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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

GUERRA DO ÍNDICO – O INÍCIO DA DOMINAÇÃO DO MUNDO


Seis meses após o regresso de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral zarpou de Lisboa no comando de 13 embarcações e 1.200 homens e mantimentos para até 18 meses. Compunham a tripulação: marinheiros, soldados, artesãos e criminosos em liberdade condicional, além de herbanários, barbeiros-cirurgiões, médicos, nove sacerdotes e um mestre em cosmografia.

A caminho das Índias, Cabral fez uma breve parada na costa do Brasil. Aquela que a história oficial conta que teria sido por acidente... Bom, reclamou o território para Portugal.

Atingido por uma tempestade ao largo do cabo da Boa Esperança, perdeu quase metade da frota – incluindo a morte do comandante Bartolomeu Dias.

Chegaram a Calecute em setembro de 1500. Foi recebido pelo Senhor dos Oceanos e entregou-lhes os presentes que trouxera: prata, tigelas e clavas adornadas em ouro, tapetes de seda e tapeçarias finas – tinham algum valor.

O samorim havia sido informado sobre um navio do Sri Lanka, aportado contendo cinco elefantes. O samorim pediu que os portugueses o capturasse, o que foi feito. Receberam imediatamente autorização para comerciar.

Mas os problemas com os muçulmanos continuavam. Ao tentarem impedir o comércio com os portugueses, Cabral capturou seus navios. Os muçulmanos responderam atacando um entreposto português, matando 50 pessoas. Prenderam várias pessoas e apreenderam a mercadoria dos portugueses.

Cabral retorquiu apreendendo todos os navios de muçulmanos aportados e chacinaram seus tripulantes. Puseram as mercadorias árabes em seus navios e bombardearam a cidade de Calicute. Após destruírem vários edifícios, zarparam rumo a Coxim, ao sul de Calicute.

Foram bem recebidos pelos hindus locais, que viram ali uma oportunidade de detewr os muçulmanos, que já dominavam a região.

Ao longo dos anos, os portugueses estabeleceram em Coxim seu porto comercial mais importante. Sempre que os navios portugueses passavam por Calicute, aproveitavam para bombardear a cidade e incendiar os navios em seus portos.

O primeiro europeu nomeado vice-rei da Índia foi Francisco de Almeida, em 1502. Ao chegar a Coxim, soube que uma expedição proveniente de Calicute havia atacado a cidade e que o soberano de Coxim e a guarnição portuguesa local estavam refugiados numa ilha. Para reverter o quadro, o monarca de Coxim aceitou ser vassalo do rei de Portugal.

Um novo ataque vindo de Calicute ocorreu. Agora, com a ajuda de barcos de guerra turcos e egípcios pagos pelos venezianos. Afinal, a quebra do monopólio árabe implicava a quebra do monopólio entre Veneza e os reinos europeus.

Ao final dessa batalha, Portugal era vitorioso. Tornaram-se os reis do oceano Índico.

Para proteger seus novos domínios, necessitavam de uma base bem protegida. O local escolhido foi a ilha de Goa, até então ocupada e governada por comerciantes de cavalos árabes. E esse fato foi bastante importante.

Um líder hindu local, chamado Timoja, procurou os portugueses e pediu-lhes ajuda para expulsar os árabes. Afonso de Albuquerque era o comandante supremo do Índico. Timoja e Albuquerque se juntaram a uma frota portuguesa e partiram em direção às frotas inimigas. Os fuzilaram completamente com seus canhões.
O governante muçulmano respondeu enviando uma exército de mais de 50 mil homens. Conseguiram capturar um forte português e retomaram o controle da cidade. Albuquerque estava com seus navios parados, pois não havia vento para impulsioná-los – foram três meses nessa condição.

Quando os ventos voltaram a correr, e trouxeram mais barcos provenientes de Lisboa. Bombardearam o forte e retomaram o controle de Goa. Milhares de muçulmanos tentaram escapar a nado, mas morreram afogados.

Oito dias de bombardeios intensos e as defesas caíram totalmente. Timoja foi logo nomeado o novo governante hindu. Procuparam-se também em avisar os demais governantes hindus sobre o ocorrido e dizer que nutriam respeito pela cultura e pela religião deles. Prometeu a mais profunda amizade de Portugal.
Os portugueses permaneceram em Goa até 1961. Sua cidade foi a primeira cidade européia na Ásia. Reconstruída a cidade, Afonso de Albuquerque ali fixou residência. Dentre outros feitos, criou ali uma casa da moeda, para cunhar moedas portuguesas a partir do ouro adquirido na região. Também ordenou a construção de um enorme estaleiro e de uma fábrica de munições.

Logo após chegaram os missionários da Sociedade de Jesus, chefiados por seu fundador, São Francisco Xavier. Estes missionários adotaram a língua e a vestimenta típica dos hindus. O ecumenismo dos novos missionários era tal que um dos missionários, Frei João de Brito, foi assassinado por fundamentalistas cristãos.

Em Goa, os portugueses construíram escolas secundárias e universidades. Introduziram a tipografia, fizeram pesquisas em farmacologia, a partir de plantas medicinais que iram conhecendo. Essas foram as bases da farmacologia moderna.

Muitos criminosos em liberdade condicional permaneceram em Goa, a pedido de Afonso de Albuquerque. Eles abriram padarias, sapatarias, bares, carpintarias e serralherias. As notícias de fortunas surgidas na Ásia levaram até mesmo prostitutas lisboetas a entrarem nos navios disfarçadas de homens. Em Goa, os homens eram incentivados a contraírem casamento com mulheres asiáticas.

Alguns aproveitaram para adotar o costume indiano da poligamia. Chegaram a possuir harens privados.
Aos atuais descendentes daqueles colonos portugueses é reconhecida cidadania portuguesa.


Rubem L. de F. Auto

Fonte: livro “A primeira aldeia global”   

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