Os gastos assombrosos do governo norte-americano com
pesquisas militares seu origem a diversas tecnologias fundamentais no mundo
contemporâneo: a indústria alimentícia produzindo alimentos não perecíveis; energia
nuclear com finalidade civil; os treinamentos de pilotos aéreos dando origem à
indústria do turismo; a indústria farmacêutica fabricou penicilina em escala
global; a indústria civil passou a contar com fibra de vidro, plásticos,
poliéster e compensado.
Outra inovação trazida por meio do conflito foi a produção
de câmeras portáteis. O objetivo era usá-las para documentação e treinamento de
soldados. E foi esse nicho que deu nascimento à indústria de filmes
pornográficos como as conhecemos. Embora houvesse filmes pornô no entreguerras,
a produção total era bem reduzida.
O cinema começou fazendo uso das câmeras de 35 mm. Nos anos
1920, foram inventadas as câmeras de 16mm – mas sem sucesso comercial, pois a
qualidade das imagens era inferior. Em 1932, a Kodak criou as câmeras de 8 mm,
exclusivamente para uso amador.
As forças armadas dos EUA passaram a fazer uso de câmeras de
filmar com a finalidade de filmar as forças inimigas em ação, para treinamento
por meio de recursos audiovisuais e, claro, para fazer propaganda de guerra. Os
profissionais da área faziam parte da Army Signal Corps.
Uma decisão inicial foi bastante óbvia: não se poderia fazer
uso das enormes equipes de filmagem dos estúdios de Hollywood. Decidiram-se
pelas câmeras de 16 mm e de 8 mm. Eram baratas, fáceis de trocar e de
manipular.
Para operá-las, seriam necessários profissionais técnicos
qualificados. Os estúdios forneceram seus profissionais, mas ainda eram poucos
e já estavam empregados em operações diversas. Foi necessário qualificar mais
profissionais de filmagem. E assim foi feito: as Forças Armadas dos EUA formaram
um batalhão de recrutas de filmagens, que conformaram uma massa de milhares de
cineastas quase profissionais especializados nas câmeras de 16 e de 8 mm.
Isso tudo criou a demanda necessária para fazerem baixar
substancialmente os preços daqueles equipamentos. Após o conflito havia, de um
lado, profissionais capacitados; de outro, equipamentos disponíveis e baratos e
um público sedento por aquele material. Pois bem, os veteranos das filmagens
deram início à produção de filmes pornô em larga escala.
As produções eram caseiras e a venda ocorria pelo correio –
ou em lojas de câmeras. A projeção também era na própria residência. Ma, em
1959, uma produção conseguiu superar a censura e ganhou as salas de cinema: The
Immoral Mr. Teas, de Russ Meyer, um daqueles veteranos visionários.
A história girava em torno de um homem que, após sofrer uma
cidente, ganha o poder de enxergar por debaixo dos vestidos das mulheres. O “olho
de raio X” ganhou diversas versões ao longo dos anos.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Luxúria: como ela mudou a história do mundo”
Nenhum comentário:
Postar um comentário