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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

CARNAVAL – DO ESTRUDO AO CORSO


Ainda no século XVI, os portugueses haviam trazido ao Brasil uma festa popular conhecida como “entrudo”. Ocorria nos três dias anteriores à Quaresma e era uma oportunidade para moças de família fazerem contato rapazes que julgassem interessantes.

No século XIX, essa festa ficou dividida em duas: festas domésticas, quando as moças indicavam que haviam se interessado por um rapaz jogando nele uma bola de cera cheia de água; e as festas de rua, quando os pobres e escravos faziam sua própria festa. Estes jogavam baldes de água uns nos outros, assim como pós, restos de comida, areia etc.

Essa bagunça exigia respeito à hierarquia social vigente na época: brancos jogavam água nos escravos, mas o contrário era proibido. Estrangeiros eram atacados por todos, livremente.
O poder público tentou interferir, a Câmara Municipal chegou a criar restrições à festa, mas a vontade geral era que a festa continuasse.

Em 21 de fevereiro de 1846, um grupo de teatro europeu organizou no teatro São Januário, no Rio de Janeiro, um baile de máscaras à moda veneziana, no estilo daquelas de Paris. A elite econômica compareceu em peso, além de atores e atrizes fantasiados de Pierrô, Arlequim, Colombina.

O sucesso foi estrondoso. Em 1847 a festa ocorreu em outros teatros, e até no Recife. Todos os jornais disseminavam a idéia de que aquele carnaval era aceitável e civilizado, ao contrário do estrudo das “turbas”.
Mas foi inútil: o estrudo continuava a todo o vapor junto às classe inferior. Já o carnaval “afrancesado” se ramificou em uma série de festas, em que a idéia de um baile de máscaras soou interessante: nasceram as sociedades Carnavalescas, que desfilavam em carros alegóricos na Terça-Feira Gorda. Nasceram também os “corsos”: carruagens em que famílias vestidas luxuosamente se mostravam para o povo. Todo ano era escolhido um tema para os desfiles.

As sociedades, compostas por banqueiros, profissionais liberais e fazendeiros, tinham nomes como: Girondinos, União Veneziana, Estudantes de Heidelberg, sempre inspiradas pela melhor cepa européia.

Assim, o Carnaval se tornou uma disputa entre as mais diferentes sociedades carnavalescas, com direito a prêmios distribuídos por jornais, bancos e firmas importantes.   


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Luxúria: como ela mudou a história do mundo”


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