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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A INGLATERRA VITORIANA E OS VIBRADORES FEMININOS


A vida doméstica da Inglaterra do século XIX girava em torno da dona de casa. Não era uma mulher que exercia precipuamente o papel de reprodutora, mas alguém que gerenciava o lar, por administrar a criadagem, por comprar os produtos necessários para a casa. O marido deveria ser ativo, forte, empreendedor; a esposa deveria ser graciosa, amável, discreta, paciente, maternal. Esses eram o patrão e a patroa.

Pouco a pouco, o número de empregados que se possuíssem seria a medida do sucesso do casal. Na virada para o século XX, a Inglaterra tinha mais de 1,5 milhão de pessoas trabalhando como empregados domésticos, a maioria residindo na casa dos patrões. Era o segundo maior empregador do país.

A patroa passava seu tempo livre lendo revistas de etiqueta, novelas sentimentais, estudava piano convidava as amigas para o chá da tarde... A esposa representava o equilíbrio moral e espiritual do lar: não precisava ser inteligente, deveria apenas ser uma santa. E essa cobrança causaria diversos transtornos na mente feminina: todo desejo deveria ser reprimido.

Desde o Egito antigo, toda alteração no comportamento da mulher que trouxesse desmaios, nervosismo, insônia etc. era chamada de “histeria” – nome derivado da palavra grega para útero. O tratamento vitoriano para a histeria surgiria em 1880: o vibrador elétrico.  

Na Grécia antiga, acreditava-se que a “hysteria” surgia dos movimentos do útero pelo corpo da mulher. Em Roma, acreditava-se que os humores do corpo criavam a hysteria. Somente o contato com o corpo do homem curaria. Na Idade Média, o exorcismo era o tratamento. Agora os médicos ingleses acreditavam que o tratamento passava por massagens na genitália da paciente até o paroxismo histérico, o que nós chamamos de orgasmo.

Pois bem, essas massagens demoravam horas e muitos médicos chegavam a lesionar as mãos. Daí a invenção do dr. Joseph Mortimer Granville, que tornou o tratamento mais cômodo aos profissionais dedicados da era vitoriana.

Não demorou para tomar outros usos mais recreativos, claro.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Luxúria: como ela mudou a história do mundo”

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