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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A EXPULSÃO DOS ÁRABES E O INÍCIO DO IMPÉRIO EUROPEU NA ÁSIA


Adquirir especiarias na região onde são produzidas e levá-las para a Europa sem pagar nada a qualquer intermediário foi uma grande conquista portuguesa, mas apenas parte do que desejavam, de fato.
Um outro objetivo bastante relevante era a destruição do poder que os árabes , especialmente os mercadores, tinham na região e, por conseguinte, a destruição das rotas comerciais que levavam a Veneza. E essa meta seria perseguida sistematicamente.

O primeiro vice-rei português na Índia chamava-se Francisco de Almeida. Partiu de Lisboa em liderando uma frota imensa de 22 navios e 2.500 homens, sendo 1.500 deles soldados, armados e com armaduras. Dos restantes, vários tinham a função de carregar canhões pela culatra.

O destino da frota era a cidade de Kilwa, localizada na costa da África Oriental e importante entreposto comercial árabe. Metralharam completamente a cidade, por horas a fio. Após, os soldados desembarcaram e tomaram a cidade sem uma perda humana sequer. O emir conseguiu fugir antes que fosse capturado.

Tomada a cidade, construíram um forte com os escombros dos bombardeios em apenas 16 dias. Instalaram frotas de infantaria permanentes no local e nomearam um governador, que era um africano oriundo dali mesmo. Também estacionaram dois navios na entrada do porto apenas para afastar navios árabes que se aproximassem.

Dali, a expedição de Francisco de Almeida se dirigiu ao norte: Mombaça. Cidade árabe muito maior do que a primeira. Foram recebidos com tiros de canhão, canhões esses retirados de navios portugueses encalhados na costa.

A resposta portuguesa foi um bombardeio tão intenso que findou com a completa destruição d cidade. Setas envenenadas vitimaram 30 portugueses, após o desembarque das tropas. Teriam sido muitos mais, porém um habitante local terminou por indicar-lhes o antídoto para combater aquele veneno.

Tomada a cidade, saqueada e arruinada como era o costume, fizeram um grande número de mulheres prisioneiras. Foram salvas por Francisco, que proibiu o carregamento de despojos nas embarcações. Levaram apenas algumas crianças, pois pretendiam convertê-las ao catolicismo. Essas crianças viveram em Portugal, onde cresceram e formaram família.

Do outro lado do Índico, o desespera governante de Calicute pediu a paz com Portugal. Sua cidade era incessantemente bombardeada por navios portugueses, por anos a fio. Os mercadores muçulmanos já haviam abandonado o lugar, mudando-se para Malaca.

Esses mercadores formaram comboios de navios que saima das Maldivas e seguiam todo o gás em direção ao Mar Vermelho, rezando para não cruzar com navios portugueses, pois sabiam que seriam imediatamente afundados.

Ao saber dessa tática usada pelos árabes, os portugueses despacharam para a região Tristão da Cunha. Ele ordenou a construção de um forte em Socotorá, bem na entrada do mar Vermelho.     

Os comandantes árabes imediatamente refizeram sua estratégia. Passaram a deslocar seus barcos comerciais para Ormuz, sul da Pérsia, atual Irã. Dali levavam suas mercadorias por terra, até o mar Negro. Dali embarcavam em navios turcos até Istambul e, dali, até Veneza.

Afonso de Albuquerque resolveu agir. Por volta de 1514, perseguiu uma esquadra até Ormuz. Esperaram anoitecer e iniciaram rajadas de canhão que pareciam não ter mais fim. Fanfarras de trombetas ajudavam a criar o clima de terror que dominou a região. O céu se iluminou com tanto fogo e explosões.

Ao fim, o comandante português enviou uma mensagem ao monarca da cidade exigindo que se reconhecesse a soberania portuguesa sobre si -  o que incluía o pagamento de tributos. Diante da ausência de resposta, os portugueses aplicaram uma represália: incendiaram todos os navios árabes e persas estacionados no porto.

Buscando arrefecer os ânimos do lado oposto, o monarca mandou enviar uma grande quantidade de ouro no navio-almirante de Afonso. Este, mandou construir um forte na entrada do porto. Também aproveitou o momento para saquear Adem, bombardeou Omã etc.

Albuquerque seguiu então para Malaca, a essa altura o último ponto de resistência árabe na Ásia. Mas quase não houve enfrentamento. A reputação de Albuquerque erqa tal que as tripulações dos navios fugiram aterrorizadas. O sultão de Malaca enviou uma mensagem, propondo negociações de paz.

Malaca, assim como muitas outras cidades na região da Índia, era de maioria hindu, mas governada por árabes. Esses hindus tendiam a ver os portugueses como aliados, protetores, contra os árabes. Mais uma vez, um hindu procurou os portugueses e disse que o plano do sultão era estender as negociações até a época das moções, que se encarregariam de destruir os navios portugueses e assim se tornaria mais fácil expulsá-los.

Albuquerque mandou então bombardear a cidade, depois saqueá-la. No dia seguinte, novo bombardeamento, ainda maior. No terceiro dia, invadiram a cidade por terra. Um grupo de nobres tentou impedi-los usando elefantes. Mas os portugueses já estavam treinados na arte de lutar contra elefantes e conseguiram por medo nos animais com facilidade.

Os portugueses foram guiados por terra pelos hindus. Estes, adquiriram bandeiras portuguesas, que estendiam nas portas de suas casas, ficando assim protegidos contra saques. Tais saques foram de tal soma que não cabiam nos navios, no retorno. Pelas rãs ficaram abandonados jarros apinhados de almíscar, porcelanas chinesas, caixas de sândalo. Grande parte foi vendida a hindus e outros não muçulmanos.

O valor arrecadado pelos saqueadores variava de 5 a 6 mil réis em ouro para cada soldado. Cada oficial amealhou entre 30 e 40 mil réis em ouro.


Rubem L. de F. Auto


Fonte: livro “A primeira aldeia global”

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