A trajetória da família Fugger,
em Augsburg, data do início do séc. XIV. O progenitor da linhagem, aquele que
iniciou a colossal fortuna da família, foi o tecelão Hans Fugger. Em 1367, mudou-se
para a Cidade Imperial Livre de Augsburg. Em razão de sua sagacidade para os
negócios, cresceu no âmbito da associação de tecelões. Ele fornecia algodão e
linho para as tecelagens locais e muitas vezes usava os produtos prontos como
garantia.
Após sua morte, em 1408, a
história familiar de sucesso continuou, quando sua segunda viúva, Elisabeth
Gfattermann, deu continuidade, sozinha, aos negócios, até que a ela se
juntassem seus filhos Anton e Jakob, o Velho. Em 1466, este último era o sétimo
mai9or contribuinte em Augsburg.
Em 1455, os irmãos dividiram os
negócios e, mais tarde, o próprio nome da família. Existem evidências, em carta
de 1462, da constituição do brasão familiar dos “Fugger vom Reh” – de Andreas
Fugger – e, em 1473, da constituição dos “Fugger von der Lilie” – de Ulrich
Fugger e seus irmãos.
Após alguns sucessos, os Fugger
vom Reh cindiram suas atividades econômicas em razão da crise por que passaram
no final do séc. XV.
A linhagem dos Fugger Von der
Lilie, iniciada por Jakob, o Velho, segue inalterada até hoje. Fizeram parte
deste ramo familiar seus filhos Ulrich, Georg e Jakob, o Rico. Criaram uma
Fundação, o legado mais duradouro dos seus anos gloriosos. No auge, sua fortuna
foi avaliada em 400 bilhões de euros, em valores atuais. Certamente foi o homem
mais rico da história.
O ramo dos Fugger Von der Lilie
está relacionado diretamente à região da Swabia, onde seu brasão poder ser
visto em vários locais. Suas propriedades inicialmente foram adquiridas no
período feudal, quando apenas nobres tinham direitos de propriedade. Assim,
foram agraciados com o título nobiliárquico de Conde. Ao longo do tempo foram
adquirindo outros palácios e castelos, onde também fixaram residência, algumas
ainda habitadas.
Diversos membros da família
ocuparam cargos de conselheiros, acadêmicos, burocratas etc. São atualmente
locais de residência dos três ramos familiares, em Swabia: Schloss
Oberkirchberg, Schloss Kirchheim e Schloss Babenhausen e Schloss Wellenburg.
O ápice do sucesso dos Fugger
ocorreu sob Jakob Fugger, o Rico, que viveu de 1459 a 1525. Por meio dos diversos
negócios com metais preciosos, comércio e finanças, tornou-se o maior comerciante
e banqueiro de seu tempo. É o membro mais famoso da família. Seu retrato com um
chapéu dourado, de Albert Durer, foi pintado no auge de seu poder.
O nome Jakob Fugger ainda se
conecta a uma imagem de grande riqueza e influência. Ele, contudo, procurava
aparentar estar distante do poder político. Não tinha qualquer escritório na
Cidade Imperial Livre de Augsburg. Seus objetivos eram: sucesso duradouro em suas
empresas, reconhecimento social para si e sua família e a perenização de sua
Fundação.
Jakob manteve relacionamento
especial com o Imperador Maximiliano I. Seus negócios com os Habsburg foram a
base para o crescimento dos negócios. Ele realizou mudanças na forma de
conduzi-los: criou o “Regierer”, ou “Governor” – administrador, gestor – da família;
limitou a participação nos negócios a membros do sexo masculino, apenas. Seus
representantes em outros países, como Fernão de Magalhães, em Portugal, eram
dirigentes de sucursais, totalmente submetidos às decisões de Jakob.
Entre 1472 e 1486, a riqueza da
família dobrou. Os negócios giravam em torno de companhias de tecelagem em
Veneza e Nuremberg. Nessa época também realizou seu primeiro empréstimo à Curia
Romana e iniciou conexões comerciais com a Casa dos Habsburg.
