Seis meses após o regresso de Vasco da Gama, Pedro Álvares
Cabral zarpou de Lisboa no comando de 13 embarcações e 1.200 homens e
mantimentos para até 18 meses. Compunham a tripulação: marinheiros, soldados,
artesãos e criminosos em liberdade condicional, além de herbanários,
barbeiros-cirurgiões, médicos, nove sacerdotes e um mestre em cosmografia.
A caminho das Índias, Cabral fez uma breve parada na costa
do Brasil. Aquela que a história oficial conta que teria sido por acidente...
Bom, reclamou o território para Portugal.
Atingido por uma tempestade ao largo do cabo da Boa
Esperança, perdeu quase metade da frota – incluindo a morte do comandante
Bartolomeu Dias.
Chegaram a Calecute em setembro de 1500. Foi recebido pelo
Senhor dos Oceanos e entregou-lhes os presentes que trouxera: prata, tigelas e
clavas adornadas em ouro, tapetes de seda e tapeçarias finas – tinham algum
valor.
O samorim havia sido informado sobre um navio do Sri Lanka,
aportado contendo cinco elefantes. O samorim pediu que os portugueses o
capturasse, o que foi feito. Receberam imediatamente autorização para
comerciar.
Mas os problemas com os muçulmanos continuavam. Ao tentarem
impedir o comércio com os portugueses, Cabral capturou seus navios. Os
muçulmanos responderam atacando um entreposto português, matando 50 pessoas.
Prenderam várias pessoas e apreenderam a mercadoria dos portugueses.
Cabral retorquiu apreendendo todos os navios de muçulmanos
aportados e chacinaram seus tripulantes. Puseram as mercadorias árabes em seus
navios e bombardearam a cidade de Calicute. Após destruírem vários edifícios,
zarparam rumo a Coxim, ao sul de Calicute.
Foram bem recebidos pelos hindus locais, que viram ali uma
oportunidade de detewr os muçulmanos, que já dominavam a região.
Ao longo dos anos, os portugueses estabeleceram em Coxim seu
porto comercial mais importante. Sempre que os navios portugueses passavam por
Calicute, aproveitavam para bombardear a cidade e incendiar os navios em seus
portos.
O primeiro europeu nomeado vice-rei da Índia foi Francisco
de Almeida, em 1502. Ao chegar a Coxim, soube que uma expedição proveniente de
Calicute havia atacado a cidade e que o soberano de Coxim e a guarnição portuguesa
local estavam refugiados numa ilha. Para reverter o quadro, o monarca de Coxim
aceitou ser vassalo do rei de Portugal.
Um novo ataque vindo de Calicute ocorreu. Agora, com a ajuda
de barcos de guerra turcos e egípcios pagos pelos venezianos. Afinal, a quebra
do monopólio árabe implicava a quebra do monopólio entre Veneza e os reinos
europeus.
Ao final dessa batalha, Portugal era vitorioso. Tornaram-se
os reis do oceano Índico.
Para proteger seus novos domínios, necessitavam de uma base
bem protegida. O local escolhido foi a ilha de Goa, até então ocupada e
governada por comerciantes de cavalos árabes. E esse fato foi bastante
importante.
Um líder hindu local, chamado Timoja, procurou os
portugueses e pediu-lhes ajuda para expulsar os árabes. Afonso de Albuquerque
era o comandante supremo do Índico. Timoja e Albuquerque se juntaram a uma
frota portuguesa e partiram em direção às frotas inimigas. Os fuzilaram
completamente com seus canhões.
O governante muçulmano respondeu enviando uma exército de
mais de 50 mil homens. Conseguiram capturar um forte português e retomaram o
controle da cidade. Albuquerque estava com seus navios parados, pois não havia
vento para impulsioná-los – foram três meses nessa condição.
Quando os ventos voltaram a correr, e trouxeram mais barcos
provenientes de Lisboa. Bombardearam o forte e retomaram o controle de Goa.
Milhares de muçulmanos tentaram escapar a nado, mas morreram afogados.
Oito dias de bombardeios intensos e as defesas caíram
totalmente. Timoja foi logo nomeado o novo governante hindu. Procuparam-se
também em avisar os demais governantes hindus sobre o ocorrido e dizer que nutriam
respeito pela cultura e pela religião deles. Prometeu a mais profunda amizade
de Portugal.
Os portugueses permaneceram em Goa até 1961. Sua cidade foi
a primeira cidade européia na Ásia. Reconstruída a cidade, Afonso de
Albuquerque ali fixou residência. Dentre outros feitos, criou ali uma casa da
moeda, para cunhar moedas portuguesas a partir do ouro adquirido na região.
Também ordenou a construção de um enorme estaleiro e de uma fábrica de munições.
Logo após chegaram os missionários da Sociedade de Jesus,
chefiados por seu fundador, São Francisco Xavier. Estes missionários adotaram a
língua e a vestimenta típica dos hindus. O ecumenismo dos novos missionários
era tal que um dos missionários, Frei João de Brito, foi assassinado por
fundamentalistas cristãos.
Em Goa, os portugueses construíram escolas secundárias e
universidades. Introduziram a tipografia, fizeram pesquisas em farmacologia, a
partir de plantas medicinais que iram conhecendo. Essas foram as bases da
farmacologia moderna.
Muitos criminosos em liberdade condicional permaneceram em
Goa, a pedido de Afonso de Albuquerque. Eles abriram padarias, sapatarias,
bares, carpintarias e serralherias. As notícias de fortunas surgidas na Ásia
levaram até mesmo prostitutas lisboetas a entrarem nos navios disfarçadas de
homens. Em Goa, os homens eram incentivados a contraírem casamento com mulheres
asiáticas.
Alguns aproveitaram para adotar o costume indiano da
poligamia. Chegaram a possuir harens privados.
Aos atuais descendentes daqueles colonos portugueses é
reconhecida cidadania portuguesa.
Rubem L. de F. Auto
Fonte: livro “A primeira aldeia global”
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