Em 1913, a 16ª Emenda foi ratificada. Isso significa que, além dos
tributos sobre empresas criados poucos anos antes, havia agora um tributo federal
a ser pago por todas as pessoas que trabalhavam nos EUA. Tributos sobre a renda
e sobre empresas eram pouco compreendidos e duramente combatidos nos seus anos
iniciais. Como conseqüência, a maioria dos indivíduos e das corporações não os
estavam pagando, ou os apuravam incorretamente. Contadores não tinham certeza
sobre certos itens como depreciação e deduções de impostos. A carga de trabalho
e a demanda por contadores, entretanto, cresceu em conjunto com alíquotas de
impostos.
Em 1917, o Federal Reserve publicou Uniform Accounting (Contabilidade
Uniforme), um documento que procurava criar padrões de como as finanças
deveriam ser organizadas, tanto para relatar tributos quanto para interpretações
financeiras. Não havia, entretanto, leis que sustentassem essa normas, tendo
portanto pouco impacto.
A quebra do mercado de ações em 1929, que deu origem à Grande Depressão,
expôs massivamente fraudes contábeis de Companhias listadas na NYSE. Fazia-se
necessário criar medidas mais específicas, como a auditoria independente dos
relatórios financeiros antes de seu registro em Bolsa.
Em 1933 e 1934 foram publicadas duas normas: Securities Act, sobre
valores imobiliários, e Securities Exchange ACT, sobre oferta pública inicial.
Essas foram as bases da criação da SEC – Securities and Exchange Commission. A
SEC instituiu a revisão regular dos relatórios financeiros e começou a longa
tendência de regulações governamentais sobre tanto a prática contábil como de
investimentos.
A SEC, agindo verdadeiramente como governo, mudou a maneira como agia e
delegou a responsabilidade para padronizar a contabilidade a uma sucessão de Comitês
e Conselhos como siglas as mais diversas: AIA, CAP, AICPA e APB. Finalmente, o
atual FASB surgiu em 1973. Embora esses Conselhos preenchessem páginas e
páginas de padrões contábeis ao longo dos anos, a aprovação final sempre foi
deixada a cargo da SEC. A SEC raramente interfere.
Conforme as normas sobre os relatórios financeiros se avolumassem e as
empresas devessem usar diferentes firmas para serviços de auditoria externa e
outros serviços, as mesmas grandes firmas contábeis continuaram a dominar mais
e mais o mercado. Isso especialmente porque elas tinham os profissionais e a
experiência para o trabalho, e ainda havia a sensação de prestígio ao se tornar
cliente de empresas que nunca paravam de crescer.
Como parte de suas estratégias de crescimento, essas firmas se fundiam
com empresas menores para dar conta de uma carga de trabalho crescente,
conforme mais empresas tornavam-se públicas e regulações (e gerenciamento)
demandavam relatórios financeiros cada vez mais freqüentes e rigorosos. P9or
volta de 1970, havia oito firmas que lidavam principalmente com contabilidade
para empresas listadas.
Como todas as empresas tinham que contratar duas firmas, uma para
auditoria outra para serviços contábeis que não auditoria, a competição entre
as oito principais ficou mais cerrada, levando a mais fusões. Por volta de
1989, as “oito grandes” ficaram reduzidas a seis. Em 1998, os “seis grandes”
tornaram-se apenas cinco. Este grupo ficou desfalcado em uma firma quando, em
2002, o escândalo Enron arrastou a Arthur Andersen consigo. As quatro restantes
compraram seus espólios.
Essas quatro possuem agora uma espécie de oligopólio, porque a competição
foi reduzida significativamente enquanto as necessidades de regulação e reporte,
por parte delas, cresceu. Disso resultaram Companhias listadas em Bolsa tendo
de pagar mais por serviços, tanto de auditoria quanto outros.
A despeito do fato de que essas quatro firmas dominam o mundo da
contabilidade corporativa, alguns dos maiores empregadores de contadores
certificados de empresas que negociam ações em Bolsa (nos EUA, CPAs) incluem
também American Express e outros bancos e bandeiras de cartões de crédito. Imposto
de renda e crédito afetam milhões d epessoas que nem sabem que existe uma tal
de FASB. Elaborar Relatórios Financeiros pode ser a luz da ribalta da
contabilidade, mas o coração da indústria contábil ainda é fazer as pessoas
apurarem e pagarem seus impostos em dia.
Além das tarefas tradicionais da contabilidade, como prover informações
importantes para tomada de decisões, verificar a adesão da Cia às normas do
setor em que atue e análise de informações gerenciais, outra atribuição se
avizinha: informação sobre valor corrente. Muitos argúem que o modo de
utilização do Custo Histórico leva informações incorretas; o custo atual é mais
relevante para os investidores. Os Balanços seriam mais representativos da
realidade. Contudo, muitos discordam desse entendimento.
Outra mudança na contabilidade empresarial é a introdução de publicidade
na indústria contábil. Historicamente a publicidade é feito boca a boca, por
recomendação de clientes. Conforme o mercado fica concentrado, mais regulações
deverão surgir, como proteção aos clientes dessas firmas.
Até lá, espera-se que a contabilidade entregue mais informações a investidores e gerentes, tão rápido quanto
possível.
Rubem L. de F. Auto
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