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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

MICHELANGELO, A INVEJA E A GLÓRIA


No início, havia uma representação singela de um céu estrelado. Após, um afresco de 1.100 metros quadrados, pintado por um só homem, dependurado em andaimes a 16 metros do chão (um prédio de 5 andares), deitado lá em cima, trabalhando com tinta pingando em seus olhos, tudo supervisionado pelo cliente, que era ninguém menos que o cara mais poderoso da época: o Papa!

Assim o gênio renascentista Michelangelo Buonarroti se desincumbiu de um de seus maiores desafios - e feitos: a pintura do teto da Capela Sistina, ao lado da Basílica de São Pedro. Sua vingança é comemorada até hoje: 5 milhões de turistas com torcicolo, todos os anos, após passarem horas a admirar aquela obra monumental.

Quando convocou o escultor para a obra, o papa Júlio II ouviu um sonoro “Nem penar!” como resposta. A resposta foi arriscada: o gênio pensou até em fugir para Constantinopla.

Foi a segunda encomenda daquele papa ao artista. Anos antes, Michelangelo havia recebido a tarefa de construir o mausoléu do papa. Michelangelo teve de fazer várias viagens a Carrara, para pesquisar o mármore mais famoso do mundo, mas a obra terminou sendo cancelada.

Por trás do cancelamento do mausoléu e da encomenda de uma obra sobre-humana, Michelangelo enxergava uma trama elaborada por Bramante, arquiteto responsável por projetar a Basílica de São Pedro.

Embora fosse escultor – já havia se notabilizado com a Pietà e a estátua de Davi -, Michelangelo topou o desafio, cumpriu-o com perfeição e foi regiamente remunerado pelo feito hercúleo.  

Quiçá tenha até matado um arquiteto de inveja...


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Inveja: Como ela mudou a história do mundo” 



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