Paulo foi o principal teólogo do cristianismo ainda no
berço. Sua doutrina foi exposta em suas epístolas (cartas): escreveu uma aos
romanos, duas aos coríntios e uma infinidade de outras aos gálatas, efésios,
colossenses, tessalonicensses.
Dos 27 livros do Novo Testamento, 13 teriam sido escritos
por ele. E são neles que se encontram sua maneira de encarar os assuntos do
sexo.
Paulo via o nosso corpo como “membro de Cristo” – um templo
do Espírito Santo, a serviço do Senhor. Portanto, quando um homem se deitava
com uma prostituta, seu corpo e o dela se tornavam apenas um, levando a
prostituta a fazer parte do Espírito Santo, fazendo-a um templo do Senhor.
Paulo achava isso errado e aconselhava que se fizesse como
ele mesmo fazia: nada de sexo. Nas suas palavras: “é bom ao homem não tocar em
mulher.”
Havia mais um motivo para a castidade absoluta de Paulo. Ele
entendia que solteiros teriam mais disponibilidade para cuidar das coisas de
Deus; enquanto os casados despenderiam tempo demais tentando agradar ao
cônjuge.
Aos que não tinham a mesma disposição para a castidade, Paulo
aconselhava o casamento, como alternativa a passar a eternidade queimando no
fogo do inferno: “bom seria que o homem não tocasse a mulher; mas, por causa da
fornicação, é melhor que cada um tenha sua própria mulher, e cada uma tenha seu
próprio marido.”
Paulo vedava um novo casamento a quem se separasse. Dizia
também que as mulheres deveriam obedecer aos maridos. Para Paulo, a união do
matrimônio não era de direitos iguais. Ele via o homem como mediador entre Deus
e a mulher.
Portanto as mulheres estavam proibidas de exercer funções
sacerdotais. O homem também não estava obrigado a cobrir sua cabeça com um véu,
por ser ele a imagem da perfeição divina; já a mulher deveria cobrir sua
cabeça, pois ela era a glória do homem, ao ser feita a partir de sua costela.
Nas palavras do apóstolo: “se a mulher não se cobre com véu, mande cortar os
cabelos”.
Para os momentos de celebração religiosa, assim Paulo
aconselhava o comportamento feminino: “Durante as instruções, que a mulher
conserve o silêncio, com toda submissão. Eu não permito que a mulher ensine ou
domine o homem. Que ela conserve, pois, o silêncio. Porque primeiro foi formado
Adão, depois Eva. E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida,
caiu em transgressão.” Também exigia que elas vestissem roupas decentes e se
comportassem com modéstia, piedosamente.
Típica moralidade judaica somada à misoginia grega...
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “Luxúria: como ela mudou a história do mundo”
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