfarçar o gesto, dizendo que Cazuza apenas quis cuspir uma pétala de
rosa que havia engolido, quando elas eram lançadas sobre si, no fechamento dos
shows. Mas o filho desmente e diz que o gesto foi real e pensado. Apenas
extravasou os seus sentimentos mais sinceros.
No ano de 1988, as complicações de saúde atingiam um patamar
ainda mais trágico. Nesse ano, viaja para Boston oito vezes. Apesar disso, sua
rotina de bebedeiras e drogas não arrefece. É nessa época que experimenta
ecstasy pela primeira vez.
Num momento de desespero, seu pai invade o apartamento do
filho e quebra tudo lá dentro. Seus pais não conseguiam se conter diante da
lenta morte do filho, às vezes com a sensação de que era aquilo que ele
buscava.
Mas sua produção musical não para de crescer. Lança “O tempo
não para – Ao vivo”. Trata-se de um registro dos shows dirigidos por Ney
Matogrosso.
Em 24 de janeiro, realiza seu último show, em Recife. Completamente
abatido, física e psicologicamente, chega a ser vaiado quando começou a fazer
discursos no palco. Recitou uma poesia em inglês, teve de voltar ao camarim
para respirar num tubo de oxigênio.
No carnaval de 1989, retorna a Boston. Ele passa a sofrer de
alucinações. Os médicos reduzem a quantidade de AZT, para atenuar esses efeitos
sobre o cérebro do cantor.
Antes de retornar ao Brasil, passa uns dias em NY, onde é
entrevistado por Zeca Camargo, para a Folha de SP. Ali, ele assume ter a doença
publicamente.
Após a publicação da entrevista, o Consulado Americano se
recusa a renovar o visto do cantor para entrar nos EUA. Diante disso, seu
tratamento estava suspenso. Um mês depois, é acometido por hepatite.
Deixa o apartamento na Gávea e adquire um no Leblon, vizinho
de Fagner, seu amigo. Passa a morar com Bené, seu motorista, e duas
enfermeiras.
Quanto às festas, nada mudou: álcool, pó e maconha à
vontade. Seus pais, no entanto, o avisam de que estava provavelmente sendo
roubado pelas pessoas que freqüentavam sua casa. O filho não demonstra qualquer
reação.
Cazuza também achou tempo para mais uma experiência. Conhece
a doutrina do Santo Daime, ao lado de Ney Matogrosso.
Lança um novo disco: Burguesia. Já estava se movimentando em
cadeira de rodas e quase sem voz.
Foi quando levou um duro golpe da revista Veja. Esta
publicou uma matéria que desancava Cazuza, pondo toda a sua obra no lixo. O
título, por si só, já era bastante grosseiro, no estilo cultivado pela revista:
“Cazuza, uma vítima da AIDS agoniza em praça pública”.
Após ler a matéria, a pressão de Cazuza cai abruptamente.
Apesar da “reporcagem”, profissionalmente, Cazuza recebe
sete indicações ao Prêmio Sharp de Música: Ideologia, tanto o disco como a
faixa são saudadas; Brasil, na versão de Gal Costa, é outra vitoriosa. No fim,
a atriz Fernanda Montenegro lê uma nota de repúdio à revista Veja, assinada por
mais de 500 artistas.
Quando o cantor surge, empurrado numa cadeira de rodas,
magro e vestindo um turbante, declara: “O trabalho é a coisa que mantém a pessoa
viva. Eu to vivo por causa do meu trabalho.”
Em agosto, mesmo com sua saúde ainda degringolando mais a cada
dia, lança o álbum duplo “Burguesia”. Vende 250 mil cópias. As críticas
negativas, em geral, partiam de quem se sentia pessoalmente ofendido com a
letra.
Com as notícias sobre a piora de seu estado de saúde,
funcionários da Som Livre viajaram a São Paulo para doar-lhe plaquetas. Ele
estava internado no Hospital Nove de Julho.
Finalmente, após pressões diversas, o Consulado Americano
aceita renovar o visto de Cazuza. Roberto Marinho empresta seu jato particular
à família do músico. Montam uma UTI dentro da aeronave e Cazuza retorna a
Boston.
Fica lá internado por 5 meses. Apesar da vigilância, consegue
fumar no quarto.
Retorna ao Rio em março de 1990. Instala-se uma UTI no seu
quarto, na casa dos pais. No seu aniversário, recebe Ney Matogrosso, Sandra de
Sá e Ezequiel Neves.
Passa ainda 15 dias em Petrópolis, depois seguem para Angra
dos Reis.
Prevendo poucos dias ainda de vida, compra um automóvel
Veraneio preto, com dez lugares. Passeia, ao lado dos amigos, pela cidade que
tanto amava. Ainda comparece à estréia do show Estrangeiro, de Cazuza, no
Canecão.
Em 7 de julho de 1990, Cazuza agonizou pela última vez.
Sua mãe fundou a Sociedade Viva Cazuza, destinada a auxiliar
crianças portadoras de HIV. Sua música se transformou em musical; ganhou uma
biografia, escrita pela mãe, “Só as mães são felizes”. Filmou-se também sua
vida, com produção de Sandra Werneck e Walter Carvalho.
Ao contrário do que dizia a “reporcagem” da Veja, sua obra
tem permanecido no cenário musical, cada vez mais influente e respeitada,
produto de um dos melhores artistas de sua geração.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A vida louca da
MPB”