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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

INDÚSTRIA DO PORNÔ: SUBPRODUTO DA GUERRA FRIA


Os gastos assombrosos do governo norte-americano com pesquisas militares seu origem a diversas tecnologias fundamentais no mundo contemporâneo: a indústria alimentícia produzindo alimentos não perecíveis; energia nuclear com finalidade civil; os treinamentos de pilotos aéreos dando origem à indústria do turismo; a indústria farmacêutica fabricou penicilina em escala global; a indústria civil passou a contar com fibra de vidro, plásticos, poliéster e compensado.

Outra inovação trazida por meio do conflito foi a produção de câmeras portáteis. O objetivo era usá-las para documentação e treinamento de soldados. E foi esse nicho que deu nascimento à indústria de filmes pornográficos como as conhecemos. Embora houvesse filmes pornô no entreguerras, a produção total era bem reduzida.

O cinema começou fazendo uso das câmeras de 35 mm. Nos anos 1920, foram inventadas as câmeras de 16mm – mas sem sucesso comercial, pois a qualidade das imagens era inferior. Em 1932, a Kodak criou as câmeras de 8 mm, exclusivamente para uso amador.

As forças armadas dos EUA passaram a fazer uso de câmeras de filmar com a finalidade de filmar as forças inimigas em ação, para treinamento por meio de recursos audiovisuais e, claro, para fazer propaganda de guerra. Os profissionais da área faziam parte da Army Signal Corps.

Uma decisão inicial foi bastante óbvia: não se poderia fazer uso das enormes equipes de filmagem dos estúdios de Hollywood. Decidiram-se pelas câmeras de 16 mm e de 8 mm. Eram baratas, fáceis de trocar e de manipular.

Para operá-las, seriam necessários profissionais técnicos qualificados. Os estúdios forneceram seus profissionais, mas ainda eram poucos e já estavam empregados em operações diversas. Foi necessário qualificar mais profissionais de filmagem. E assim foi feito: as Forças Armadas dos EUA formaram um batalhão de recrutas de filmagens, que conformaram uma massa de milhares de cineastas quase profissionais especializados nas câmeras de 16 e de 8 mm.

Isso tudo criou a demanda necessária para fazerem baixar substancialmente os preços daqueles equipamentos. Após o conflito havia, de um lado, profissionais capacitados; de outro, equipamentos disponíveis e baratos e um público sedento por aquele material. Pois bem, os veteranos das filmagens deram início à produção de filmes pornô em larga escala.  

As produções eram caseiras e a venda ocorria pelo correio – ou em lojas de câmeras. A projeção também era na própria residência. Ma, em 1959, uma produção conseguiu superar a censura e ganhou as salas de cinema: The Immoral Mr. Teas, de Russ Meyer, um daqueles veteranos visionários.

A história girava em torno de um homem que, após sofrer uma cidente, ganha o poder de enxergar por debaixo dos vestidos das mulheres. O “olho de raio X” ganhou diversas versões ao longo dos anos.  


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Luxúria: como ela mudou a história do mundo”


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