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terça-feira, 24 de outubro de 2017

ELAS E O PÊNIS; ELES E O ÚTERO?


Em 1905, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, publicou o seu polêmico “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”. Nele, Freud analisa o desenvolvimento psicossexual na infância.

Os estudos que Freud apresentou nessa obra chocaram multidões, como o onanismo lactante - ou masturbação no período de gravidez. Também demonstrou que crianças que se sentiam estimuladas por toques na regiões do ânus tendiam a segurar as fezes por mais tempo, para terem prazer quando da passagem pela mucosa anal.    

Também é nesse livro que Freud desenvolve o conceito de “inveja do pênis”. Ele inicia argumentando que, na infância, meninos e meninas acreditam que têm pênis. Com o tempo, quando o clitóris se torna diminuto em relação ao pênis, surge a inveja do irmãozinho – e uma vontade contida de ser menino.

Freud achava que algumas das neuroses femininas tinham essa sensação como raiz. Mas muitos contra- argumentavam, acusando-o de machismo.

As primeiras feministas conformaram o grupo de resistência contra a teoria freudiana. A alemã Karen Horney via uma inveja no sentido oposto ao apontado por Freud. Ela argumentava que todo o desejo de realização que acomete os homens tem como raiz a inveja do útero feminino: a impossibilidade de dar à luz explicaria até a depreciação do papel da mulher pelo homem.

O psicanalista holandês Hendrik Ruitenbeek foi mais longe. Disse que o homem sofre também com inveja da vagina, nutre desejo por parir, por urinar como uma mulher e até de se masturbar à maneira feminina. Essa seria a origem da misoginia. Ruitenmbeek foi o primeiro defensor da extensão de todos os direitos a homossexuais.

Bom, mas haveria uma inveja que independesse do sexo? Sim, a inveja do seio. Ao estudar o comportamento agressivo de bebês em idade de amamentação contra os seios maternos, que os alimentam, a austríaca Melanie Klein concluiu que o fato de não terem o seio no exato momento em que têm fome leva à raiva contra aquilo que as mães têm, mas que não “querem” compartilhar.

Complicado, né?


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “Inveja: Como ela mudou a história do mundo” 


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