Na história dos canais, a Grã
Bretanha não foi pioneira. Os chineses podem reclamar para si o primeiro deles:
o Grande Canal da China, construído no século X. Entretanto, existem exemplos
anteriores até mesmo na própria China.
O canais mais antigos se
conectavam com rios naturais, por meio de pequenas extensões ou por meio de
melhoramentos feitos nesses rios. A diferença entre um rio natural, e um canal
totalmente artificial é bem clara, mas entre esses dois extremos há muitas
variedades de tipos de canais, portanto é difícil dizer qual foi o primeiro
canal da história. O tipo de canal mais comum na Inglaterra, diz-se, foi
inventado por Chhiao Wei-Yo, no ano de 983 dC, na China, embora haja exemplos
de canais do tipo cuja invenção é creditada a Leonardo da Vinci (1452-1519) –
os “mitre gate”.
Os romanos construíram na Grã
Bretanha o Fossdyke, de Lincoln ao rio Trent, para drenagem e para navegação,
além do Caer Dyke, por volta de 50 dC. Um caminho fluvial notável, concluído em
1566, foi o canal Exeter, o qual encurtou a distância em parte de um rio,
fazendo sua navegação mais fácil. Foi o primeiro canal a contar com uma eclusa,
portões verticais. Os canais do estilo “mitre gate”, que possuem comportas em
forma de V mantidas juntas pela pressão da água, foi inaugurada na GB no rio
Lee, em Waltham Abbey. Outros canais britânicos mais antigos são seções
melhoradas do rio Welland, em Lincolnshire, construídos em 1670, e o
Stroudwater Navigation, em Gloucester, construído entre 1775 e 1779 e o canal
Sankey, em Lancashire, aberto em estágios, entre 1757 e 1773.
A idade de ouro da construção de
canais se iniciou com a construção do Bridgewater Canal. Esse caminho fluvial pioneiro
foi iniciativa do Duque de Bridgewater. Ainda como um jovem bem educado, o
Duque visitou um grande canal recém-construído, o Canal Du Midi, na França, com
150 milhas de distância, cuja construção foi finalizada em 1681.
O Duque tinha minas de carvão em
Worley, noroeste de Manchester, uma grande cidade consumidora de carvão. O
Duque elaborou seus planos com John Gilbert, um dos gerentes de suas
propriedades, e ambos trouxeram o engenheiro James Brindley, quem já possuía
reputação por seus trabalhos em engenhos, rodas d`água etc.
A lei de regulação foi promulgada
em 1759 e ainda sobrevieram leis parlamentares para emendar e ampliar o objeto.
Finalizada em 1776, o Canal Bridgewater foi o catalisador de um período de meio
século de construção de canais. Brindley construiu um aqueduto o qual ainda é
lembrado como uma grande realização, e havia tuneis adentro a mina em Wosley,
onde o carvão era embarcado. O preço do carvão em Manchester caia conforme novos
meios de transporte tornavam as entregas as mais baratas possíveis.
Após, seguiram-se um grande
número de navegações de longa distância, sendo Bridley o engenheiro principal
desses tempos. Ele construiu a maior parte do que se denomina “Grande
Cruzamento” de canais, os quais ligam as quatro grandes bacias hidrográficas
britânicas (Severn, Mersey, Humber e Tâmisa), sendo a Bacia do Tâmisa alcançada
a partir de 1790, via Canal de Oxford, rota que liga o norte a Londres.
Houve dois períodos de construção
de canais: de 1759 ao início dos anos 1770; e de 1789 até o final do século
XVIII. A Guerra de Independência Americana separou esses dois períodos. Londres
e o sudeste não constavam muito no primeiro período. Canais eram construídos
para servir à indústria pesada do norte e da área central e, embora Londre
tivesse indústrias e o maior porto do país, não dispunha de minas de carvão, e
toda a região no sudeste do país era primordialmente agrícola.
Foi apenas em 1793 que uma lei aprovada
que autorizava o Grande Canal de Junção, de Braunston, no Canal Oxford, a
Brentford, no rio Tâmisa, oeste de Londres. Londres não estava ligada
diretamente à grande rede nacional de canais até 1801, com a inauguração do braço
do Grande Canal em Paddington.
Rubem L. de F. Auto
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