Em 1473, Ulrich Fugger patrocinou
o Imperador Frederico ajudando-o a arranjar um casamento para o seu filho,
Maximiliano. Assim inicou-se o relacionamento entre os Fugger e os Habsburg.
Em 1493, O rei João II solicitou
que os Fugger tomam-se parte em uma expedição ao Catai, no Oriente. Essa expedição,
contudo, não se realizou. Após o retorno de Vasco da Gama, porém, com seu carregamento
de especiarias, o interesse dos Fugger pelas expedições portuguesas aumentou. Em
1503 eles iniciaram o financiamento da exploração do pau-brasil em terras
brasileiras.
A crise que se seguiu à questão
das Molucas suspendeu as relações entre Portugal e os Fugger. Entretanto, após
a União Ibérica esses negócios passaram a ser realizados junto à Coroa
espanhola.
Jakob Fugger, o Rico, viveu em
Veneza desde seus 14 anos para ser educado como um mercador – aprendeu contabilidade,
por exemplo. Por volta de 1486 retornou para Augsburg, onde logo se provou
muito habilidoso comercialmente. Por meio de negócios envolvendo pedras
preciosas, bens e empréstimos bancários, tornou-se o maior empresário de seu
tempo. Os negócios de Jakob Fugger estavam sediados em Tirol, Caríntia e na
atual Eslováquia.
Realizando empréstimos a senhores
feudais, como o arquiduque Sigismundo, ele conseguiu o monopólio da exploração dos
depósitos de cobre e da prata da região do Tirol. Os recursos que empenhou para
a eleição de Carlos V como Sacro Imperador Romano lhe renderam os direitos
exploratórios dos depósitos de mercúrio da Espanha, que foi o negócio mais
lucrativo da firma familiar por décadas.
Em paralelo às suas atividades
empresariais, Jakob, o Rico, investiu em terras e propriedades feudais. Suas
empresas, ao financiarem papas, imperadores e reis, ganharam o direito de
cunhar moedas e comerciar mercadorias por todo o continente, de cobre a jornais
(foram grandes impulsionadores da imprensa).
Investimentos em mineração e
siderurgia, contudo, sempre foram fonte de riscos, por serem intensivos em
capital. As muitas operações de empréstimos a imperadores e reis para suas
campanhas militares levaram a débitos insustentáveis, muitas vezes não
honrados. Após sua morte, 1525, o sobrinho e sucessor de Jakob Fugger, Anton
transferiu a maior parte de seus negócios para a Espanha e investiu na aquisição
de terras e de propriedades de senhores feudais. Nas décadas que se seguiram, os
investimentos de Anton garantiram a viabilidade econômica das empresas. A
despeito de serem tempos de guerras, os ativos das empresas dos Fugger tiveram
seu ápice em 1546. Anton também tinha conexões pessoais com o imperador Carlos
V.
Em 1548, os Fugger foram
obrigados a se retirar da Hungria. Em 1557, a Espanha entrou pela primeira vez
em bancarrota. Após a morte de Anton, seu filho, Marx procurou consolidar seus
negócios pela diversificação, desfazendo-se daquilo que não se mostrava mais
lucrativo, e pela aquisição de terras em Swabia. Em 1607, a Coroa espanhola
suspendeu todos os pagamentos que tinham contra os Fugger. Até 1647, a firma terminou
a liquidação de todas as operações com a Espanha. Em 1657, transferiu de volta todas
as operações com minas para os senhores feudais. Em 1658, após quase 300 anos,
os Fugger liquidaram seu empreendimento familiar.
Rubem L. de F. Auto
Fontes:
http://www.fugger.de/en/singleview/article/the-most-important-firm-of-its-time/1.html
http://www.fugger.de/en/singleview/article/merchant-benefactor-visionary/1.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jakob_Fugger
http://www.fugger.de/en/singleview/article/merchant-benefactor-visionary/1.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jakob_Fugger
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